23 março, 2011

Os Passos de Coelho

OS PASSOS DE COELHO

 
 
Pedro Passos Coelho lidera o PSD há mais de um ano, na sequência de mais um desaire eleitoral dos laranjas nas eleições de 2009. De então para cá, percorreu um caminho feito de altos e baixos, mas parece estar a um pequeno passo de se tornar Primeiro-Ministro.

Vamos analisar alguns dos passos de Coelho:

1- Antes de ser eleito Presidente do PSD, perdeu eleições internas face a Manuela Ferreira Leite. Não obstante, continuou em campanha eleitoral permanente o que lhe custou um lugar no Parlamento, mas lhe terá valido uma certa inevitabilidade vitoriosa nas eleições pós-Ferreira Leite.

2- O seu discurso na altura da eleição foi refrescante: num país que precisa de uma rotura no centrão partidário (PSD e PS), o programa liberalizador e desestatizante prometia uma lufada de ar fresco na governação de Portugal, quebrando algumas das grilhetas que nos amarram ao Estado.

3- A proposta de revisão constitucional foi o clássico tiro no pé: foi apresentada fora de tempo, numa altura em os Portugueses não estavam minimamente sensibilizados para a necessidade e importância de tal iniciativa. Como era de prever, a frente de esquerda (PS, PCP e BE) agarrou algumas das ideias propostas, (fim da justa causa nos despedimentos, por exemplo) para descredibilizar a proposta e colocar o PSD na defensiva. Para o PS foi um bónus que permitiu afastar um pouco as atenções da sua desastrada governação.

4- A aprovação do aumento de impostos em Maio de 2010, contrariando uma promessa formal, foi o passo mais desastroso de Coelho, o low point da sua liderança. Em primeiro lugar, pela traição à palavra dada em matéria de grande sensibilidade; em segundo lugar porque veio reavivar a ideia de que há mais cumplicidades do que diferenças entre PSD e PS; em terceiro lugar, porque veio massacrar novamente os Portugueses pelos desmandos governativos; em quarto lugar, a imposição da retroactividade do aumento de impostos foi um acto miserável, eticamente, politicamente e até juridicamente condenável.

5- A gestão da novela orçamental no Outono foi um passo periclitante: é óbvio que Coelho foi objecto de fortes pressões dos seus pares (???) do Norte da Europa para viabilizar o orçamento, mas fê-lo após um processo negocial em que conseguiu desviar algum do enfoque posto pelo Governo no aumento da receita para uma diminuição da despesa.

6- Em 2011, a máxima é ser prudente, acima de tudo evitar passos em falso para não estragar aquilo que as sondagens prometem estar perto: a ascensão ao poder. No meio da prudência, consegue ler-se um regresso ao discurso inicial de mudança de paradigma, de redução efectivo do peso do Estado falido e devolução de poder, meios e competências aos cidadãos.

7- Este texto foi escrito há cerca de um mês atrás. Hoje, Coelho prepara-se para dar o passo mais importante da sua vida – chumbar o PEC 4 (novo assalto à carteira e à dignidade dos Portugueses pela dupla Sócrates/Teixeira) e abrir caminho a novas eleições. O timing melhor seria dentro de 3 meses, mas o desvario governamental antecipou-o para agora. Coelho não mordeu o isco nem cedeu à chantagem do “ou o PEC ou o dilúvio”.

8- Se tudo correr normalmente, no início do Verão se verá o que pensam os Portugueses deste último passo de Coelho: nessa altura se verá se dá o salto para S. Bento, ou se deu um passo maior do que as pernas. A bem do país, espero que o desfecho seja o primeiro.

8 comentários:

Sérgio Lira disse...

Passos muito atrapalhados, diga-se... esses que tu referes, Rui, mas talvez mais ainda os dos últimos dois dias. Este Coelho tem feito sempe o mesmo, que ou é ingenuidade ou é burrice: começa por afirmar grandes coisas, duras e irredutíveis, para depois as desdizer quase acto contínuo. Ainda não chegou à hiperbólica mentira socrática, mas vai no "bom" caminho. Isto só pode dar esvaziamento do centrão e fortalecimento das pontas do espectro político - o que, com franqueza, não consigo saber se é bom ou mau, dada a péssima qualidade do centro. No nosso caso, definitivamente, a virtude não está no meio.

Helena Alexandra disse...

acredito que a única solução será Passos e Portas!!! Estou confiante na direita!!! Aliás, mesmo com as baralhações de Passos Coelho ainda acredito que vai melhorar e estarei pronta para o "combate" de Maio!! Apesar de ter sido expulsa do PSD...

Helena Alexandra disse...

Acredito que o centrão terminou aqui!! Acrdito em Passos e Portas! Acredito na direita pura e simples!!!Estou pronta para o "combate" de Maio.

Sérgio Lira disse...

Nota de actualização: ouvi a entrevista que Passos Coelho deu à jornalista Clara de Sousa. Desta vez esteve bem, mesmo perante uma jornalista um tanto insidiosa em algumas das questões. Não se atrapalhou, não perdeu a linha, não fugiu às perguntas. Esteve bem. Falta saber se ele próprio afinou o discurso, ou se alguém lhe montou um boneco mais estabilizado.

Alberto Martins disse...

Passos, sim é tempo de darmos o Passo mas com tino.
PASSOS, PORTUGAL está carente de projecto e não de medidas.
PASSOS, as implementados pelo “corajoso” Eng. José Pinto de Sousa não chegaram.
PASSOS, as que vem na senda conduzem-nos ao abismo.
PASSOS, sem economia como (não) vamos pagar ao Deustche Bank e aos outros?
PASSOS, ajudaram-nos afundar porque não saem de cima.
PASSOS, está na hora de evocar à “poderosa” Sra. Merkel que os cadáveres não pagam.
PASSOS, só a mudança de paradigma poderá ajudar á liquidação das “nossas” dívidas.
PASSOS, o Mar e a Terra esperam por nós.

Viva Portugal



PS. Sra. Chanceler o povo Alemão não se deixa embrulhar, ao contrário dos nossos bajuladores.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sérgio,

O problema de PPC está expresso nos teus 2 comentários: tanto tem um discurso correcto, lúcido e bem direccionado, como incorre em erros crassos que lhe minam a credibilidade. Parece que é instável ou, como insinuas é ensaiado e quando falta ao ensaio...

Rui Miguel Ribeiro disse...

Helena Alexandra,

Com todos os defeitos, neste momento também penso que PSD/CDS, ou Passos/Portas é a única sída para o país. O Centrão é algo de abominável!!!

Rui Miguel Ribeiro disse...

Alberto,

Não sei se o seu "grito" é de incentivo, revolta ou desespero, ou até um pouco de tudo, mas a "mudança de paradigma" é mesmo o que precisamos.