3 MINUTOS PARA
O APOCALIPSE E
“LUCY IN THE SKY WITH DIAMONDS”
The Doomsday Clock. Localizado em Chicago,
é gerido pelo Bulletin of Atomic Scientists e por várias outras personalidades
incluindo 18 Prémios Nobel. Em 1991
chegou a estar a 17 minutos do apocalipse. No dia 22 de Janeiro de 2015, foi
adiantado para as 23.57h, ou seja, A meros 3 minutos para a meia-noite. Tal não
acontecia desde 1984, em plena Guerra Fria. Criado em 1947, durante 60 anos
mediu apenas o risco de uma guerra
nuclear; desde 2007, inclui também factores tecnológicos, climáticos e
biológicos que possam afectar o Homem e a Terra.
Ao longo do dia,
quando acordamos, no coffee-break, à hora de almoço, ou no regresso a casa, o
que nos ocorre? Em que pensamos? O que nos preocupa e faz reflectir, para além
das preocupações e rotinas do quotidiano?
À noite, quando a cabeça
já está na almofada, mas os olhos ainda teimam em não fechar, o que vemos?
Vemos os tanques
e os lança-mísseis manobrando e abrindo fogo no Donbass? Ou pior: divisamos a
guerra na Europa? Não, é demasiado sinistro.
Ou pensamos no
petróleo que desce muito e na gasolina que desce pouco? Melhor seria abastecer
a viatura directamente na fonte: na Arábia Saudita ou na Rússia… Barato, mas
pouco prático.
Talvez a nossa
mente vogue pelo Médio Oriente. Veremos cabeças a rolar, tingindo de vermelho a
areia quente? Ou simplesmente a bagunça
inacreditável da região onde países como a Líbia, o Iémen, a Síria e o Iraque
se desagregam em guerras quase indecifráveis? Tentaremos discernir a
plêiade de actores internos e externos que se digladiam por poder, território e
dinheiro, com religião à mistura? Não. É demasiado complexo para a hora de
dormir.
Poderá ser que
nos perpasse a mente o empenho de Berlim
em fazer da Grécia uma espécie de campo de concentração de pobreza e
indignidade (Juncker dixit)? E o que reservará para nós? Teremos de
continuar a aturar o cão de fila da Frau Merkel? God forbid!
Ah! Lembramo-nos
que o Relógio do Apocalipse Nuclear (Doomsday Clock) avançou recentemente para
as margens da meia-noite. Three minutes
to midnight. And counting…
Temos, então, três minutos para pensar como está o
mundo e como nós estamos...
Três minutos entre a sanidade e o
cataclismo nuclear. Três minutos de
vertigem entre a consciência que fraqueja e o sono que assoma. Três minutos em que o pensamento, o
sonho, a realidade e o pesadelo se envolvem, misturam e confundem.
Vemos Obama a
dançar com o Ayatollah. Discernimos Shinzo Abe e Xi Jinping num ring de boxe
nas Senkaku. Passa Wolfgang Schauble vestido de preto chicoteando uma quadriga
puxada por Gregos. Ao lado, Abu Bakr Al-Baghdadi instala-se em Bagdad
(wherelse?) bandeiras negras desfraldadas e cabeças de xiitas rolando para o
Tigre. Vislumbro um mapa em que 8 Líbias, 6 Sírias e 14 Iémenes se digladiam
furiosamente. Vê-se Assad a precipitar-se para a despensa de onde sai com 4
botijas de armas químicas que escondera entre as batatas e as cebolas.
Para conferir um certo
sentido a esta amálgama feroz, os Beatles cantam “Lucy in the Sky with
Diamonds”.
Um último
esforço: Merkel e Putin reunidos em
Varsóvia partilham a Europa Central e Oriental… Diabo! Isto parece-me déjà vu….
Hollande passa de scooter, sozinho, cantando a “Marseillaise” e sentindo-se
pateticamente importante. Cameron, esse já se retirou com os seus que esta
Europa já não lhes serve. E continuo a
ver o Médio Oriente a arder! Serão fogos florestais? Disparate!
Está a chegar a
meia-noite. Foram três minutos
alucinantes.
With tangerine trees and marmalade skies
Somebody calls you, you answer quite slowly
A girl with kaleidoscope eyes
Cellophane flowers of yellow and green
Towering over your head
Look for the girl with the sun in her eyes
And she's gone
Lucy in the sky with diamonds
Num último estertor,
a Índia e o Paquistão deslocam exércitos para a fronteira mútua; ameaçam-se e
apontam mísseis. Os centrifugadores giram at top speed em Natanz, no Irão. Irão
eles onde o Irão não era suposto ir? Que ira! Num último esgar diviso o
gordalhufo do Kim Jong Un a acender um fósforo junto a um pavio. Será um míssil nuclear? Será fogo de
artifício? Se calhar falhou a luz. Apago-me também.
Amanhã logo verei se
ainda estamos vivos.
Tempos Interessantes.
Tempos alucinantes.
1 comentário:
Ainda bem que desconheço a realidade descrita, porque o meu mundo (extremamente limitado se comparado com o do Professor)já me tira muitas horas de sono, especialmente quando este se "balda" no cumprimento do horário. Nessa altura os meus pensamentos vogam entre emprego e família. Faço uma introspecção ao dia vivenciado. Ocorre-me com frequência pensar que poderia e deveria fazer mais em termos de intervenção cívica e de cidadania. É uma frustração não ver uma luz ao fundo do túnel em termos futuros. Pessimista? Deve ser da idade!
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