TRIÂNGULO
IRÃO-CHINA-PAQUISTÃO
in “Pakistan Info” at http://pakistaninfo.com/9127/iranian-triangle-of-cooperation-with-pakistan-china-is-being-developed-by-iran/
O Irão chegou a um acordo (China-Iran Agreement 2020) de longo
prazo, 25 anos, com a China. Este acordo, originalmente proposto Xi Jinping em
2016, é abrangente, cobrindo a construção de infra-estruturas, estradas e
ferrovias, comunicações, petróleo, cooperação militar e a integração de Teerão
nos projectos BRI (Belt and Road Initiative) e CPEC (China-Pakistan Economic
Corridor).
A parceria proporcionará ao Irão um escape à pressão económica e
militar dos Estados Unidos e do antagonismo dos países árabes de pendor sunita.
Um terceiro agente, neste caso o Paquistão, também beneficiará
deste “negócio”. As ligações Irão-Ásia Central-China cruzarão o território
paquistanês, reforçando a importância de Islamabad e a possibilidade de uma
cooperação militar trilateral propiciará um mais eficaz combate e/ou contenção
à actividade terrorista na zona fronteiriça do Paquistão com o Irão, praticada
por grupos rebeldes do Balochistão de ambos os lados da fronteira.
Particularmente importante para Islamabad será o substancial
incremento da exportação de energia para o país, provinda do Irão (a exportação
actual de electricidade é de 74 MW e poderá disparar para 3.000 MW). A isto
acresce o gasoduto Irão-Paquistão, completado no lado persa, mas à espera de
condições para construir do lado paquistanês, para o que a intervenção chinesa
poderá ser instrumental. Finalmente, o Irão planeia construir um gasoduto de
LNG (gás natural liquefeito) ao longo do CPEC. A cereja no topo do bolo para Islamabad é que esta importante rede energética
passa ou termina no Paquistão, deixando a Índia, literalmente, em off-side.
Como nem tudo é perfeito, a aproximação do Paquistão ao Irão pode
resultar num afastamento da Arábia Saudita, há muito o principal financiador do
Paquistão, enquanto a crescente dependência da China, levará a uma relação
menos amistosa com os EUA e a um maior antagonismo por parte da Índia.
Não obstante os potenciais ganhos de todos os envolvidos, o mais
certo é ser a China quem lucrará mais, especialmente pelo protagonismo que
deterá em todo o desenvolvimento de infra-estruturas, pelo controlo que
exercerá sobre várias dessa estruturas, como as portuárias, pela garantia de
importar petróleo iraniano nos próximos 25 anos com um forte desconto e ainda
pela possibilidade de vir a ter um footprint militar no Médio Oriente, o que constituiria um desenvolvimento
sem precedentes. Nada surpreendente:
quem tem mais dinheiro, maior capacidade técnica e mais poder, lucrará sempre
mais.
A concretização deste acordo
poderá redundar numa revolução geopolítica no Médio Oriente e no Sul da Ásia e
numa provável escalada das tensões regionais e do envolvimento de grandes
potências.
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