04 abril, 2013

O Bully

O BULLY

 
A invasão de Átila e dos Hunos em triplicado: Angela Merkel, Christine Lagarde e Wolfgang Schauble.


O episódio do famigerado resgate a Chipre, mostrou a quem ainda não tivesse percebido que há um novo bully na Europa. Tal como muitos outros, muitas vezes repetentes, este também é maior e mais forte do que as vítimas.


Como um bully que se preze, este ataca os mais fracos, mais vulneráveis, mais indefesos. Aliás, o caso de Chipre parece mostrar que quão mais fraca é a vítima, mais o valentão recorre à violência.


Porém, fá-lo de forma capciosa, sob o pretexto de ajudar, com a desculpa de salvar o euro, protestando que a ideia da agressão foi de terceiros, ou justificando as acções porque as maiores vítimas são de fora, da Rússia. No entanto, é o bully que força a rendição, o vergar da cerviz e a miséria da vítima.


A Alemanha vem-se comportando como um bully na Europa. A Grécia é o alvo mais antigo, podendo já ser considerada uma vítima crónica. Já o Chipre foi atingido com uma violência inusitada, como que aproveitando o mais enfezado da turma para lhe dar um correctivo exemplar que aterrorize os restantes.


Wolfgang Schauble, Ministro das Finanças da Alemanha  e um dos rostos do Bully!

Ninguém gosta de ser vítima de bullying. Resta ver se continua a prevalecer o terror do bully, ou se estalará a revolta.


A Alemanha agarrada à receita da austeridade a todo o custo e com Merkel a pensar apenas em Setembro, comporta-se como um bully na Europa. Tal atitude comporta dois riscos:


1-   O de fomentar um sentimento anti-germânico que já teve significativas demonstrações na Grécia, em Chipre, na Itália e em Portugal. O alto-comando do Reich em Berlim devia interrogar-se sobre as causas e as possíveis consequências dessas atitudes.

2-   O de arrasar as economias da Europa Meridional de tal modo, que a Alemanha sofra uma severa contracção das suas exportações para países europeus. Dado que o sector exportador é o dínamo da economia alemã e que 55% dessas exportações são para os outros 26 Estados-Membros da EU, não será surpreendente que a recessão a sul venha a ricochetear mais a norte. Seria o clássico tiro no pé.


Até ver (pelo menos até Setembro) é garantido que o Bully vai continuar a fazer estragos e a gerar inimigos pela Europa fora, de Lisboa a Moscovo. As duas grandes questões são as de saber até onde e quando aguentaram os bullied o bullying e até onde e quando o Bully continuará a praticar o bullying.

6 comentários:

Estella disse...

Não me ocorre nada de muito responsável para argumentar, a não ser algo que roça a xenofobia contra tudo que tenha o carimbo alemão. Um boicote total. Confesso que não tenho consciência do alcance de tal sentimento, mas não duvido de que neste momento todas as formas económicas tradicionais estão esgotadas. O panorama é mundial (claro que uns se vão mantendo à tona roubando as bóias de salvação a quem esbraceja sem forças para se manter à tona e estou a referir-me à Alemanha que prepara um novo reich. Como é que tão poucos dominam e decidem sobre tantos milhões?
O planeta começa a mover-se em areias movediças e todos parecem alhear-se.
Há um ditado chinês que aconselha a não esticar muito a corda porque corre o perigo de rebentar.Quanto tempo mais se aguentará esta?

freitas pereira disse...

• Completamente de acordo com o seu "post", Caro Sr. Miguel Ribeiro. A politica económica dos dirigentes europeus torna a recessão inevitável em todos os países europeus. E que aqueles que ainda lá não caíram não desesperem : eles para lá irão também. As psicologias dos povos da zona euro são demasiado diferentes para que o sucesso económico da Europa possa estar assegurado.
• N realidade, esta política europeia de Draghi, de van Rompouy et de Barroso, dirigida pela Fuhrer Merkel, e seguida por Hollande, é criminosa, porque sempre baseada na mesma receita , isto é, a austeridade e o rigor, aplicada nos países mais vulneráveis, enquanto que , já se viu, que esta política não deu outro resultado que agravar a situação. Este é o caminho da recessão.
• O que quer dizer que, se o Euro sobrevive, será ao custo dum desemprego galopante e dum enorme sofrimento para os povos.
• Infelizmente, estes mandões europeus, encontram sempre os esbirros de que necessitam para impor esta politica, dizendo mesmo que se ela não funciona é porque não vamos suficientemente longe na aplicação e na dureza do tratamento! Linguagem, em suma, tipicamente liberal, que quer dizer que não se é suficientemente liberal!
• Freitas Pereira

Sérgio Lira disse...

O que escreves, Rui, faz-me lembrar "violência doméstica": «levas um par de bofetões com as costas da mão mas não é porque não goste de ti: é para te ensinar a teres um comportamento decente; levas com uma cadeira nas ventas mas não é porque te odeie, pelo contrário: amo-te tanto que não me resta outra alternativa senão espancar-te até aprenderes; dou-te um arraial de pancada tão grande que depois tenho que te levar às urgências, mas não é porque te queira mal: é exactamente pelo contrário, porque gosto muito de ti; acertei-te o passo tantas vezes que acabaste por morrer de traumatismo e hemorragia interna, mas eu fazia tudo por amor - e tu é que tinhas a culpa, que insistias em não aprender nunca, e me obrigavas a bater-te cada vez mais e mais e mais e mais...»

Se calhar também se aplica aquele moço mal-formado, que se permite arrotar alto e ameaçar uma Nação inteira de cima da sua brilhante carreira de nulidade absoluta... ou serão distúrbios que apena Freud seria capaz de explicar?

Rui Miguel Ribeiro disse...

Não sei Estella, mas sei que pior do que os Alemães são os sabujos que lhe fazem o serviço por essa Europa fora, de Coelho e Gaspar, a Papandreou e Samaras, passando por Rajoy e Monti, para não falar de Durão e Rehn. Todos atentos veneradores e obrigados, todos vendidos ou subjugados. Crápulas.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. Freitas Pereira,
Esse é um dos aspectos mais espantosos da actual política: não resulta? Dobra-se a dose. É uma insanidade total. Infelizmente esses tais esbirros não desarmam. Já estou como o meu amigo Sérgio, só quando foram massacrados pela turba enfurecida e desesperada.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sérgio,
Que analogia brutal! E no entanto tão bem encontrada. E como nós sabemos, grande parte da violência doméstica acaba impune. Estranha sorte, triste condição....