MAIS UM PARA O
LIXO
No dia 7 de Junho, a agência Fitch desceu o rating da Espanha 3 níveis de A para BBB, ou seja para junk. A Espanha foi, nesse dia, mais um país europeu a ir para o lixo. Pelo menos ao nível financeiro.
Como de costume, os ministros e o
Governo negaram até ao último dia, até terem de aparecer com a corda ao pescoço
admitir à sua população que optaram por pedir ajuda. O Governo Espanhol entrou
para o clube do jamais do famigerado Mário Lino.
Mais uma vez, a aproximação dos
juros dos bonds soberanos à fatídica red line dos 7% foi a pedra de toque para
o pedido de socorro.
in BBC News at http://www.bbc.co.uk/news/
Comprovou-se que o modelo de
crescimento económico da Espanha, assente num boom imobiliário descontrolado,
conduziu ao sobreendividamento das pessoas e de muitas empresas, à exposição do
sector financeiro a uma montanha de crédito mal parado, sendo que o estouro da
bolha imobiliária afundou a economia e ajudou à espiral de desemprego, situado
nos 24%, à frente da própria Grécia.
in BBC News at http://www.bbc.co.uk/news/
Apesar da atitude quase displicente
de Rajoy a tentar impingir a ideia que o resgate nada tinha a ver com a
Espanha, mas sim com os bancos, a realidade é que a Espanha teve de pedir o
auxílio do FMI e da EU e no valor de 100 biliões de euros. Aliás, o
Primeiro-Ministro espanhol teve a petulância de apresentar o resgate como um triunfo
para o euro. Só lhe faltou dizer que o pedido de resgate foi um favor que
Madrid fez à União Europeia.
Não obstante, comprovou-se, até
ver, a influência que Madrid ainda tem na União, dado que recebendo um bailout
por causa da situação de rotura do sector financeiro, tal como a Irlanda,
parece ter escapado ao colete de forças da política económica da Troika.
Veremos qual o feedback que a Irlanda terá da sua reivindicação de igualdade de
tratamento.
Para todos os efeitos, por muito que isso custe ao
habitualmente inflacionado ego espanhol, a Espanha juntou-se formalmente ao
clube dos aflitos: Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal, por ordem da dimensão
da ajuda concedida. E a longa novela da crise do euro conhece mais um episódio.
Aguarda-se as cenas dos próximos capítulos.
8 comentários:
Caro Senhor Miguel Ribeiro : Não são 100 milhões mas 100 mil milhões !
Seria caso para dizer que os PIGS devem sair do EUROMARK o mais rapidamente possível ! Senão, serão destruídos! Esta moeda não pode ser desvalorizada mas valorizada em permanência, para servir os interesses da Alemanha.
Se os PIGS ficam, a agonia será longa até à destruição total. Claro que no inicio eles sofrerão (mas já sofrem hoje !) durante um certo tempo, mas a economia arrancará de novo com uma moeda mais fraca : turismo, investimentos menos caros, deslocalisaçàes das fábricas , dos outros países do EUROMARK , porque PIGS mais atraentes, etc. O primeiro que sair estará salvo !
Freitas Pereira
A arrogância espanhola parece ser função:
a) do tombo que o colapso espanhol significa(ria) para a economia europeia
b) do hálito a alho e azeite, que não se sente na TV mas que a Merkel de certeza já teve oportunidade de experimentar, numa daquelas beijoquices polítiqueiras...
é no que dá a promiscuidade... fica-se refém dos hábitos e dos hálitos alheios.
Sobre o fundo do seu comentário, tem muita razão ! 100 biliões é um comprimido de aspirina para salvar dum cancro !
Trata-se nada mais nada menos dum domino mais que caiu.Outros vão seguir, qualquer que seja o plano de salvação inventado pelos mesmos salvadores.
Quando nos dizem que é um plano para salvar 30% dos bancos em maior dificuldade, e que este anuncio é bom para a economia espanhola e para o futuro do Euro, tudo isso deixa-me perplexo.
O que seria bom seria de salvar o pais e não os bancos! E não é salvando os bancos que se salva o pais ! Veja-se o caso da Islândia ! Não esquecer que este plano vai pesar ainda mais na divida do pais!
Freitas Pereira
Rui, apenas uma correção: o FMI não entra neste resgate, pois as suas regras impedem a concessão de ajuda financeira quando ela é destinada aos bancos.
Caro Sr. De Freitas,
Agradeço.lhe a correcção que introduzi ainda esta manhã. Erro crasso. Escrevi 100 biliões porque prefiro a concepção anglo-saxónica nesta matéria.
Essa do EuroMark é boa. Eu não tenho certezas, mas por vezes dou por mim a pensar se não seria menos mau declarar o default e mandar o EuroMark às urtigas...
Sérgio,
Impagável!!!
Quanto à arrogânica, parece que se vai esvaziando como um balão furado à medida que se vão sabendo pormenores. O Herr Schauble, Min das Finanças da Europa, perdão, da Alemanha, já esclareceu que as "recomendações" de que fala Rajoy são imposições e que vai haver uma troika a controlar. Parece que neste euro, a Espanha vai ficar longe do título.
Sr. DE Freitas,
Em relação ao seu 2º comentário, confesso que tabém me causa muitos engulhos os bancos terem gestões incompetentes ou mesmo criminosos e o dinheiro dos contribuintes servir para lhes salvar a pele. É uma aberração.
Paulo:
Obrigado pela correcção. Não obstante, parece que o FMI vai ter um papel de supervisão sobre a plicação do fundo de resgaste.
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