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22 janeiro, 2011

Hu em Washington

HU EM WASHINGTON
 

A visita de Hu Jintao, Secretário-Geral do Partido Comunista Chinês, a Washington correu bem. Não que tenha havido grandes avanços em temas importantes das Relações Internacionais globais ou nos diferendos bilaterais, mas simplesmente porque nada correu mal.

Refere-se que na anterior visita, em 2005 com George W. Bush na Casa Branca, a visita foi considerada oficial e não de estado, nem teve banquete de gala (só um almoço) e que houve umas gaffes. Como desta vez a visita foi considerada como sendo “de estado”, como houve banquete, como as gaffes não surgiram e as duas partes emitiram mensagens de cordialidade, aí está o sucesso!

Not so fast. Nestes dias ouviram-se e leram-se muitas críticas dirigidas àqueles que prevêem um futuro pouco harmonioso nas relações sino-americanas. Vozes tão distintas como as de Henry Kissinger, que na sua velhice amoleceu muito em relação aquilo que era, defendia e fazia há 30/40 anos atrás, acusaram quem defende essa evolução como apóstolos de uma nova Guerra Fria entre os EUA e a China.

Contudo, a realidade não desapareceu nem se transfigurou com os brindes de Obama e de Hu. As divergências sobre a abordagem aos problemas colocados pela Coreia do Norte mantêm-se. O posicionamento em relação aos programas nucleares do Paquistão e do Irão é diferente, para não falar dos problemas na frente económica, nomeadamente a questão cambial.

Mais importante do que estes temas é a ascensão político-militar da Pequim que, mais cedo ou mais tarde, a colocará em rota de colisão com Washington. Os Estados Unidos são a potência militar no Extremo Oriente, poder esse sustentado na forte presença naval, nas bases espalhadas por toda a região e no estacionamento de tropas no Japão, na Coreia do Sul e em Guam.

A China, na sequência do seu sucesso económico, vem assumindo uma política externa crescentemente agressiva, nomeadamente face aos seus vizinhos, enquanto, paralelamente, lançou um forte programa de modernização militar que, a médio prazo, poderá pôr em cheque a supremacia norte-americana no Pacífico Ocidental.

Se tal vier a acontecer, nenhuma das duas potências poderá recuar sob pena de entregar os pontos estratégicos e as vitais rotas marítimas vitais, desde Malaca até à Península da Coreia, ao controlo do adversário (sim, nesta altura serão abertamente adversários).
 
O Mar do Sul da China (South China Sea), zona de atrito da China com os seus vizinhos e com os EUA.
 
É evidente que as coisas não têm que ser assim, mas os países da região (Japão, Singapura, Vietname) já se aperceberam que o trend é este e não é uma cimeira simpática que vai alterar as tendências estruturantes. Simplesmente não é provável que uma grande potência em ascensão se satisfaça permanentemente com a segunda posição, nem que uma potência dominante aceite de bom grado partilhar a sua hegemonia e muito menos a sua substituição.