REPUTADOS E INCOMPETENTES
Há tipos com sorte. Podem cometer erros graves, fazer asneiras em
série, provocar prejuízos colossais e sofrimentos incontáveis, que conseguem
manter uma aura de prestígio, competência, seriedade e credibilidade. Qualifico-os de reputados e incompetentes.
Esta categoria tem particular apetência pelo cargo de Ministro das
Finanças. Vejamos os casos do anterior e do actual.
Vítor Gaspar ocupa o cargo há 15
meses e já conseguiu escavacar o
pouco que sobrava. Impôs a mais brutal austeridade de que há memória em
Portugal. Só não lhe chamo brutal e cega, porque esta austeridade é dirigida e
os alvos são bem conhecidos. Todavia, falha de forma rotunda todos os targets e
previsões determinados. Aumenta impostos, corta rendimentos, esmaga a classe
média e admira-se que o consumo contraia drasticamente. Fica espantado que tal
resulte numa cascata de falências e numa avalanche de desempregados. Para
cúmulo, fica assombrado porque a receita cai. Finalmente, o maldito déficite
resiste. Quoi faire? Aumenta-se a dose do mesmo remédio. Não obstante, é um
indivíduo com excelente curriculum internacional e prestigiado e reconhecido no
estrangeiro (especialmente em Berlim). É
um case study de reputado e incompetente.
É mais um drama que aflige Portugal e os Portugueses com
consequências dolorosas: além do triunfo
da incompetência, assistimos à consagração da incompetência. Reputados e
incompetentes. Contado não se acredita....