22 março, 2016

Última a Chegar, Primeira a Partir



ÚLTIMA A CHEGAR, 
PRIMEIRA A PARTIR


 
Aviões militares russos na Síria.
in STRATFOR em www.stratfor.com

A declaração de Vladimir Putin anunciando o imediato começo da retirada da maioria dos efectivos e equipamento militar russo da Síria provocou surpresa generalizada. Afinal, a intervenção da Rússia corria pelo melhor:

* Governo de Al Assad reforçado.

* Recuperação de várias áreas estratégicas pelas tropas governamentais e respectivos aliados.

* Rebeldes na defensiva e em dificuldades.

* Estados Unidos na defensiva e com rumo incerto.

* Turquia tolhida nas suas acções e objectivos.

* Estado Islâmico enfraquecido.

* Retorno em pleno de Moscovo à mesa das negociações.

* Reforço do prestígio e coesão internos.

A Rússia interveio na Síria com determinados objectivos e na prossecução dos seus interesses, nomeadamente: mostrar que apoia efectivamente os seus aliados; mostrar ao mundo que as suas Forças Armadas têm a capacidade, o treino e o equipamento para intervir eficazmente longe da Mãe Rússia; pôr em cheque os EUA e a sua última intervenção no Médio Oriente; afirmar o seu status internacional, obrigando aqueles que dela se afastaram após a anexação da Crimeia, dela precisassem e com ela reunissem e negociassem em pé de igualdade.

 
A evolução do mapa da Guerra da Síria entre 31 de Julho 2015 e 15 de Março 2016, mostra claramente os progressos feitos pelas tropas governamentais e seus aliados (em tom alaranjado nos mapas).
in STRATFOR em www.stratfor.com

Numa análise rápida, podemos concluir que a Rússia terá logrado os seus objectivos fundamentais nuns curtos 6 meses, fazendo Obama engolir as suas afirmações de que a intervenção russa era uma demonstração de fraqueza (?!?) e que os Russos iam ficar atolados na Síria por muito tempo.

Contudo, a Guerra da Síria ainda está longe do game over e só quando se escrever o epílogo do conflito se poderá fazer a contabilidade final do deve e do haver. Putin registou ganhos significativos e está na mó de cima quando inicia a retirada. Como o jogo ainda não acabou e alguns ganhos poderão ser provisórios, também a retirada é apenas parcial; significativa, mas não completa.

Certo é que a Rússia (semi) sai de cena com as principais hostilidades suspensas e com uma posição militar e diplomática reforçada: a última a chegar e a primeira a partir, é quem parece estar a ganhar.


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