28 outubro, 2020

Filhos e Enteados da COVID-19

 

FILHOS E ENTEADOS DA COVID-19

 

O combate à covid-19 em Portugal tem conhecido avanços e recuos e zig-zags também, o que se pode compreender à luz dos desenvolvimentos que se vão fazendo no estudo do conhecimento do coronavírus. Além disso, há frequentemente uma comunicação confusa, pouca clara, que gera dúvidas nos cidadãos, dúvidas essas que, por sua vez, geram medos, normais em quem se vê perante uma pandemia grave com um impacto e abrangência sem precedentes.

Outro aspecto negativo reporta-se às decisões nas quais parece patente o tratamento de filhos e enteados.

Eventos políticos, especialmente aqueles que são mais sensíveis à esquerda (1 de Maio, Avante) são intocáveis. Se se tratar da Páscoa, ou do 13 de Maio, já são proibidos. Estrategicamente, temos o confinamento concelhio no período dos dias de Todos os Santos e dos Fiéis Defuntos, com o alegado receio que turbas ululantes invadam os cemitérios. E já ouvimos ameaças relativamente ao Natal. É uma coincidência dos diabos (literalmente) que eventos relevantes do calendário cristão, momentos da maior relevância para os católicos, sejam invariavelmente banidos.

Por outro lado, assistimos no Aeroporto de Faro a centenas de pessoas embarriladas e vimos, no Aeroporto de Lisboa, cerca de 1500 de viajantes entupindo um longo corredor, com muitas pessoas cruzando-se em sentido contrário. Mas, nada se previne, nada se pune, nada acontece.

Até no desporto existe discriminação. Os grandes prémios de Fórmula 1 e de Moto GP em Portimão foram aprovados com uma assistência, no caso da F1, de 46.000 espectadores (depois cortada para 27.500). No futebol, quase sempre zero. Há 1000 pessoas aqui, 2500 ali, estádios basicamente desertos. Esta semana, em provas da UEFA, o Benfica terá na Luz cerca de 5.000 espectadores (lotação de 65.000) e o Porto teve cerca de 3800 (lotação 50.000). Nestes casos, uns míseros 7.5% da lotação dos recintos. Ridículo.

O certo é que a DGS (e o governo também) têm dois pesos e duas medidas. Há os eventos aprovados liminarmente, há os que são liminarmente vedados à população e há aqueles para os quais se utiliza a abordagem do adiamento, da negação, enfim do não encapotado. Bem vindo ao Animal Farm da DGS.

 

Post Scriptum: Várias Câmaras municipais fecham os cemitérios no fim-de-semana de Todos os Santos e dos Fiéis Defuntos. Trata-se de mais uma miserável agressão às pessoas, ignorando os sentimentos e sensibilidades destas, especialmente numa época em que muitos já sofreram demais com a perda de entes queridos

Acidentalmente, vi o Regulamento de acesso aos cemitérios gizado pela Câmara Municipal de Celorico da Beira. Simples, conciso e eficaz, em menos de 2 páginas: horário alargado de acesso, entradas e permanência no recinto limitadas, acesso controlado, distanciamento e máscaras obrigatórias e cada um usa o material que levou e usa-o em exclusividade. Não é muito difícil, pois não? Mas como não é um comício ou uma festa…

 

 

Sem comentários: