29 fevereiro, 2012

Tempos Interessantes 2011

TEMPOS INTERESSANTES 2011
O “Tempos Interessantes” ressurgiu em Julho de 2010, após 6 meses de ausência. 2011 é o primeiro ano completo em que existem estatísticas das visitas ao blog.
Após as 3219 do 2º semestre de 2010, é com grande orgulho e satisfação que constato que em 2011 o nº de entradas no blog foi de 16.806. Mais, no próprio dia 31 de Dezembro, “Tempos Interessantes” registou a entrada nº 20.000, fechando o ano com um total acumulado de 20.025.

Janeiro -              1008
Fevereiro -            1672
Março -                2633
Abril –                  1955
Maio -                  1606
Junho -                1360
Julho -                 1103
Agosto -                823
Setembro -           776
Outubro –            1136
Novembro -          1255
Dezembro -          1500
TOTAL -               16.827
ACUMULADO -    20.025
O primeiro semestre foi melhor do que o segundo (o nº de posts foi bem mais reduzido durante o Verão), mas todos os meses foram superiores ao melhor mês de 2010 (Dezembro com 671). A média  mensal em 2011 foi de 1402, contra 537 em 2010.
Finalmente, a distribuiçãp geográfica das visitas:

1-   Portugal            13652
2-   Brasil                   3037
3-   França                   692
4-   EUA                      477
5-   Alemanha             374
6-   Holanda               319
7-   Reino Unido         279
8-   Rússia                 201
9-   Irão                       75
10-Angola                  59
11- Suíça                   28
12- Croácia               21
13- Bulgária             20
O “Tempos Interessantes” cresceu muito em 2011 e isso deve-se um pouco ao meu empenho e um muito à generosidade dos seus frequentadores. A todos vocês, um Bem Haja!!!
 
P.S. Neste início de ano atingimos os 25.000 visitantes e ultrapassamos os 3.000 no mês de Fevereiro!
P.P.S. A única frustração de 2011 foi a diminuição acentuada dos comentários. Gostava imenso de ter mais feedback activo dos leitores…

25 fevereiro, 2012

Obama's Wars (3) - A Guerra Que Já Era

OBAMA’S WARS (3)
A GUERRA QUE JÁ ERA


Este post, é o terceiro duma sequência de 3 posts sobre as guerras de Barack Obama no Iraque, na Líbia e no Afeganistão.
Obama reavalia a sua política para o Afeganistão. Numa tradução livre:
“O FUJISTÃO”!!!

07/10/2001: Na sequência dos ataques de 11 de Setembro, os Estados Unidos atacam e invadem o Afeganistão.
17/08/2008: Um dos vários momentos da campanha presidencial em que Barack Obama distingue entre War of Choice (Iraque) e War of Necessity (Afeganistão), dicotomia popularmente conhecida por Bad War v Good War. De acordo com esta tese, o fim da War of Choice permitiria concentrar tempo, atenção, recursos e meios na War of Necessity.
02/12/2009: Barack Obama anuncia o reforço das tropas no Afeganistão em 30.000 (check “It’s 3 A.M. and the Red Phone Rings” at http://tempos-interessantes.blogspot.com/2009_12_01_archive.html ).
02/12/2009: No mesmo dia, Barack Obama anuncia o início da retirada das tropas que ainda não começara a enviar para Julho de 2011.
20/11/2010: Na Cimeira da NATO em Lisboa, a Aliança compromete-se com a continuação da missão no Afeganistão nos moldes actuais até ao final de 2014, altura em que toda a responsabilidade pela segurança do país ficará a cargo das forças afegãs (check “NATO XXI” at
22/06/2011: Barack Obama anuncia a retirada de 10.000 dos 33.000 reforços até ao final de 2011 e a retirada dos restantes até Setembro de 2012, dois meses antes das eleições presidenciais (check “Guerra e Eleitoralismo" at

27/10/2011: Hillary Clinton, Secretária de Estado dos EUA, admite negociações com o Mullah Omar e com o Haqqani network, previamente excluído de quaisquer negociações.
01/02/2012: Leon Panetta, Secretário da Defesa dos Estados Unidos, anuncia o fim das missões de combate para meados de 2013, cerca de um ano e meio antes do que estava previsto.

A principal preocupação de Obama: a sua eleição.
Uma rápida análise desta resenha permite concluir três coisas:
1-   A maioria das declarações e decisões de Barack Obama sobre a Guerra no Afeganistão são eleitoralistas e são prioritariamente tomadas tendo em conta o seu calendário eleitoral.
As declarações de Obama em 2008 proclamando a bondade da Guerra no Afeganistão e o erro da Guerra no Iraque, reflectiam os seus objectivos eleitorais: atacar uma guerra impopular iniciada por George W. Bush e apoiada pelo seu adversário eleitoral, John McCain; defender uma outra guerra para obviar a eventuais ataques do seu adversário de que seria soft em política externa. O seu percurso entre 2009 e 2012 leva-me a crer que Obama se opunha a ambas as guerras, mas que era capaz de apoiar ambas se tal lhe valesse votos.
2-   A Administração de Obama procura a todo o transe sair do Afeganistão o mais rapidamente possível.
Isso resulta claro. Desde 2009 que a facção liderada pelo Vice-Presidente Joe Biden (um autêntico inepto em política externa e um fraco) defende efectivamente uma retirada. Este último ano, com os sucessivos recuos nas condições prévias e nas red lines, essa tornou-se a linha oficial da Administração. A 9 meses das eleições, já não pensam em mais nada. Aliquidação de Osama Bin Laden será o pretexto maior para dar cobertura à decisão de retirada.

 
3-   Para todos os efeitos, para a Administração Obama, a Guerra no Afeganistão já acabou.
Sim, os combates vão ser retomadas dentro de um ou dois meses e ainda haverá tiroteio em 2013, mas para todos os efeitos, no que aos EUA diz respeito, a guerra acabou.

Acabou, porque Obama reforçou o contingente e ao mesmo tempo definiu o começo da retirada dos reforços.

Acabou, porque Obama ordenou que a retirada desses reforços se conclua 2 (dois!!!) anos antes do que pretendiam os seus comandantes militares (e 2 (dois!!!) meses antes das eleições).

Acabou, porque o fim das missões de combate da NATO vão ser antecipadas em cerca de 18 meses em relação ao calendário definido na Cimeira de Lisboa.
Acabou, porque a Administração Obama está desesperada por chegar a um acordo qualquer com os Taliban.
Acabou, porque a Administração Obama aceita falar com quem disse que nunca falaria e aceita condições que disse que nunca aceitaria.
Acabou, porque os Taliban não são parvos e perceberam há muito que não precisam de se esforçar demasiado, nem ceder muito, porque Obama está desesperado para assinar um qualquer acordo que lhe permita sair do Afeganistão.
Acabou, porque já se percebeu que Obama não tem o sentido de estado e de serviço público necessários para levar a cabo uma tarefa árdua, mesmo que isso custe alguns votos.
Ficou a saber-se, pois, que a Guerra do Afeganistão… já era.

19 fevereiro, 2012

Obama's Wars (2) - A Guerra Que "Nunca" Foi

OBAMA’S WARS (2)
A GUERRA QUE “NUNCA FOI”


Este post, é o segundo duma sequência de 3 posts sobre as guerras de Barack Obama no Iraque, na Líbia e no Afeganistão.
Em 2011, a França, o Reino Unido e os Estados Unidos resolveram atacar a Líbia e remover o Coronel Muammar Kadhafi do poder. O pretexto era a repressão violenta que o poder exercia sobre manifestantes e revoltosos contra o regime, nomeadamente a ameaça de um eventual banho de sangue em Benghazi; a cobertura legal era a Resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU; os motivos são menos claros e podem variar desde a vontade de proteger civis, até à vontade de aceder a novos ou melhores contratos de exploração de hidrocarbonetos, passando pela vontade de mostrar firmeza e liderança no palco internacional para impressionar a audiência interna.
Seja como for, a guerra foi desencadeada com a tradicional campanha aérea para negar o uso do espaço aéreo à força aérea líbia, neutralizar a defesa aérea e radares líbios e atacar os meios pesados do exército da Líbia, especialmente os carros de combate e a artilharia.
A primeira fase foi liderada pelos EUA, acolitados pela França e pelo Reino Unido. Numa segunda fase, as duas potências europeias assumiram formalmente a liderança do esforço de guerra, com o apoio de outros Estados-Membros da NATO, como a Itália, a Noruega e a Bélgica e a continuada participação activa dos EUA. Finalmente, numa 3ª fase, perante a resiliência do regime de Kadhafi e a inépcia dos rebeldes armados líbios, os bombardeamentos foram intensificados, numa escalada acompanhada pelos EUA, que introduziram os drones no teatro de operações.

Ao contrário do que os responsáveis da NATO sempre afirmaram, o envolvimento da Aliança não se circunscreveu à protecção de civis ameaçados, mas prosseguiu até ao derrube do regime e continuou até à liquidação física de Kadhafi, sempre com a participação activa e importante de meios militares norte-americanos.
No entanto, aparentemente, para a Administração Obama a guerra não existiu!!!
É isso mesmo. Empenhado em tornear as críticas internas à sua condução da Guerra na Líbia e em encontrar um artifício jurídico para prolongar o envolvimento norte-americano, Barack Obama optou por defender o absurdo: de acordo com um assessor da Casa Branca numa audiência perante a Comissão de Negócios Estrangeiros do Senado, “what’s happening in Libya doesn’t constitute hostilities!” (in “The Washington Post” at www.washingtonpost.com/blogs/2chambers) Tentando justificar o injustificável, a Casa Branca alegou que os EUA desempenhavam um papel limitado na operação da NATO (o que é mentira)) e que havia poucas possibilidades de os Americanos terem baixas, como tal, os EUA estavam envolvidos em hostilidades!!?!
Indo mais longe, o dito assessor declarou que mesmo que o Senado não subscrevesse esta tese (?) da Admonistração, deveria apoiar a campanha na Líbia da mesma forma, pois se tal não fizesse estaria a ajudar Kadhafi. Declaração espantosa dado que admite implicitamente que o papel dos EUA na guerra não era assim tão insignificante
Esta declaração aberrante visava, acima de tudo, evitar que fosse accionado o War Powers Act, que obriga o Presidente a pedir autorização ao Congresso para prosseguir hostilidades num prazo de 90 dias após o seu começo. Não é uma opção que eu aprove, mas que compreendo e que vários presidentes têm adoptado nas últimas décadas. Contudo, daí a apresentar como sérias, interpretações de uma guerra dignas de um sketch dos Monty Python ou dos Gato Fedorento, é ir longe de mais. É apoucar o Senado dos Estados Unidos, é tratar os Norte-Americanos como se fossem atrasados mentais e é menorizar o contributo das tropas americanas no esforço de guerra.
E assim, para Barack Obama, a Guerra da Líbia, foi a guerra que nunca existiu. Caricato.

08 fevereiro, 2012

Obama's Wars (1) - A Guerra Que Já Não O Era

OBAMA’S WARS (1)
A GUERRA QUE JÁ NÃO O ERA


Com este post, dou início a uma sequência de 3 posts sobre as guerras de Barack Obama no Iraque, na Líbia e no Afeganistão.
Em 2007/2008, na sequência da adopção de uma nova estratégia, cuja face mais visível foi o surge (aumento de mais de 20.000 efectivos militares dos EUA no Iraque), a Administração de George W. Bush conseguiu inverter a espiral de violência sectária que ameaçava lançar o Iraque numa guerra civil sem quartel. Sobre este assunto, ver “Iraq - Make or Break” em http://tempos-interessantes.blogspot.com/2007/01/iraq-make-or-break.html  Quando Barack Obama tomou posse em 2009, o Iraque estava estabilizado. Tanto assim que no ano seguinte, o novo Presidente anunciou o fim dos combates para as tropas americanas, a partir daí remetidas a um papel de apoio às e de treino das tropas iraquianas.

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Teve, portanto, o seu quê de hilariante, o estardalhaço que a Administração Obama fez, no final do ano passado com o “fim da Guerra no Iraque”!?! O fim de que guerra? Da que foi dada por terminada um ano e meio antes? Grotesco!
O mais surreal desta história, é que os EUA passaram a maior parte de 2011 a tentar o acordo de Bagdad para poderem manter uma presença militar significativa no Iraque pós-2011 (a data prevista para a retirada dos Norte-Americanos do Iraque, nos termos de um acordo celebrado por George W. Bush e Nouri Al-Maliki em 2008).
Robert Gates (Secretário de Estado da Defesa), o Almirante Michael Mullen (Chefe do Estado Maior das FA dos EUA) e Hillary Clinton (Secretária de Estado), disseram repetidas vezes que os EUA estavam disponíveis para manter uma presença militar (estimada entre os 5.000 e os 20.000 homens) após o final do ano, mas a realidade é que o Iraque nunca demonstrou especial empenho na oferta e o acordo revelar-se-ia impossível de atingir.
Conclusões: os Estados Unidos já não estavam em guerra no Iraque; os Estados Unidos queriam manter uma presença militar na “não-guerra” no Iraque; os Estados Unidos só não prolongaram essa presença porque não conseguiram chegar a acordo com o Iraque.
Então porquê a celebração do final da Guerra do Iraque? Bem a resposta é relativamente simples: para disfarçar o fiasco diplomático e para fazer mais um número de campanha eleitoral.

05 fevereiro, 2012

Herr Kommissar

HERR KOMMISSAR



Passos Coelho ouve as chefias.
Foto in Diário de Notícias

Apesar de ter liderado o partido vencedor das últimas eleições em Portugal, cada vez me convenço mais que Pedro Passos Coelho é mais um comissário político do que um governante democraticamente eleito.

Tudo o que a Alemanha diz, ou que a Troika decide, é equivalente às tábuas da lei para Coelho. O governo actua sem programa próprio, sem uma agenda original, sem um propósito voluntarista. Não dá luz a uma ideia nova, a um projecto autóctone, a uma centelha de criatividade. Zero!

Coelho actua como um administrador de falências, agindo no interesse dos credores externos e em prejuízo dos funcionários, dos fornecedores e da comunidade em que a empresa se insere.

Há dois sinais recentes, que só por si talvez valessem pouco, mas que no contexto em que se inserem, reforçam esta percepção:

1-   Após a assinatura do acordo de concertação (?) social, Coelho correu para Berlim para falar (prestar contas?) com a Kaiserina. Havia necessidade?

2-   “O programa da Troika é para cumprir custe o que custar.” Admito que há duas interpretações possíveis para esta afirmação, mas há uma que é inequívoca: o homem não vê mais nada à frente e é destituído de ideias próprias. Afinal, é o mesmo que, a propósito do acordo referido no ponto 1, se gabou de ter sido audaz por ter excedido as exigências da Troika (presume-se que para agradar à dita cuja).

Se na Grécia e em Itália há primeiros-ministros que têm o estigma de serem comissários políticos de Berlim/Bruxelas pela forma como chegaram ao poder pelos lobbies externos que os terão empurrado para os cargos, em Portugal há um primeiro-ministro que se comporta como o primeiro dos comissários. Nele, porém, a fidelidade é unívoca: quem dita as leis é Angela Merkel.

Angela Merkel e as tábuas da lei!
in The Economist

Quanto a Passos Coelho, só me apetece dizer: Auf Wiedersehen Herr Kommissar!

01 fevereiro, 2012

As Outras Duas Dúzias

AS OUTRAS DUAS DÚZIAS


À margem do processo decisório…e de quase tudo.

As sucessivas cimeiras do nosso descontentamento tiveram o seu clímax na última realizada em Dezembro. Com a realização da 14ª cimeira europeia em pouco tempo e após a realização da 456ª cimeira do Reno, este post, tal como os três anteriores, visa fazer uma breve análise das motivações e resultados dos principais protagonistas: a Alemanha, o Reino Unido, a França e os outros. Agora é a vez dos outros 24.

Após explorarmos a actuação e intenções de Alemanha, Reino Unido e França, resta perguntar: e as outras duas dúzias de Estados? Qual é o seu papel? Quais são as suas motivações? Qual é a sua (ir)relevância?
É evidente difícil e até pouco rigoroso meter estes 24 ovos no mesmo cesto. Temos o 4º grande (a Itália), os médios grandes (Holanda, Polónia, Espanha, Suécia), temos os médios/pequenos saudáveis como a Finlândia e os médio/pequenos doentes terminais, como é a Grécia e temos 15 no euro e 9 fora dele.

De qualquer modo, todos estes países estão na EU, 60% deles no euro e quase todos parecem aceitar o novo tratado (im/pro)posto pela Alemanha. Esta é, aliás, a grande questão: porque é que o aceitam?

A principal razão é o medo. Uns têm medo de ir para a bancarrota; outros têm medo do efeito de contágio da eventual bancarrota dos outros; outros terão medo de fazer frente à Alemanha. Alguns terão até pavor de ter de ouvir as diatribes do Presidente da França. Sendo assim, tal significa que a nomenklatura dirigente de boa parte destes Estados é cobarde e servil, aceitando uma nova e inútil perda de soberania em nome de uma política que afunda uma boa parte deles numa espiral de empobrecimento sem esperança.

Em boa verdade, há países que não precisam de o fazer. Holanda, Suécia e Dinamarca, por exemplo, têm saúde económica e financeira para não dependerem da boa vontade de Frankfurt. Os dois últimos nem sequer fazem parte da eurozona e a sua adesão causa-me alguma perplexidade.

Escusado será dizer que este novo tratado, cuja adopção certamente não fez parte da plataforma eleitoral de nenhum dos signatários, dificilmente será sujeito ao escrutínio referendário, talvez com uma ou outra excepção no Norte da Europa.

Pode concluir-se que estes 23 Estados (a República Checa teve a coragem de dizer não) se remeteram a uma posição de dócil aceitação do diktat que lhes foi apresentado, o que faz com que o seu papel seja o de figurantes, a sua motivação não passe pelo interesse nacional e que a sua relevância seja cada vez mais….irrelevante.