SABUJOS
As informações apontam no mesmo sentido e notícias de diversas
origens reforçam aquilo que o Ministro das Finanças da Grécia denunciou:
Portugal e Espanha, dois países um pouco menos falidos que a Grécia, ambos
vítimas de brutal recessão e ambos com taxas de desemprego inaceitáveis (sendo
a da Espanha da mesma magnitude que a grega), foram sequazes de Berlim no
trabalho de pressionar, prensar e bloquear a Grécia. Nas palavras de Yanis
Varoufakis: Portugal e Espanha foram mais Alemães que a Alemanha!”
Andrei
Gromiko era o Mr. Nyet. Schauble é o Mr. Nein. Venha o diabo e escolha.
Parece
inacreditável! Dois dos países que podiam beneficiar indirectamente de um
alívio do torniquete que asfixia a Grécia, fizeram o papel de sabujos da
Alemanha.
Porquê?
No caso de Portugal, a única explicação que encontro é uma
fidelidade/subserviência canina a Berlim (ver “HERR KOMMISSAR” em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2012/02/herr-kommissar.html
) que Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque (e o seu mentor Vítor Gaspar)
sempre demonstraram. Pouco ou nada importa o interesse nacional e o bem-estar e
a dignidade dos Portugueses ainda menos. Basta rever as palavras indignadas (e
indecorosas) do Ministro da Presidência Marques Guedes perante as críticas
(tardias) de Juncker à austeridade exagerada na intensidade e no tempo.
Maria
Luís Albuquerque, provavelmente, está a soldo dos arquitectos e defensores da
austeridade à outrance, estejam eles em Berlim, Frankfurt, Bruxelas, ou
Washington, tal como Gaspar estava. Coelho estará ou não, mas é um fanático
ignorante que gosta de bater nos fracos e se roja perante os fortes. No plano europeu, é o
arquétipo do sabujo, disposto a prestar-se aos mais enxovalhantes papéis.
No caso da Espanha há uma nuance: Rajoy e o PP estão aterrados
com a perspectiva de poderem vir a ser cilindrados pelo Podemos nas eleições do
próximo Outono. Como tal, pensam que o esmagamento da Grécia e o consequente fracasso
do Syriza, ajudará a esvaziar o Podemos. Há aqui um interesse partidário a ser
defendido. Porém, tal como em Portugal, também se atirou o interesse nacional
para as urtigas.
É difícil escolher o que custa mais:
* Ser
governado por quem se rege por objectivos que não o interesse nacional.
* Ser governado
por gente para quem o destino das pessoas é indiferente.
* Ser governado
por gente que nos envergonha no exterior.
* Ser
governado por sabujos que, salvaguardadas as distâncias, são para a Alemanha de
hoje o que eram as milícias fascistas da Ucrânia, Croácia, Hungria, etc, para o
III Reich há 70 anos: fazem-lhes o trabalho sujo para agradar ao chefe e receber
umas comendas.
P.S. A Itália e a França
que também sofrem com o dogma da austeridade, especialmente Roma que enfrenta
uma situação económica e financeira complicada, e que têm, supostamente,
governos de esquerda, ficaram mal na fotografia. Os dois países que mais
capacidade tinham de vergar o autoritarismo e intransigência germânicos (ver “ITÁLIA E FRANÇA v ALEMANHA” em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2014/11/italia-e-franca-v-alemanha.html
),
preferiram ser testemunhas silenciosas da tentativa de linchamento dos Gregos. Talvez um dia chegue a vez dos Franceses e
dos Italianos. Haverá quem lhe chamará justiça poética. Por agora é apenas
cobardia e estupidez.
3 comentários:
Não escreveria melhor, mas penso exactamente o mesmo Senhor Rui Miguel Ribeiro. Difícil hoje de ser Português quando se é dirigido por gente indigna.
E, no entanto, as sondagens garantem mais de 30% aos sabujos. Das duas, uma: ou mais de 30% dos eleitores tugas gosta de levar no lombo e rastejar pedindo mais, ou mais de 30% dos eleitores tugas são burros que nem tamancos...
As recentes notícias (e, pior que as notícias, as "explicações" do relapso e as emendas piores que o soneto dos acólitos) acerca da evasão contributiva do Pedrocas reforçam o epíteto de "sabujo" e permitem - vergonha da Nação! - que qualquer lhe chame "caloteiro" ou pior.
Nunca vi o meu País e a minha Nação tão rebaixados, tão ultrajados, tão vilipendiados. Que vergonha!
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