08 fevereiro, 2015

Não Aprendem. Até ao Dia em que...



NÃO APRENDEM.
ATÉ AO DIA EM QUE…


Voltemos por uns momentos aos ataques terroristas de há umas semanas em Paris. Após a eliminação dos terroristas, o Governo Francês convocou uma grande manifestação de unidade nacional e de repúdio do terrorismo e da intolerância.

Simultaneamente, o Presidente François Hollande e o Primeiro-Ministro Manuel Vals romperam essa mesma unidade e manifestaram a sua própria intolerância ao deixar de fora dos convidados Marine Le Pen, que lidera consistentemente  as sondagens presidenciais desde Julho de 2014 e o seu partido, a Frente Nacional, vencedor das últimas eleições europeias em 2014.

Contudo, não faltaram grupos com poucas credenciais democráticas como comunistas, extrema-esquerda, eco-radicais e até o líder da OLP, mas a FN foi banida.


François Hollande: há quem pareça e seja pateta.

in “The Sunday Times”, em http://www.thesundaytimes.co.uk/sto/news/world_news/Europe/article1361972.ece

Infelizmente para Hollande e Vals, não é por ser ignorada pelo poder em Paris que a Front Nationale desaparece. A FN poderá fenecer no dia em que os problemas que alimentam o seu score eleitoral sejam enfrentados e resolvidos, o que não vai acontecer com um pateta como Presidente.

Mais a mais, a FN é um partido legalizado e com uma agenda legítima, até ver, distante dos tempos de Jean-Marie Le Pen o qual, diga-se, apesar de ser um troglodita, ficou em 2º lugar nas Presidenciais de 2002 à frente do camarada de Hollande de serviço na altura (Lionel Jospin).

Pelo andar da carruagem, Marine Le Pen também ficará à frente de François Hollande nas Presidenciais de 2017. Concorde-se com ela ou não, tenho poucas dúvidas de que seria mais competente e eficaz do que o Presidente disfarçado de motoqueiro.

O tempo vai passando mas há quem não aprenda, como os membros das ditas élites europeias.

Não aprendem que os problemas não desaparecem por serem ignorados.

Não aprendem que é cada vez maior o risco de perderem o monopólio do poder.

Não aprendem que não são detenbtores de toda a verdae.

Não aprendem que o pensamento único (o deles) é inaceitável.

E nunca vão aprender.

Até ao dia em que percam.

Até ao dia em que sejam escorraçados.

Até ao dia em que lhes façam realmente frente. Sem temor e sem cedências.




3 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Food for thought ! Há de tudo no seu "post" Caro Senhor Rui Miguel Ribeiro! Muito interessante, after all!

Fala da democracia muito mal representada no desfile de Paris. Tem razão. Já o escrevemos aqui no seu blogue. Poucos mereceriam o lábil democrata. Uma cambada de ditadores desfilaram em liberdade... pela liberdade de expressão. Que de hipocrisia!

Mas não creio que esse tivesse sido o objectivo da "reunião"! Estive lá. Vi antes o desfile duma conjuração contra o medo, um acto de coragem face a uma destabilização enorme.
Porque o medo, claro, estava e está bem presente. "Je suis Charlie" quer dizer : " Sinto que posso também ser assassinado não importa quando, não importa onde, por conseguinte sou solidário e nem tenho medo". Mas sinceramente: quem não tem medo?

Após o choque e a afirmação da nossa resistência, há, no melhor dos casos, a esperança que se vai pôr o problema em cima da mesa e que vamos procurar compreender o porquê da coisa! Ou pelo menos uma reflexão.

E o Islão? Temos que falar desse problema, porque é o essencial. Os arredores das grandes cidades, as cidades dormitórios, autênticos guetos, a neo colonização, as guerras do Médio Oriente, tudo isso conta. Mas o verdadeiro problema são os guetos de miséria devidos ao desemprego, 45% em muitos casos, que os imãs, vindos de algures, exploram e manipulam violentamente. Mas o desemprego toca outros cidadãos também, e são estes descontentamentos, estes sofrimentos, estas desilusões, esta miséria que formam hoje os batalhões do FN.

Joaquim de Freitas disse...

Vemos bem que é tempo de tomar medidas no sentido dos diversos pontos do seu "post". Antes que seja too late! Mas as maiorias políticas ao serviço do capitalismo selvagem e duma minoria jamais satisfeita, não têm a coragem de contrariar os seus mestres, os donos do planeta.
As clivagens sociais criadas pelas desigualdades traduzem-se em lógicas comunitárias e ideologias identitárias sobre as quais prosperam forças reaccionárias e as extremas-direitas populistas. A questão da laicidade e das liberdades fundamentais não pode ser dissociada da questão social.

"O mundo inteiro é um teatro, e todos, homens e mulheres, não são mais que os actores". E durante a nossa vida interpretamos vários papéis". Assim falava Shakespeare. E todos sabemos que há boas e más peças de teatro. Bons e maus actores.

Quando escreve sobre o FN, é verdade que muitos daqueles que votam hoje por este partido, são os tais que caiem para a rua e que têm o sentimento que são, enfim, actores na vida deles. Que vão poder forçar o destino. Sem ver que não serão nada mais que marionetas manipuladas por forças ocultas. E que não vêm que este partido, quando ganha uma cidade, limpa as bibliotecas, desbaptiza as ruas, expulsa os dissidentes, e contrata indivíduos com o crânio rapado para o serviço civil. Idênticos aos da praça Maidan, em Kiev.

No que me diz respeito, e sem a menor dúvida, no que concerne as caricaturas, prefiro esta reflexão de Saint-Expéry na "Citadelle" : "Quand mon ami est estropié, je ne lui demande pas de danser".
Não aprecio o humor de sarjeta de certos humoristas elevados hoje ao nível de 'génios'.
Haveria alguma desonra para um país laico a reaprender as noções de respeito do Outro? Do que faz a sua parte sagrada, mesmo se não a partilhamos? Devemos cuspir sobre os nossos vizinhos as nossas certezas?

Vamos cair nesta armadilha grosseira de crer que estamos em guerra? Vamos seguir uma vez mais esta injunção americana da infame equipa Bush declarando a "guerra ao terrorismo"? A Europa vão cair nesta espirale infernal que só beneficia aos negociantes de armamentos e aos grandes patrões próximos do poder, se não é que estão intimamente ligados? Em Paris tive a estranha impressão, que a massa de cidadãos, como um grande rebanho, estava pronta a partir contra o próximo inimigo que lhe indicará o Estado.

Sabe, Caro Professor, o FN é o partido que joga mais a fundo com o desalento generalizado que a crise, a cupidez da finança e a incompetência dos políticos transformaram numa nuvem negra que paira sobre as nossas cabeças. Só que, as imperfeições da democracia não justificam um vocabulário explosivo que incita os infelizes, os inocentes e os atrasados mentais a estripar tudo o que não se lhes assemelha. Este é o perigo amanhã.

Freitas Pereira

Sergio Lira disse...

Tens razão, Rui. Mas mil vezes um imbecil profissional como o idiota de serviço que uma ............... (toda a gente percebeu as reticências) fascista. "Fascismo nunca mais" mas vamos a ver se o nunca é mesmo a sério...