OBÉLIX,
ASTÉRIX E OS COLETES AMARELOS
Toda
a gente conhece o Astérix e o Obélix, figuras máximas da pequena aldeia gaulesa
que “resistia, ainda e sempre ao invasor” romano, entretendo-se a desancar as
legiõe s de Roma que se atreviam a pôr em causa a liberdade e os direitos dos
Gauleses.
Pois,
um aspecto notável dos Franceses contemporâneos é a capacidade que têm de bater
o pé aos excessos d poder de Paris, lutando, bloqueando, pressionando,
insistindo, até o poder ceder. Essa notável herança genética, certamente
oriunda da Gália de Astérix e Obélix, é um caso quase único na Europa e, pese
alguns excessos condenáveis, digno de admiração.
A
realidade é que há muito tempo que governos por toda a Europa tomam decisões ao
arrepio da vontade dos eleitores, dos seus próprios programas eleitorais e do
bom senso, frequentemente optando por caminhos sugeridos/impsotos por terceiros
desprovidos de legitimidade democrática.
A
maioria desses governos confia na apatia, comodismo, impotência, ou perda de
esperança dos cidadãos para fazer prevalecer a sua vontade sem enfrentar mais
do que umas críticas, uns resmungos e uns desabafos mais exaltados à mesa do
café.
Contudo,
os Gauleses, perdão, os Franceses vão-nos demostrando regularmente que não se
trata de uma fatalidade. É possível bater o pé a governos abusivos e
prepotentes e ter sucesso parcial, ou mesmo total. Coragem, determinação e
persistência são so ingredientes. A organização também é importante, se bem que
os coeltes amarelos começaram o seu moviemnto de forma espontânea e os Gauleses
também não eram propriamente organizados e disciplinados. Mais, os Franceses já
nem estão dependentes dos bloqueios brutalmente eficazes de camionistas,
agricultores e pescadores para paralisar a França (e não só) e vergar governos.
Les Gillets Jaunes: “Quando
semeias a miséria, colhes a cólera!”
Certo
é que o arrogante e inflexível Presidente da França, alguns dias depois de ter
declarado a sua intransigência, acabou por aparecer na televisão a tomar um
duche gelado de humildade e a fazer significativas concessões aos coletes
amarelos. Et voilà!
Em
Portugal, com determinação, é possível fazer o mesmo e ter sucesso. Veja-se os
protestos e o bloqueio da Ponte 25 de Abril, o chamado Buzinão, em Junho de 1994 e as gigantescas manifestações
contra o aumento brutal da TSU em Setembro de 2012. No entanto, os desmandos
governamentais a memória curta fazem com que uma demontsração de protesto de 20 em 20
anos é insuficiente. A reivindicação da altura vingou, mas ao longo das duas décadas
subsequentes voltam os abusos impunemente. Não se trata, obviamente, de fazer
dos protesto maciços um modo de vida, mas há alturas em que os cidadãos devem
fazer ouvir a sua voz, alto e bom som.