Mostrar mensagens com a etiqueta François Hollande. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta François Hollande. Mostrar todas as mensagens

19 março, 2017

Deitar Foguetes Antes do Tempo



DEITAR FOGUETES
ANTES DO TEMPO

Os complexos resultados das eleições da Holanda não são susceptíveis de uma leitura única e simplista.




Deitar foguetes antes do tempo raramente é uma boa ideia e a política não é excepção. Isso aplica-se aos partidos que se opõem ao sistema instalado, bem como, aos partidos que gerem o e são o sistema.

Aqueles pensaram que os votos no Brexit e em Donald Trump seriam o farol que os conduziria à vitória. Não são. Ajudam, mas não chega. As vitórias eleitorais conquistam-se na própria casa, não na do vizinho. As eleições não são herméticas, mas a sua exposição a contágios é limitada; afinal, não de trata de uma gripe das aves.

Estes exultaram com o resultado das eleições na Holanda. A vitória do VVD (centro-direita) do Primeiro-Ministro Mark Rutte encheu Angela Merkel, François Hollande, Juncker e afins de uma euforia inusitada. Haverá fortes razões para tal? Não me parece.

* Apesar da vitória, o VVD perdeu votos e deputados, caindo de 41 para 33 (-8).

* O PVV de Geert Wilders não venceu como previam as sondagens até há pouco tempo, mas tornou-se no 2º maior partido holandês e ganhou 5 assentos parlamentares (de 15 para 20).

* Mesmo que ganhasse, o PVV não conseguiria formar governo (cf. No Máximo, Uma Vitória Simbólica em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2017/03/no-maximo-uma-vitoria-simbolica.html )

* Outro partido do establishment e parte do governo cessante, o PVDA (Trabalhista) sofreu um colapso eleitoral de proporções épicas, ficando em 7º lugar e perdendo 29 deputados (de 38 para 9). Que Hollande celebre um resultado eleitoral em que o representante do grupo socialista foi dizimado diz muito sobre a triste figura que é o actual Presidente da França e sobre o actual grau de expectativas de muitos partidos mainstream.

Num tempo em que um partido de direita com o ideário do PVV fica em 2º lugar nas eleições da Holanda e tal é acolhido com alívio e satisfação e em que o vencedor das eleições teve de recorrer a parte da agenda política do PVV para prevalecer, demonstra que todos deviam ter guardado os foguetes e recolher cedo e discretamente na noite eleitoral.


02 dezembro, 2016

Monsieur 4%



MONSIEUR 4%

 Desde cedo que a opinião que tenho de François Hollande enquanto Presidente da República Francesa é a de um inadaptado ao lugar, incompetente, incoerente, sem rumo, e sem gravitas.

 
François Hollande: há quem pareça pateta e seja pateta.

in “The Sunday Times”, em http://www.thesundaytimes.co.uk/sto/news/world_news/Europe/article1361972.ece

Hollande cai em contradições frequentes, presta-se a situações ridículas (conferir foto), colocou a França num papel ainda mais submisso em relação à Alemanha à qual nunca foi capaz de fazer frente, perdeu liderança e cumplicidade com os países da Europa meridional, renegou os princípios socialistas com os quais se apresentou ao eleitorado, ficou a menos de meio caminho da viragem liberal que encetou o que lhe valeu desagradar a gregos e troianos.

Entretanto, em Outubro passado, foi publicado um livro por dois jornalistas (Gérard Davet e Fabrice Lhomme) que se reuniram 61 vezes com Hollande para recolher informação. O livro retrata o que parece ser um desvairado Presidente que profere insultos e confidências com a naturalidade com que eu discuto futebol com um amigo no café. Os visados constituem um grupo eclético que inclui o Presidente da Assembleia Nacional, ministros, jogadores de futebol, procuradores, entre outros.

Após este despautério, François Hollande viu a tua taxa de popularidade reduzida à sua dimensão: 4%.

A 8 de Fevereiro 2015, publiquei um post (Não Aprendem. Até ao Dia Em Que… http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2015/02/nao-aprendem-ate-ao-dia-em-que.html ) onde escrevi “Pelo andar da carruagem, Marine Le Pen também ficará à frente de François Hollande nas Presidenciais de 2017. Concorde-se com ela ou não, tenho poucas dúvidas de que seria mais competente e eficaz do que o Presidente disfarçado de motoqueiro.”

Ontem, 1 de Dezembro 2016, François Hollande retirou-se da corrida presidencial de 2017. Pequeno, pateta, irrelevante, reduzido a 4%. Com ele leva o PSF a caminho de uma previsível derrota estrondosa em Abril de 2017. Adieu Monsieur 4%.


08 fevereiro, 2015

Não Aprendem. Até ao Dia em que...



NÃO APRENDEM.
ATÉ AO DIA EM QUE…


Voltemos por uns momentos aos ataques terroristas de há umas semanas em Paris. Após a eliminação dos terroristas, o Governo Francês convocou uma grande manifestação de unidade nacional e de repúdio do terrorismo e da intolerância.

Simultaneamente, o Presidente François Hollande e o Primeiro-Ministro Manuel Vals romperam essa mesma unidade e manifestaram a sua própria intolerância ao deixar de fora dos convidados Marine Le Pen, que lidera consistentemente  as sondagens presidenciais desde Julho de 2014 e o seu partido, a Frente Nacional, vencedor das últimas eleições europeias em 2014.

Contudo, não faltaram grupos com poucas credenciais democráticas como comunistas, extrema-esquerda, eco-radicais e até o líder da OLP, mas a FN foi banida.


François Hollande: há quem pareça e seja pateta.

in “The Sunday Times”, em http://www.thesundaytimes.co.uk/sto/news/world_news/Europe/article1361972.ece

Infelizmente para Hollande e Vals, não é por ser ignorada pelo poder em Paris que a Front Nationale desaparece. A FN poderá fenecer no dia em que os problemas que alimentam o seu score eleitoral sejam enfrentados e resolvidos, o que não vai acontecer com um pateta como Presidente.

Mais a mais, a FN é um partido legalizado e com uma agenda legítima, até ver, distante dos tempos de Jean-Marie Le Pen o qual, diga-se, apesar de ser um troglodita, ficou em 2º lugar nas Presidenciais de 2002 à frente do camarada de Hollande de serviço na altura (Lionel Jospin).

Pelo andar da carruagem, Marine Le Pen também ficará à frente de François Hollande nas Presidenciais de 2017. Concorde-se com ela ou não, tenho poucas dúvidas de que seria mais competente e eficaz do que o Presidente disfarçado de motoqueiro.

O tempo vai passando mas há quem não aprenda, como os membros das ditas élites europeias.

Não aprendem que os problemas não desaparecem por serem ignorados.

Não aprendem que é cada vez maior o risco de perderem o monopólio do poder.

Não aprendem que não são detenbtores de toda a verdae.

Não aprendem que o pensamento único (o deles) é inaceitável.

E nunca vão aprender.

Até ao dia em que percam.

Até ao dia em que sejam escorraçados.

Até ao dia em que lhes façam realmente frente. Sem temor e sem cedências.




03 novembro, 2014

Itália e França v Alemanha

ITÁLIA E FRANÇA v ALEMANHA

Penso que serão mais as pessoas que hoje compreendem que o Pacto Orçamental foi um erro crasso, uma decisão acatada por muitos países em situação de desespero, desorientação, conformismo, ou vassalagem.

Na prática foi mais uma cedência à Alemanha na sua paulatina mas firme construção do IV Reich. Step by step. A Comissão Europeia cada vez mais desempenha o papel de Pró-Cônsul gerindo as contas de mercearia dos confins do Império, de Lisboa a Riga, sob a tutela vigilante de Berlim, que assim reserva o seu tempo e capital político para as situações mais críticas.


Os bem sucedidos e os otários da Europa.
in “The Economist” em www.economist.com

Com o Reino Unido fora da órbita germânica, da zona euro e do Pacto Orçamental, restam a Itália e a França como potenciais contra-poderes relevantes à hegemonia da Alemanha.

As últimas semanas trouxeram-nos arremedos de revolta originários de Paris e Roma. A França enviou as metas fiscais europeias às urtigas (mais exactamente para 2017) informando que lhe era indiferente o que Bruxelas dissesse sobre o assunto. A Itália também anunciou o rompimento das metas, ao mesmo tempo que o seu Primeiro-Ministro, Matteo Renzi, ridicularizava a Comissão e o futuro ex-funcionário superior da UE, Durão Barroso.

Nos últimos dias houve sinais de uma postura mais branda e conciliatória. Uma coisa é certa, se a Itália e a França quiserem efectivamente mudar o rumo negativo da zona euro e, especialmente, dos seus membros do sul, será preciso muito mais do que a proverbial e inconsequente bravata, que não arrancará mais do que um sorriso condescendente (ou de escárnio) de Angela Merkel.

A Alemanha é a grande beneficiária do euro e da UE nos moldes actuais. A Itália está em declínio económico e a França, estagnada, para lá caminha. A arquitectura europeia não beneficia Franceses nem Italianos e a situação não melhorará com mudanças cosméticas ou cedências simbólicas ou temporárias da Alemanha.


O euro, a tortura, os torturados e os torcionários.
in “The Economist” em www.economist.com

Roma e Paris precisam de um game-changer e para o conseguirem terão de ser duros, firmes e inflexíveis, por exemplo, retirando-se do Pacto Orçamental e recusando formalmente as suas metas e as metodologias para as atingir. Quando Berlim perceber que não resolverá o problema com uma cimeira e uns paliativos, que a sua coutada de exportações se encontra em estado de rebelião efectiva, que Gauleses e Romanos já não aceitam os ditames do Pró-Cônsul Germânico, só então a Alemanha cederá.

Infelizmente, não acredito que algo remotamente parecido aconteça. François Hollande é um fraco, indeciso e inconsequente, qual cana abanada pelo vento, prestes a partir-se. Renzi é inexperiente e a sua coragem e resistência à pressão ainda estão por provar. Mais a mais, a Itália precisa do apoio incondicional da França para enfrentar o Império e a Kaiserin.

Como tal, o mais provável é que a Itália e a França continuem com as queixas e reclamações pontuais, beneficiem de umas cedências periféricas, enquanto o essencial permanece. Plus ça change…

Depois fiquem admirados se Marine Le Pen (possível) ou Beppe Grillo (improvável) ganharem as próximas eleições em França e Itália.