A ÚLTIMA VAGA
Alvin Toffler, o famoso autor do conceito da terceira vaga, está em Portugal para participar numa conferência. Nada digno de menção especial.
Entretanto, Toffler, numa entrevista à SIC Notícias, teceu espantosas considerações sobre as eleições presidenciais nos EUA. Ou melhor, sobre a sua atitude em relação às ditas eleições.
Começou por dizer que não interessa o que os candidatos proclamam e prometem porque nenhum deles cumprirá aquilo que anunciou durante o período eleitoral. Até aqui, nada de extraordinário.
Segue dizendo que não costuma votar. Nada de novo.
Então remata proclamando que vai votar em Barack Obama. Perplexidade!
Então porquê? Consideraria Toffler que Obama era uma excepção à regra do logro eleitoral? Não, de todo. Acontece apenas que a eleição de Obama seria muito importante em termos de política externa. Discordo, mas aceito. Vamos a ver se o homem diz como e porquê.
“A sua eleição passará uma grande mensagem para o mundo.” Aaah! Diga mais.
“Porque Obama é negro!” Come again? Estupefacção! Então o Toffler é racista?!? Vota em função da cor?
Toffler conclui que tal decorre de uma responsabilidade histórica para com os negros nos Estados Unidos e com o horrível sofrimento que lhes foi infligido. Que estupidez!
Já agora, porque não um pele-vermelha, descendente dos massacrados e deportados do século XIX? Porque não uma mulher, representante daquelas que foram sujeitas a uma menoridade cívica? Ou um Japonês prisioneiro em campos de detenção durante a II Guerra Mundial? Será que os Alemães devem eleger um judeu? E os Britânicos um Irlandês?
Que critério é este? Vai votar num indivíduo pela cor da pele, independentemente de ser inteligente e competente ou um asno inepto? Ainda por cima depois de o considerar um mentiroso? Francamente Mr. Toffler, da sua última vaga, nem a espuma se aproveita.