30 março, 2017

Brexit Day 1



BREXIT DAY 1


 
Theresa May signs the letter triggering article 50.
in BBC News at www.bbc.com/news

Yesterday, Brexit was finally officially kick-started. Now follows two years of hard-fought, occasionally acrimonious negotiations. It is hard to predict the outcome other than the obvious United Kingdom exit from the EU.

Going through some analyses, one gets the sense that anything that could go bad will hurt the UK solo; as if on the other side of the table were an immutable entity, existing in an impregnable bubble. That is obviously not the case. Even admitting that the UK is weaker (and more homogeneous and flexible), it is clear that both sides stand to win or lose significantly depending on things turning out for the better or for the worse.

Theresa May triggered article 50 with a very conciliatory and friendly letter, striving to start the negotiations on a cordial basis, even if she also included a quid pro quo (no trade deal, no security cooperation) which was a reminder that London also has some trumps up the sleeve.

Nevertheless it will be a rough path and it will require a lot of courage and determination of the Prime Minister who will be facing some vengeful federalist zealots abroad and a fair share of whiners at home of the Liberal leader’s type who thinks that leaving the EU skews the voters’ choice (seriously?) and who defends the possibility (???) of the UK not leaving the EU, in spite of the British people’s democratic will to do exactly the opposite.

In the end, as Theresa May said, “there can be no turning back.” One way or the other, the United Kingdom will leave the EU.

28 março, 2017

"Attack of the Killer Tomatoes" e a Rússia na Síria





“ATTACK OF THE KILLER TOMATOES” 
E A RÚSSIA NA SÍRIA


Ainda adolescente, fui a um clube de vídeo requisitar um filme e resolvi levar um ao qual tinha sido atribuída a distinção (???) do pior filme de sempre: “Attack of the Killer Tomatoes”.

Há poucos dias, passei por uma experiência similar de autoflagelação quando li um artigo desastroso (“Disengagement from the Syrian Civil War Won’t Come Cheap for Russia” em https://www.geopoliticalmonitor.com/disengagement-from-the-syrian-civil-war-wont-come-cheap-for-russia/ ) num site canadiano dedicado à Geopolítica (“Geopolitical Monitor”).

O objectivo do artigo é minimizar/ridicularizar a intervenção da Rússia na Síria. O principal argumento é que a intervenção é financeiramente insustentável para Moscovo. Para tal, o autor baseia-se nos custos das intervenções dos Estados Unidos no Afeganistão (US$ 744 bn) e no Iraque (US$ 821 bn). Tal vem acompanhado de gráficos que sustentam a argumentação. Infelizmente, também ajuda a destruí-la. Senão, vejamos:

1- Os EUA estiveram envolvidos em dois conflitos: A Rússia está apenas na Síria.
2- Os EUA estão há 15 anos no Afeganistão: Os EUA estiveram 8 anos no Iraque e já para lá voltaram. A Rússia está há 18 meses na Síria.
3- Os EUA tiveram mais de 100.000 tropas em CADA UM dos teatros no auge dos conflitos. A Rússia tem 4.000 soldados na Síria.

Como se tal não bastasse, o autor sublinha os custos que os EUA suportaram “to establish a functional democratic government”. Precisamente. A Rússia não precisa de estabelecer um governo porque apoia o que já existe e governo democrático não consta dos seus requisitos.

Contudo, o autor prefere inferir que, tendo por base os gastos dos EUA no primeiro ano das Guerras do Afeganistão (US$ 23 bn) e do Iraque (US$ 51 bn) e comparando com o custo dos primeiros 6 meses da Rússia na Síria (menos de US$ 0.5 bn), esta terá de despender um montante exponencialmente superior. Não lhe passa pela cabeça que a dimensão, tipologia, objectivo e estilo das intervenções são muito diferentes e economicamente incomparáveis.

Imparável, continua dizendo que, ao contrário dos EUA no Afeganistão e no Iraque, a Rússia está praticamente isolada na Síria, “reduzida” ao apoio do Irão que, por sinal, tem sido o mais activo e eficaz interveniente externo regional na Guerra da Síria. Ao Irão somam-se actores estaduais e sub-estaduais provenientes do Líbano, Iraque, Afeganistão e do antigo espaço soviético. Acrescenta que Russia would also have to deal with tremendous pushback from surrounding GCC countries, as well as Turkey and Israel see Assad as a threat to their geopolitical interests in the region”. Ora, a influência dos Estados do Golfo no teatro de guerra actual é muito limitada, a Turquia não quer, nem pode hostilizar a Rússia novamente e não há nenhuma indicação de que Israel apoie activamente a queda do regime de Al Assad. Aliás, Israel tem tido muito empenho em coordenar acções militares e políticas com a Rússia, num reconhecimento da relevância que esta tem actualmente na Síria, facto bem demonstrados pelas 4 visitas que o Primeiro-Ministro Netanyahu fez a Moscovo nos últimos tempos.

De absurdo em absurdo, refere que a Arábia Saudita trabalhará para conter o preço do petróleo a um nível não superior a US$ 50 Dólares por barril, quando os Sauditas têm trabalhado arduamente, também em articulação com a Rússia, para reduzir o output e fazer subir o preço do crude.

No derradeiro parágrafo, vem o ataque final deste Killer Tomato do século XXI:Regional powers involved in Syria do not take Russia’s interference seriously”. Por isso é que as últimas negociações sobre a Guerra da Síria decorreram em Astana, Cazaquistão, sob os auspícios da Rússia e coma participação da Turquia e do Irão.

Attack of the Killer Tomatoes” e “Disengagement from the Syrian Civil War Won’t Come Cheap for Russia” têm em comum serem muito maus e, por isso, tornam-se simultaneamente ridículos, risíveis e lamentáveis.