31 outubro, 2011

Projecto Europeu (?)

PROJECTO EUROPEU (?)




 O naufrágio do euro?
in “The Economist”, 29 de Outubro 2011

Andámos anos a ouvir louvar o chamado projecto europeu, a sua colegialidade e altruísmo, a forma como permitia que os pequenos tivessem a mesma voz que os grandes, etc, etc.

Quem destoava deste cenário idílico eram os maus dos Britânicos, ou de quando em vez uns Escandinavos mais assertivos, que pareciam sempre querer sabotar o tal projecto.

Nunca subscrevi esse cenário róseo, mas sempre me encontrei em (larga) minoria. Talvez por isso, não consigo deixar de sorrir com os gritos das virgens ofendidas quando há uns anos os líderes do Reino Unido, França, Alemanha e Itália combinaram uma cimeira a quatro à revelia dos parceiros menores. O mesmo acontece agora com a crise da zona euro (quase com 2 anos), com cimeiras a serem marcadas, desmarcadas e remarcadas ao sabor de Angela Merkel, e Nicolas Sarkozy enquanto os outros 15 papalvos fazem a figura do desesperado com dores de dentes, horas na sala de espera do dentista. Sim, porque as medidas supostamente tomadas para combater a crise são como nos arrancar os dentes.

A mim não me choca a manifestação de poder por parte de quem o tem (o que não quer dizer que me agrade). É a ordem natural das coisas, nomeadamente nas Relações Internacionais.

O que me aborrece é a cantiga da falsa fraternidade. Por que é que não assumem que cada Estado-Membro está na EU para defender e promover os seus interesses, mesmo que tal tenha custos para os parceiros?

Ainda pior são os Estados que não conseguem defender capazmente esses interesses e acham que vergando a cerviz aos poderosos é a melhor maneira de sair do buraco em que se meteram (cf. “O Eixo” em http://tempos-interessantes.blogspot.com/2011/08/o-eixo.html ).

Finalmente, ainda pior do que exercer o poder que se tem (Alemanha e França) é exercê-lo de forma incompetente, hesitante, ineficaz.

Isso traduz-se em incontáveis cimeiras inconsequentes, em fundos de resgate insuficientes para tranquilizar os mercados e acudir aos fogos presentes e aos previsíveis desta crise, na negação irracional do inevitável default grego (cf. “Falidos” em  http://tempos-interessantes.blogspot.com/2011/08/o-eixo.html escrito em 10 de Abril), mesmo que disfarçado de haircut voluntário, na aposta cega e unidireccional no combate aos deficits (sem negar a prioridade) apostando em aumentos da carga fiscal que afundam as economias e criam uma espiral negativa.

Em suma, estamos reféns. Reféns de uma dívida e de um déficite escandalosa e inadmissivelmente altos, fruto de incompetência criminosa própria. Estamos reféns de um Governo com palas que está determinado a resolver os seus problemas com o dinheiro e o sacrifício sem nexo dos cidadãos e das empresas. Finalmente, estamos reféns dos poderosos Alemães e dos influentes Franceses, que rivalizam na incompetência e na falta de visão e de capacidade de decisão.

Entretanto, o Projecto Europeu que na realidade era um Projecto Franco-Alemão e agora é um projecto Germano-Francês vai navegando à vista até ao iceberg final!

21 outubro, 2011

O Carrasco e o Coveiro

O CARRASCO E O COVEIRO


 
 O CARRASCO


E O COVEIRO


Um amigo meu, o Paulo, dizia há mais de um ano, que José Sócrates e Pedro Passos Coelho eram parecidos. Escusado acrescentar que ele não gostava nem de um, nem do outro.

Eu continuo a achar que Passos não é tão mau como Sócrates, mas o caminho que escolheu percorrer vai levá-lo a concluir o trabalho de Sócrates: um deu cabo do país; o outro, no afã (inepto) de o salvar, vai enterrá-lo…

11 outubro, 2011

A Madeira é um Jardim

A MADEIRA É UM JARDIM



O establishment dos comentadores políticos e económicos nacionais, cultores indefectíveis do politicamente correcto e que, consequentemente debita as verdades politicamente correctas de cada momento, odeia Alberto João Jardim.

Odeia-o porque ele é politicamente incorrecto, não lhes presta vassalagem, nem subserviência, aliás entretém-se a achincalhá-los e depois ainda tem o descaramento de ganhar eleições. Para ser mais exacto, ganha as eleições todas!

Alberto João Jardim


Devo dizer que não sou “Jardinista”. Não sou adepto do registo e não gosto das ocasionais e oportunistas tiradas anti-patrióticas e da linguagem vernacular. Mas reconheço-lhe qualidades. A qualidade de fazer obra e de ter modernizado a Madeira (sim, não gosto do buraco financeiro, mas a ele, pelo menos, corresponde muita obra visível e palpável, outros buracos há em troca dos quais não se vê coisa nenhuma). A qualidade de ser uma máquina de ganhar eleições. E a qualidade de dizer muitas verdades, das tais que arrepiam os comentadores instalados, que muito poucos ousam dizer.

Dito isto, dá um certo gozo ver a azia dos jornais ditos de referência no dia de ontem. O PSD e Jardim ganharam pela enésima vez com maioria absoluta na Madeira, mesmo perdendo votos e mandatos. O CDS conseguiu um resultado histórico (17%), mais do que triplicou a votação e tornou-se o 2º maior partido da Madeira. O PS levou um banho eleitoral, descendo para o 3º lugar. O PCP perdeu votos e ficou reduzido a 1 deputado. O BE foi varrido do mapa.

E quais foram os títulos dos jornais? “Público”: “Jardim obtém a mais pequena maioria de sempre na Madeira”. “Diário de Notícias”: “A vitória mais magra de jardim em 33 anos”. Ah, se a azia pagasse imposto….

Para um homem de direita como eu, dá-me uma enorme satisfação ver os resultados das eleições da Madeira: PSD em 1º com maioria; CDS em 2º. A esquerda socialista, stalinista e trotskista reduzida à expressão mais simples.

Em percentagem: Direita 66% - Esquerda 17%.

Em deputados: Direita  34 – Esquerda 7

A Madeira é mesmo um jardim!!!

07 outubro, 2011

Crato e Crasso

CRATO E CRASSO


O assunto não é novo. Mas ainda é recente e a indignação que me provocou faz com que ainda teça umas breves considerações sobre ele.

General Marco Crasso (115 A.C. – 53 A.C.), membro do Primeiro Triunvirato com Júlio César e Pompeu, morreu na Batalha de Carras, frente aos Partos, na qual cometeu uma série de erros….crassos.



O corte da componente monetária dos prémios de mérito aos alunos do ensino secundário é um erro crasso de Nuno Crato. Esta atitude tem várias componentes extremamente negativas:
1-   MESQUINHEZ – Num tempo de austeridade, mas em que ainda se vêm poucos cortes e muitos aumentos de receitas (impostos, taxas, preços), cortar um prémio que no seu total representaria umas dezenas de milhares de euros, é uma gestão à Tio Patinhas ou Ezbener Scrooge – unhas de fome, mesquinho e absolutamente inconsequente.
2-   ATAQUE AO MÉRITO – Ao transformar o prémio à excelência dos alunos num subsídio à escola para financiar projectos que “a todos” beneficiasse, Crato, consegue duas coisas: não faz nada relevante, pois 500 euros numa comunidade escolar significará pouco, e mostra aos alunos de mérito que o seu esforço resulta na “nacionalização” do prémio, distribuindo-o por todos, o excelente, os bons e os medíocres. Estes, continuarão a sê-lo, incentivados pela cultura estatal reinante do apoio ao coitadinho.
3-   CINISMO – Retirar o prémio 3 dias antes da entrega é cruel. Reduzir tudo a um problema de comunicação é desonesto e cínico. O mínimo que se esperaria do Ministro da Educação seria um pedido de desculpa e humildemente admitir o erro, repor o prémio e anunciar, se assim o entendesse, o cancelamento do mesmo para 2012.

Resumindo, foi um desastre total. Estes jovens de valor provavelmente estarão a pensar em que países é que o mérito é incentivado, valorizado e premiado e nós continuaremos a ser governados pelos niveladores por baixo, até porque a excelência pode sempre ser uma ameaça….para os medíocres.