OBAMA’S WARS (3)
A GUERRA QUE JÁ ERA
Este post, é o terceiro duma sequência de 3 posts sobre as guerras de Barack Obama no Iraque, na Líbia e no Afeganistão.
Obama reavalia a sua política para o Afeganistão. Numa tradução livre:
“O FUJISTÃO”!!!
07/10/2001: Na sequência dos ataques de 11 de Setembro, os Estados Unidos atacam e invadem o Afeganistão.
17/08/2008: Um dos vários momentos da campanha presidencial em que Barack Obama distingue entre War of Choice (Iraque) e War of Necessity (Afeganistão), dicotomia popularmente conhecida por Bad War v Good War. De acordo com esta tese, o fim da War of Choice permitiria concentrar tempo, atenção, recursos e meios na War of Necessity.
02/12/2009: No mesmo dia, Barack Obama anuncia o início da retirada das tropas que ainda não começara a enviar para Julho de 2011.
20/11/2010: Na Cimeira da NATO em Lisboa, a Aliança compromete-se com a continuação da missão no Afeganistão nos moldes actuais até ao final de 2014, altura em que toda a responsabilidade pela segurança do país ficará a cargo das forças afegãs (check “NATO XXI” at
22/06/2011: Barack Obama anuncia a retirada de 10.000 dos 33.000 reforços até ao final de 2011 e a retirada dos restantes até Setembro de 2012, dois meses antes das eleições presidenciais (check “Guerra e Eleitoralismo" at
27/10/2011: Hillary Clinton, Secretária de Estado dos EUA, admite negociações com o Mullah Omar e com o Haqqani network, previamente excluído de quaisquer negociações.
01/02/2012: Leon Panetta, Secretário da Defesa dos Estados Unidos, anuncia o fim das missões de combate para meados de 2013, cerca de um ano e meio antes do que estava previsto.
A principal preocupação de Obama: a sua eleição.
Uma rápida análise desta resenha permite concluir três coisas:
1- A maioria das declarações e decisões de Barack Obama sobre a Guerra no Afeganistão são eleitoralistas e são prioritariamente tomadas tendo em conta o seu calendário eleitoral.
As declarações de Obama em 2008 proclamando a bondade da Guerra no Afeganistão e o erro da Guerra no Iraque, reflectiam os seus objectivos eleitorais: atacar uma guerra impopular iniciada por George W. Bush e apoiada pelo seu adversário eleitoral, John McCain; defender uma outra guerra para obviar a eventuais ataques do seu adversário de que seria soft em política externa. O seu percurso entre 2009 e 2012 leva-me a crer que Obama se opunha a ambas as guerras, mas que era capaz de apoiar ambas se tal lhe valesse votos.
2- A Administração de Obama procura a todo o transe sair do Afeganistão o mais rapidamente possível.
Isso resulta claro. Desde 2009 que a facção liderada pelo Vice-Presidente Joe Biden (um autêntico inepto em política externa e um fraco) defende efectivamente uma retirada. Este último ano, com os sucessivos recuos nas condições prévias e nas red lines, essa tornou-se a linha oficial da Administração. A 9 meses das eleições, já não pensam em mais nada. Aliquidação de Osama Bin Laden será o pretexto maior para dar cobertura à decisão de retirada.
3- Para todos os efeitos, para a Administração Obama, a Guerra no Afeganistão já acabou.
Sim, os combates vão ser retomadas dentro de um ou dois meses e ainda haverá tiroteio em 2013, mas para todos os efeitos, no que aos EUA diz respeito, a guerra acabou.
Acabou, porque Obama reforçou o contingente e ao mesmo tempo definiu o começo da retirada dos reforços.
Acabou, porque Obama ordenou que a retirada desses reforços se conclua 2 (dois!!!) anos antes do que pretendiam os seus comandantes militares (e 2 (dois!!!) meses antes das eleições).
Acabou, porque o fim das missões de combate da NATO vão ser antecipadas em cerca de 18 meses em relação ao calendário definido na Cimeira de Lisboa.
Acabou, porque a Administração Obama está desesperada por chegar a um acordo qualquer com os Taliban.
Acabou, porque a Administração Obama aceita falar com quem disse que nunca falaria e aceita condições que disse que nunca aceitaria.
Acabou, porque os Taliban não são parvos e perceberam há muito que não precisam de se esforçar demasiado, nem ceder muito, porque Obama está desesperado para assinar um qualquer acordo que lhe permita sair do Afeganistão.
Acabou, porque já se percebeu que Obama não tem o sentido de estado e de serviço público necessários para levar a cabo uma tarefa árdua, mesmo que isso custe alguns votos.
Ficou a saber-se, pois, que a Guerra do Afeganistão… já era.