03 janeiro, 2013

A Encruzilhada/Alhada do CDS

A ENCRUZILHADA/ALHADA DO CDS

 

 
O CDS-PP está numa encruzilhada. Com mais propriedade, poderia mesmo dizer que está numa alhada.


O CDS está no governo. O CDS quer estar no poder. O CDS é vítima de bullying no governo. O CDS quer cada vez menos estar neste governo.


O CDS está no governo. Está. Mas às vezes põe um pé de fora e faz de conta que sai. Depois recolhe o pezito e volta para dentro. Mas há sempre algo ou alguém que se põe de fora. Isto significa que o CDS não está de corpo inteiro no governo.


O CDS quer estar no poder. Pois, todos os partidos querem, mas o CDS é o único, para além do PSD e do PS que tem aspirações verosímeis a lá estar. E os partidos existem para, em última instância, exercerem o poder e aplicarem o seu projecto. E os partidos precisam do poder para sustentar e aumentar a sua estrutura de apoio, assim alargando e consolidando o seu poder. Para um partido que esteve no poder 9 dos 38 anos da III República, estar no poder é particularmente importante.


O CDS é vítima de bullying no governo. Os episódios em que Passos Coelho desrespeita o CDS e aqueles em que Gaspar faz o mesmo aproveitando a subserviência do Primeiro-Ministro e usando da sua própria arrogância, são recorrentes. Se Paulo Portas ainda for o mesmo de antanho, o momento chegará em que a vingança será servida; de preferência fria e com requintes de malvadez.


O CDS quer cada vez menos estar neste governo. Não admira: este governo, mais exactamente o quarteto Coelho-Gaspar-Álvaro Pereira-Mota Soares é um desastre nacional e político. Cada um deles pugna por medidas mais punitivas para os cidadãos, cada um deles foge o mais que pode aos compromissos com o eleitorado e cada um deles tem menos qualidade e sensibilidade política do que um rinoceronte branco. Dado que o governo é um navio à deriva, metendo mais água que o Titanic, não é preciso ser rato para se querer abandonar o barco. Se a isto adicionarmos o referido bullying e a impopularidade galopante do governo e das suas políticas, não é difícil perceber a crescente vontade que o CDS sentirá em ir embora.


O CDS está, portanto, numa encruzilhada: sai ou fica? A vontade e o instinto de sobrevivência impelem-no para a saída. As circunstâncias amarram-no a ficar.


É aqui em que a encruzilhada se torna uma alhada. A alhada em que o CDS se meteu ao entrar para o governo com esta comandita e a alhada que será (é) libertar-se disto.


Penso que a saída do CDS do governo dependerá de duas coisas: encontrar o timing certo e o pretexto convincente. Um pouco como na guerra, é vital, por motivos tácticos e operacionais, encontrar o timing asado para maximizar ganhos e minimizar perdas. E tal como na guerra, o motivo ou o pretexto é importante para mobilizar as tropas e convencer os indecisos. Se o pretexto nos for dado, é mais fácil. Contudo, um bom general também deverá ser capaz de o encontrar, ou inventá-lo, se necessário for.


Aguardemos pois, o que fará o CDS quando se der a conjugação do timing e do pretexto/motivo.

3 comentários:

Sérgio Lira disse...

Concordo com tudo, Rui - menos com uma coisa: no que me toca, não haverá reviravolta nem malabarismo que me faça alguma vez na vida voltar a votar no CDS - pelo menos "neste" CDS. O meu voto foi traído. À primeira qualquer cai, à segunda...

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sérgio,

Eu também não poderei votar no CDS. "Empurraram-me para o voto branco....

Hannah Goes disse...

Meus senhores. O CDS não tem culpa de ter neste momento mau timoneiro. Não penalizemos pois, o Partido, seus ideais, suas matrizes e raízes. O que é necessário é mesmo ir aos congressos, votar no Líder e já se faz tarde... Tenho saudades de Manuel Monteiro, prof.Adriano Moreira e o meu querido e saudoso Chico, F. Lucas Pires. Sei que esses tempos jamais voltarão, mas renascerão outros igualmente honrados e prósperos com o contributo de todos nós!