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24 setembro, 2012

Reputados e Incompetentes

REPUTADOS E INCOMPETENTES

 

Há tipos com sorte. Podem cometer erros graves, fazer asneiras em série, provocar prejuízos colossais e sofrimentos incontáveis, que conseguem manter uma aura de prestígio, competência, seriedade e credibilidade. Qualifico-os de reputados e incompetentes.


Esta categoria tem particular apetência pelo cargo de Ministro das Finanças. Vejamos os casos do anterior e do actual.

 

Fernando Teixeira dos Santos ocupou o cargo durante 6 anos. Quando foi embora, o país estava na bancarrota, teve de pedir auxílio internacional e a espiral de sacríficios dos Portugueses já havia começado. Não obstante, víamos e ouvíamos comentadores, analistas e opinions makers a tecer loas ao senhor. “Ah, porque ele é um reputado académico, é uma pessoa séria, é competente” não obstante, as desgraças sucediam-se, as previsões falhadas sucediam-se e os supostos resultados benfazejos da austeridade nunca apareceram. Até houve quem me dissesse que “a culpa não era dele, mas sim do Sócrates que o obrigava fazer ou a desfazer.” A conversa acabava quando eu respondia “se ele fosse competente e responsável, recusava-se e/ou demitia-se.” É um expoente de reputado e incompetente.


Vítor Gaspar ocupa o cargo há 15 meses e já conseguiu escavacar o pouco que sobrava. Impôs a mais brutal austeridade de que há memória em Portugal. Só não lhe chamo brutal e cega, porque esta austeridade é dirigida e os alvos são bem conhecidos. Todavia, falha de forma rotunda todos os targets e previsões determinados. Aumenta impostos, corta rendimentos, esmaga a classe média e admira-se que o consumo contraia drasticamente. Fica espantado que tal resulte numa cascata de falências e numa avalanche de desempregados. Para cúmulo, fica assombrado porque a receita cai. Finalmente, o maldito déficite resiste. Quoi faire? Aumenta-se a dose do mesmo remédio. Não obstante, é um indivíduo com excelente curriculum internacional e prestigiado e reconhecido no estrangeiro (especialmente em Berlim). É um case study de reputado e incompetente.

 


Trago à colação um terceiro exemplo: Vítor Constâncio, Ministro das Finanças em 1978 e Governador do Banco de Portugal durante 10 (!!!) anos (2000/10). Nesta qualidade, foi responsável pela inacção do Banco de Portugal na supervisão do BPN e do BPP que acarretou um prejuízo de biliões de euros aos contribuintes portugueses. Como castigo foi nomeado Vice-Presidente do BCE com o pelouro da supervisão bancária (!!’??!), o que é como colocar um dos Irmãos Metralha como comandante da polícia. É um fenómeno como reputado e incompetente.


É mais um drama que aflige Portugal e os Portugueses com consequências dolorosas: além do triunfo da incompetência, assistimos à consagração da incompetência. Reputados e incompetentes. Contado não se acredita....

 

30 março, 2011

Gone

GONE



Estes dois cartazes, acompanhados de dois pequenos textos, foram publicados em "Tempos Interessantes" em 24 de Outubro de 2010 com o título "WANTED" (http://tempos-interessantes.blogspot.com/2010_10_01_archive.html ).
Five months later, THEY ARE FINALLY GONE!!!
But are they really gone? Forever? Well, it depends on how you vote. It depends on how we vote.

After election day, it will be too late to be sorry....

24 outubro, 2010

WANTED

WANTED


José Dalton é um perigoso desperado em fuga (para a frente) há 5 anos, mentiroso compulsivo, assalta o tesouro público sem escrúpulos. Impiedoso, trata as vítimas com uma arrogância desmedida. Quando estas se queixam e clamam clemência, assalta-as novamente. Conhecido pelo “Animal Feroz”, pode ser extremamente perigoso e violento. Tem uma atracção fatal por comprar o que não pode pagar e obrigar terceiros a pagar a factura.



Ardiloso, engana as vítimas com o seu aspecto pachorrento e dando-se ares de competência. Contudo, é um assaltante inclemente, privilegiando a classe média como alvo. No seu golpe de mestre, desviou 4 biliões do tesouro com os quais comprou um banco falido que vai vender por menos de 5% do valor da compra; tão elaborado foi o golpe, que o sheriff ainda não o começou a investigar porque está a tentar determinar se foi roubo, fraude, associação criminosa, brincadeira de mau gosto, ou simples estupidez. É inclemente e só larga a vítima quando esta está num estado de comprovada indigência. É conhecido pelo “Predador Fiscal”.

Nota: Estes sinistros foras-da-lei não valem 2 centavos. No entanto, o desespero por nos vermos livres deles é muito grande. É mesmo uma questão de sobrevivência e de sanidade.

19 junho, 2010

POLÍTICA v política

POLÍTICA v política


A Política deve reger-se por princípios e ética. Não se trata de uma visão ingénua ou utópica que pressuponha a santidade dos seus agentes e que ignore que na actividade política são precisos compromissos, exigências e cedências, acordos de bastidores, jogadas tácticas, subtilezas e astúcia, ardis e maquiavelismos. Essa é a política intra-partidária e inter-partidária, na competição por marcar pontos face ao adversário, criar-lhe dificuldades, ganhar lugares, posições ou apoios, afastar adversários.

 

Quando aqui falo de Política, falo de compromissos públicos, eleitorais, princípios divulgados e conhecidos perante os cidadãos, normas constitucionais ou legais, que devem ser escrupulosamente respeitados, por fazerem parte do pacto eleitoral de confiança entre o eleito e os eleitores, entre o representante e os representados.

 

Infelizmente, em Portugal campeia o desrespeito total por esses valores. Três tristes exemplos:

 

Cavaco Silva: Promulgou a lei sobre o casamento homossexual assumidamente contra as suas convicções e princípios, factos conhecidos dos eleitores que o elegeram. O argumento justificativo (??) foi o da crise económica que devia centrar os esforços do Governo e do Parlamento. Por essa ordem de ideias, em situação de crise social poderá promulgar barbaridades no plano económico e se houver uma crise económica, aprovará legislação política ou eleitoral que lhe repugne. É, obviamente, uma desculpa esfarrapada, que o coloca longe do homem determinado e de convicções de outros tempos. Do mesmo modo, o meu voto em Cavaco, que era quase certo, é agora muito duvidoso. Embora admita que Manuel Alegre, um candidato comunista, ou o simpatizante da esquerda radical seriam piores presidentes, confesso que estou pouco inclinado a apoiar males menores.


Teixeira dos Santos: Declarou que o valor legal da norma constitucional impeditiva da retroactividade teria menos valor do que a realidade da crise económica, da qual, aliás, é um dos fautores enquanto subscritor e executor do desmando despesista de 2008/2009. Isto, uns anos depois de ter reagido escandalizado a uma eventual devolução aos cidadãos de IVA indevidamente sobre o Imposto Automóvel vociferando que o dinheiro é “nosso” (leia-se do Governo), uma visão distorcida e intolerável num regime democrático em que, supostamente o povo é soberano. Não tem competência, nem dignidade democrática para deter o alto cargo que exerce há 5 anos.


Passos Coelho: Pediu desculpa aos Portugueses por ter caucionado os aumentos de impostos que tinha abjurado. Passados dois meses, eis que subscreve a norma inconstitucional e extorsionária dos impostos retroactivos. Desta vez já nem pediu desculpa. Talvez já não valha a pena. Em poucos meses e em poucas decisões, demoliu o capital de alguma confiança e credibilidade que vinha angariando junto dos Portugueses de que poderia ser diferente…para melhor. Eu ainda acho que é, mas talvez não chegue, quando se revela tanto à vontade em renegar convicções e em penalizar financeiramente os Portugueses.
Enquanto que não houver respeito por e lealdade para com os eleitores e não se perceber que os eleitos representam os cidadãos e que a eles se devem submeter, a Política continuará a ser mera política ou pior e os cidadãos olharão para os detentores de cargos políticos com crescente desprezo e indiferença.
 

P.S. José Sócrates não é aqui mencionado porque os seus pecadilhos nesta área são tantos e tão graves que teve direito a um post específico: “Sem Desculpa” disponível em