ÚLTIMA
A CHEGAR,
PRIMEIRA A PARTIR
Aviões militares russos na Síria.
A declaração de Vladimir Putin anunciando o imediato
começo da retirada da maioria dos efectivos e equipamento militar russo da
Síria provocou surpresa generalizada. Afinal, a intervenção da Rússia corria
pelo melhor:
* Governo de Al Assad reforçado.
* Recuperação de várias áreas estratégicas pelas tropas governamentais e respectivos aliados.
* Rebeldes na defensiva e em dificuldades.
* Estados Unidos na defensiva e com rumo incerto.
* Turquia tolhida nas suas acções e objectivos.
* Estado Islâmico enfraquecido.
* Retorno em pleno de Moscovo à mesa das negociações.
* Reforço do prestígio e coesão internos.
A Rússia interveio na Síria com determinados objectivos
e na prossecução dos seus interesses, nomeadamente: mostrar que apoia
efectivamente os seus aliados; mostrar ao mundo que as suas Forças Armadas têm
a capacidade, o treino e o equipamento para intervir eficazmente longe da Mãe
Rússia; pôr em cheque os EUA e a sua última intervenção no Médio Oriente;
afirmar o seu status internacional, obrigando aqueles que dela se afastaram
após a anexação da Crimeia, dela precisassem e com ela reunissem e negociassem
em pé de igualdade.
A evolução do mapa da Guerra da Síria entre 31 de Julho 2015 e 15 de
Março 2016, mostra claramente os progressos feitos pelas tropas governamentais
e seus aliados (em tom alaranjado nos mapas).
Numa análise rápida, podemos concluir que a Rússia terá
logrado os seus objectivos fundamentais nuns curtos 6 meses, fazendo Obama
engolir as suas afirmações de que a intervenção russa era uma demonstração de
fraqueza (?!?) e que os Russos iam ficar atolados na Síria por muito tempo.
Contudo, a Guerra da Síria ainda está longe do game over
e só quando se escrever o epílogo do conflito se poderá fazer a contabilidade
final do deve e do haver. Putin registou ganhos significativos e está na mó de
cima quando inicia a retirada. Como o jogo ainda não acabou e alguns ganhos
poderão ser provisórios, também a retirada é apenas parcial; significativa, mas
não completa.
Certo é que a Rússia (semi) sai de cena com as
principais hostilidades suspensas e com uma posição militar e diplomática
reforçada: a última a chegar e a primeira a partir, é quem parece estar a
ganhar.
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