01 junho, 2012

Serão Fascistas?

SERÃO FASCISTAS?

Fernando Leal da Costa. Diz-lhe alguma coisa? Provavelmente não. A mim também nada dizia. Até que ouvi declarações deste senhor. Fiquei a saber que é Secretário de Estado da Saúde. Também fiquei a saber que, além disso, o cavalheiro gostava de ser Controlador Geral dos Cidadãos e dos Estabelecimentos de Bebidas e Restauração da República.

O Senhor Costa quer acabar com os espaços para fumadores. Espaços públicos, diz ele. Das duas uma, ou o Sr. Costa se prepara para nacionalizar dezenas de milhar de cafés e restaurantes, ou então está equivocado, pois os ditos “espaços públicos” são estabelecimentos privados abertos ao público, nos quais NINGUÉM é obrigado a entrar. Portanto, a referência a espaços públicos e a suposta protecção dos fumadores passivos são uma dupla farsa: os espaços têm proprietários e os não-fumadores que frequentem o espaço fazem-no no exercício da sua liberdade de frequentar espaços para fumadores e não fumam contrariados, ou coagidos.



O candidato a Grande Controlador vai mais longe e quer proibir ou condicionar o fumo nos automóveis particulares (serão também espaço público???). Aqui o argumento é a protecção das criancinhas. Lá está o homem a penetrar no espaço vital e privado das pessoas. Regra geral, os pais têm a seu cargo a educação, criação e protecção dos seus filhos e regra geral fazem-no melhor do que o Estado.

MAS ATENÇÃO! O Controlador Geral da República fez uma significativa concessão: “quem quiser, pode continuar a fumar ao ar livre!” Aaah! O próprio Sr. Costa deve ter ficado aliviado com tal cedência: terá de vigiar os cafés e as estradas, mas já não terá de correr montes e vales à caça do malfadado fumador escondido atrás de uma árvore no meio do bosque!

Simão Ribeiro. Diz-lhe alguma coisa? Provavelmente não. A mim também nada dizia. Até que ouvi declarações deste senhor. Fiquei a saber que é deputado pelo PSD. Também fiquei a saber que é mais um candidato a Baby-Sitter Geral da República.

O deputado Simão quer dedicar-se à etiquetagem e quer começar por colocar etiquetas verdes nos alimentos de que gosta e vermelhas naqueles de que não gosta. Quer também, banir as etiquetas vermelhas das escolas. Não se trata de uma questão Benfica-Sporting. Acontece que o deputado Simão quer reduzir o número de crianças gordas e arroga-se o direito de lhes fechar as portas de despensa e do frigorífico. Fazê-lo nas escolas, com um pouco de boa vontade ainda se compreende. Mas o Baby-Sitter Geral vai mais longe: quer banir as etiquetas vermelhas dos cafés e mercearias nas imediações das escolas, o que pode significar grande parte destas casas numa cidade. Quem será que ele se julga para se arrogar o direito de escolher a ementa de um café, ou os produtos que vende o merceeiro?

Temos um a controlar os bares e os restaurantes e o outro a condicionar os cafés e as mercearias. Não sei se são fascistas, provavelmente não, mas que têm tiques disso têm. Talvez a fonte tenha sido a polícia de costumes da Arábia Saudita que percorre as ruas do Reino e verbera, prende e agride aqueles (e especialmente aquelas) que não estão conforme as normas restritas do país e da respectiva nomenclatura religiosa. Resta saber que outras proibições, regras e condicionantes arbitrárias e abusivas estes vigilantes têm em mente, pois os grandes totalitarismos podem começar com coisas pequenas….



NOTA: Não sou fumador, portanto não há conflito de interesses neste post: não se trata de defender direitos meus. Apenas detesto a obcecação pelo controle e pela proibição e o ataque aos direitos de propriedade e aos dos fumadores, que consomem uma substância permitida por lei e que dá chorudas receitas ao Estado.

5 comentários:

Defreitas disse...

· O direito em geral é uma liberdade ? Ou é antes justamente um principio de organização social destinado a “enquadrar” a liberdade de cada um em relação aos outros ?
· Assim, se consideramos a interdição de fumar nos lugares públicos, devemos admitir que a liberdade de fumar não existe.

· Mas que dizer deste facto terrível : um fumador habitual em cada dois morre de cancro, e não sei em Portugal, mas em França 5.000 pessoas são vitimas anualmente de tabagismo “passivo”, isto é de respirar o fumo dos outros.
· Trata-se portanto dum problema de saúde publica, com incidência nas contas da nação ( previdência social).

· Uma historia pessoal : dirigindo a minha empresa na altura da aplicação da interdição de fumar no interior das empresas, fui obrigado a implementar a lei Evin , visando a proteger os fumadores como os não fumadores, em todo o perímetro da empresa.
· Mesmo os visitantes eram obrigados a apagar os cigarros ao penetrar na recepção. E mesmo o accionista principal quando nos visitava ...
· Naqueles escritórios onde trabalhavam várias pessoas o aumento do conforto no trabalho foi notável.
· A lei obrigou-me a criar um local para os verdadeiros “fumadores” poderem satisfazer
· o vicio.

· Mais de 500.000 pessoas morrem por ano na Europa, devido ao tabaco.

Este problema é vasto. Desde o imposto que o Estado cobra nas vendas de tabaco e que é hoje substancial, até à quantidade de C02 rejeitada na atmosfera pelos biliões de cigarros fumados cada dia, e os biliões de “beatas” que poluem as praias, as montanhas e a natureza em geral durante longos anos, podemos dizer que a liberdade do fumador não só assassina as pessoas mas também assassina o planeta.

Na mesma ordem das coisas,a saúde publica, impressionou-me hoje a decisão do Mayor de New York, Michael Blomberg, de proibir a venda das sodas em embalagens de grande volume, num esforço desesperado para baixar o numero de Americanos obesos que são mais de 45% . Eles bebem 1,5 litro por dia, destas bebidas cheias de açúcar , às quais se adicionam os “Cheseburger” e outros “Mac’s” , mais perigosos para a saúde publica que os Talibans !

Liberdade e saude publica : grande dilema!

Freitas Pereira








·

Defreitas disse...

Como diziamos hà dias, o “diktat” da Angela toma uma outra forma.

A notícia surge hoje em Der Spiegel on-line,...

...Mas o documento produzido no Ministério
da Economia (encabeçado pelo líder liberal
Philippe Rösler) mantém a liminar recusa que
Merkel tem vindo a expressar sobre a ideia dos
Eurobonds e, em vários aspectos, apenas
propõe mais do mesmo.

... uma descentralização do mercado de trabalho,
pulverizando a contratação colectiva numa miríade
de mini-contratações. Recomenda-se também uma
elevação da idade de reforma, uma facilitação dos
despedimentos e uma imitação do modelo educativo
alemão, com duas vias.

Observa-se, contudo, que ...a contratação colectiva
italiana encontra-se em grande parte "descentralizada"
e a portuguesa em parte importante esvaziada;
os despedimentos em Espanha e Portugal estão largamente
facilitados; o modelo educativo de duas vias está prestes a
ser adoptado em Espanha; a idade de reforma já foi elevada
em Espanha e Itália.

A verdadeira novidade ...é a da criação de "zonas económicas
especiais" em "países da crise" (Krisenländer), de que a
Grécia ou Portugal são citados como exemplos ilustrativos.

Essas "zonas" são conhecidas na China e procuram atrair
investimentos aliviando substancialmente a carga fiscal
para as empresas e eliminando grande parte da legislação
protectora do trabalho ou do ambiente.

O controverso modelo ... faz notar o contra-senso de
introduzir uma espécie de off shores fiscais, laborais e
ambientais numa Europa que luta precisamente pela
harmonização em todos esses domínios....

... Do próprio campo dos liberais, ouve-se a voz do chefe
da bancada do FDP no Parlamento Europeu, Alexander Graf
Lambsdorff, a afirmar que a criação das ditas "zonas" poderia
criar uma concorrência desleal, afectando negativamente as
exportações que constituem verdadeiro motor da indústria alemã.

O homólogo social-democrata de Lambsdorff, Udo Bullmann,
afirmou por seu lado que a Europa não precisa de "zonas económicas
especiais com baixos salários e com normas de protecção ambiental suspensas".

Depois da ideia exuberante de obrigar a colocar como garantia dos empréstimos o Património Nacional dos paises aflitos, vem esta agora que na Europa surja uma nova e mais próxima Republica Popular da China feita de salários ao nível da malga de arroz dos chineses!~

Danke Frau Merkel !!!

Sérgio Lira disse...

São fascistas sim, Rui. Poderias acrecentar a estes exemplos a obsessão pelo controlo dos e.mails, dos telefonemas, dos SMSs, das redes sociais (só falta mesmo o poder de abrir cartas... mas abrir e.mails é equivalente), a avassaladora vontade censórica... São, são fascistas, negreiros, energúmenos que prosperam sob um clima de MEDO, na afasia securitária onde conceitos como "liberdade" ou (mais complicado) "liberdade de expressão" não pronunciados ou se tornam exangues... temos fascismo encapotado, mas que vai botando os corninhos cada vez mais ao sol.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Eu voto na Liberdade Sr. DE Freitas!
O que se pretende não é garantir as liberdades de fumadores e de não fumadores como o Senhor diligentemente fez. Simplesmente liquida-se os direitos e a liberdade de uma parte. Gratuitamente, porque os não fumadores usufruem de incontáveis restaurantes e cafés.
AS pessoas têm de ser responsáveis e o Estado tem de deixar de nos tratar como atrasados mentais.

Defreitas disse...

Eu sei muito bem que o Senhor Miguel Ribeiro vota na liberdade.

Aliás, votar na liberdade é já em si um acto responsável. E nos países ditos livres os cidadãos são eles mesmos responsáveis da acção do governo.

Mas o problema reside nos cidadãos passivos, apáticos, e para ser directo, sem civismo nenhum, que pensam que a liberdade permite fazer tudo.
Esta atitude, esta apatia, torna-nos responsáveis do que aparentemente não nos diz respeito.

A sociedade não é suficientemente homogénea, cívica e culturalmente falando, para que possamos esperar um comportamento responsável. Um dia, talvez.