15 dezembro, 2008

Can You Believe It? No Change!

CAN YOU BELIEVE IT?
 NO CHANGE!

Já começou. Apesar de ainda não ser Presidente dos Estados Unidos da América, Barack Hussein Obama já começou a desapontar (desesperar) falanges de fervorosos seguidores. O cerne da questão está na escolha que fez para a sua equipa governativa nas áreas da defesa, segurança e política externa: Robert Gates, General James Jones e Hillary Clinton, respectivamente.

O principal problema está no primeiro. Na verdade, Robert Gates é o Secretário da Defesa nomeado há dois por George W. Bush! Esse mesmo, o terrível, abominável e malévolo George W., fautor de todos os males e desgraças que assolam os terráqueos.

E então é este homem que geriu politicamente o famoso surge do contingente militar dos EUA no Iraque que Obama repudiou, que o mesmo Obama nomeia?

É.

E este é o mesmo Gates que arrasou (e bem) o plano de Obama para a retirada a galope do Iraque, que agora aceita a nomeação de Obama?

É.

Hilariante! Palavra que me faz lembrar Hillary, Clinton é claro. Aquela que Obama demoliu pelo seu posicionamento em política externa e por ter apoiado (e bem) a invasão do Iraque e também aquela que considerou Obama naive em política externa e que rebentou com ele por ter demonstrado vontade em reunir com Ahmadinejad, Chavez e Castro.

Na área económica, os liberais do Partido Democrata também já levam as mãos à cabeça ao verem ser escolhidos membros da alta finança, apoiantes do free trade e antigos elementos da Administração Clinton.  equipa económica também tresande a dejá vu, ou seja, little or no change: Timothy Geithner (Presidente da reserva Federal de New York, será o Secretário do Tesouro), Lawrence Summers (Secretário do tesouro com Bill Clinton, chefiará o National Economic Council) e Christina Romer (escreve a favor de impostos baixos e de comércio livre, liderará o Council of Economic Advisers), ou seja, um conjunto de pessoas que indicia uma certa solução de continuidade em relação às administrações Clinton e Bush no que concerne a (des)regulação dos mercados e o livre comércio.

Este padrão de nomeações é significativo, mas só o tempo dirá o que ele revela. Três hipóteses:

1- Barack Obama é um logro, o seu registo de voto à esquerda no Senado foi uma manobra calculista para mobilizar a franja militante mais radical e mobilizadora do partido e a sua campanha foi um exercício interesseiro e oportunista de cavalgar a onda da mudança para chegar à Casa Branca.
2- Os seus nomeados lançaram o seu historial político e as suas convicções às urtigas para garantirem um lugar no próximo comboio do poder. Um ponto a favor da capacidade persuasiva do Presidente-eleito e outro pouco abonatório da verticalidade política dos nomeados.
3- Um mix das duas anteriores.

A proposta benigna de que Obama vai formando um governo de inclusão, não colhe, principalmente quando estão em causa lugares-chave numa administração. Penso que é a 3ª hipótese que está mais perto da verdade. Por um lado, Obama vai girando de acordo com os ventos dominantes e a principal data gravada no seu íntimo é 07/11/2012. Se para isso for preciso esquecer alguns disparates da pré-campanha e da campanha, tanto melhor. Por outro lado, certos personagens, com Robert Gates à cabeça, revelam um oportunismo pessoal despudorado, e são capazes de servir qualquer um de alfa a omega desde que sirva os seus interesses particulares.

Estas nomeações reportam-se às áreas da defesa, segurança, negócios estrangeiros, economia e finanças. É muita coisa, mas não é tudo. Na chamada agenda doméstica, nomeadamente na área social, saúde, educação e costumes, ainda pode acontecer a prometida mudança. Duvido é que a maior parte seja de aplaudir…

2 comentários:

Ricardo Lima disse...

Parece que as profecias do seu outro post acerca desse senhor finalmente se começam a cumprir.

"Don't test Obama !"

O Gates deixou muitos corações - daqueles bem vermelhos - partidos com este aviso. Há um mês era o Messias dos "oprimidos pelo imperialismo, neo-colonialismo, neo-liberalismo" e pela demais adjectivação cliché. Um mês depois ainda nem tomou posse e já tudo lhe aponta o dedo.

Enfim...

Rui Miguel Ribeiro disse...

Assim é Ricardo.