A ENCRUZILHADA/ALHADA DO CDS
O CDS está no
governo. O CDS quer estar no poder. O CDS é vítima de bullying no governo. O
CDS quer cada vez menos estar neste governo.
O CDS está no
governo. Está. Mas às vezes põe um pé de fora e faz de conta que sai.
Depois recolhe o pezito e volta para dentro. Mas há sempre algo ou alguém que
se põe de fora. Isto significa que o CDS não está de corpo inteiro no governo.
O CDS quer estar no
poder. Pois, todos os partidos querem, mas o CDS é o único, para além do
PSD e do PS que tem aspirações verosímeis a lá estar. E os partidos existem
para, em última instância, exercerem o poder e aplicarem o seu projecto. E os
partidos precisam do poder para sustentar e aumentar a sua estrutura de apoio,
assim alargando e consolidando o seu poder. Para um partido que esteve no poder
9 dos 38 anos da III República, estar no poder é particularmente importante.
O CDS é vítima de
bullying no governo. Os episódios em que Passos Coelho desrespeita o CDS e aqueles em
que Gaspar faz o mesmo aproveitando a subserviência do Primeiro-Ministro e
usando da sua própria arrogância, são recorrentes. Se Paulo Portas ainda for o
mesmo de antanho, o momento chegará em que a vingança será servida; de preferência
fria e com requintes de malvadez.
O CDS quer cada vez
menos estar neste governo. Não admira: este governo, mais
exactamente o quarteto Coelho-Gaspar-Álvaro Pereira-Mota Soares é um desastre
nacional e político. Cada um deles pugna por medidas mais punitivas para os
cidadãos, cada um deles foge o mais que pode aos compromissos com o eleitorado
e cada um deles tem menos qualidade e sensibilidade política do que um
rinoceronte branco. Dado que o governo é um navio à deriva, metendo mais água
que o Titanic, não é preciso ser rato para se querer abandonar o barco. Se a
isto adicionarmos o referido bullying e a impopularidade galopante do governo e
das suas políticas, não é difícil perceber a crescente vontade que o CDS
sentirá em ir embora.
O CDS está,
portanto, numa encruzilhada: sai ou fica? A vontade e o instinto de
sobrevivência impelem-no para a saída. As circunstâncias amarram-no a ficar.
É aqui em que a
encruzilhada se torna uma alhada. A alhada em que o CDS se meteu ao entrar para
o governo com esta comandita e a alhada que será (é) libertar-se disto.
Penso que a saída do
CDS do governo dependerá de duas coisas: encontrar o timing certo e o pretexto
convincente. Um pouco como na guerra, é vital, por motivos tácticos e
operacionais, encontrar o timing asado para maximizar ganhos e minimizar
perdas. E tal como na guerra, o motivo ou o pretexto é importante para
mobilizar as tropas e convencer os indecisos. Se o pretexto nos for dado, é
mais fácil. Contudo, um bom general também deverá ser capaz de o encontrar, ou
inventá-lo, se necessário for.
Aguardemos pois, o que fará o CDS quando se der a conjugação do
timing e do pretexto/motivo.
3 comentários:
Concordo com tudo, Rui - menos com uma coisa: no que me toca, não haverá reviravolta nem malabarismo que me faça alguma vez na vida voltar a votar no CDS - pelo menos "neste" CDS. O meu voto foi traído. À primeira qualquer cai, à segunda...
Sérgio,
Eu também não poderei votar no CDS. "Empurraram-me para o voto branco....
Meus senhores. O CDS não tem culpa de ter neste momento mau timoneiro. Não penalizemos pois, o Partido, seus ideais, suas matrizes e raízes. O que é necessário é mesmo ir aos congressos, votar no Líder e já se faz tarde... Tenho saudades de Manuel Monteiro, prof.Adriano Moreira e o meu querido e saudoso Chico, F. Lucas Pires. Sei que esses tempos jamais voltarão, mas renascerão outros igualmente honrados e prósperos com o contributo de todos nós!
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