Sabemos
que no nosso país, quando se fala de ferrovia, tal é normalmente sinónimo de
megalomania: TGV’s em múltiplas direcções e, se possível, a parar em todas as
terrinhas, tudo desfasado da realidade económica portuguesa e da real valia e
função da alta velocidade ferroviária. Admitimos que uma ou outra seja
compensadora e necessária, mas o que Portugal precisa urgentemente é de uma
nova linha realmente rápida entre o Porto e Lisboa e a criação e/ou recuperação
de redes ferroviárias que favoreçam a mobilidade entre as cidades médias e as
pessoas que vivem no interior e que constituam um incentivo e uma mais-valia
para as indústrias e a agricultura do interior de Portugal ao nível de um
eficaz transporte de mercadorias.
Concretamente,
no que concerne o nosso distrito, cuja densificação de tráfico rodoviário se
acentua de ano para ano, a Aliança propõe a construção de um verdadeiro
quadrilátero, que uma una o núcleo duro da região através de uma nova ferrovia
com 4 percursos: Guimarães-Braga, Guimarães-Famalicão, Braga-Barcelos e
Famalicão-Barcelos.
Devidamente
concebido e organizado, esta rede de linhas de comboio permitiriam um
transporte rápido, sem bloqueios, capaz de transportar um grande número de
passageiros e ainda mercadoria entre estes 4 centros urbanos. Tal desencadearia
um significativo alívio do congestionamento rodoviário, viagens mais rápidas,
mais baratas e com uma duração mais previsível para os passageiros e com
benefícios óbvios para as empresas. A isto acresce os benefícios ambientais decorrentes
do incremento da ferrovia e da previsível e correspondente diminuição do
tráfego rodoviário.
Para
que o projecto seja bem sucedido e a bem da eficácia, o número de paragens em
apeadeiros deve ser reduzido, o que não invalida vantagens para as populações
locais e para empresas localizadas nas proximidades. É, contudo, crucial que
haja rapidez e eficiência que gere atractividade.
Se
este projecto obtiver o sucesso que se espera, poderá contemplar-se, a médio
prazo, extensões que levem o benefício da ferrovia a outras paragens e pessoas.
A “ressuscitação” da linha de caminho-de-ferro Famalicão-Póvoa de Varzim/Vila
do Conde, por exemplo, simplificaria o acesso das cidades do médio Ave ao
litoral atlântico.
Finalmente,
urge colmatar uma lacuna velha de décadas que é a duplicação da linha férrea
entre o Porto e Guimarães, empreitada que, lamentavelmente, ficou por fazer
quando se realizou a respectiva electrificação e ainda uma melhor e frequente
legação de comboios Alfa Pendular e Inter-Cidades entre as cidades de Guimarães
e de Braga e a do Porto.
EDUCAÇÃO
A
Educação é uma componente essencial para erguer uma sociedade assente em jovens
e adultos com competências, habilitações, conhecimentos e civismo capazes de os
elevar a eles e ao seu país.
Sem
entrar em demasiados detalhes, a educação do chamado ensino básico fica
frequentemente aquém do epíteto “básico”. Independentemente dos curricula e da
política educativa em geral, há um conjunto de situações inadmissíveis que
corroem o sistema de ensino e a própria e que deviam ser rectificadas de
imediato.
→ Enquanto os professores, que exercem uma profissão
nobre e crucial, não forem respeitados pelo Estado, pelos pais, pelos
directores e pelos alunos, é impossível as coisas correram bem.
→ Enquanto os professores forem coagidos a “subir” uma nota
2 para um 3 para que um aluno não reprove, não vamos longe. Pior ainda quando
esses alunos têm um lastro de 4, 5, 6 negativas e mesmo assim passam de ano.
Isto é escarnecer os professores, dos outros alunos e transformar a educação
numa comédia.
→ Enquanto o combate às reprovações for feito pela manipulação
dos resultados em vez da aposta na melhoria e no estudo efectivo do aluno,
estamos a enganar-nos a nós próprios.
→ Enquanto houver situações recorrentes de barulho,
confusão, desordem e gritaria nas salas de aula em vez de um ambiente de trabalho
e de estudo, as coisas não correrão bem.
→ Enquanto os alunos recorrentemente mal comportados,
malcriados e/ou agressivos forem castigados com um mero “cartão amarelo”, o
incentivo à insolência e ao desrespeito estarão a ser fomentados.
→ O mérito escolar deve ser reconhecido, sem exageros nem
pruridos. Haverá sempre uns melhores do que outros. O reconhecimento dos muito
bons é uma recompensa merecida, não é, nem pode ser encarada como uma
humilhação dos que não atingiram um patamar tão alto.
→ A sobrecarga horária escolar que obriga muitas crianças a
passar mais de 10 horas, em ambiente escolar, para não mencionar as actividades
extra-curriculares é outra barbaridade. Os meninos precisam de aprender, mas
têm direito ao e necessidade de lazer, à brincadeira, à descompressão. Tem de
haver um equilíbrio.
→ Last but not least, enquanto
as famílias não se convencerem que a educação, o respeito, a compostura e o bom
comportamento começam em casa no seio da família, que a autoridade são os pais
e não os filhos e que a escola pode dar um contributo mas que esta não é a sua
função fundamental, teremos uma
sociedade e escolas pautadas pelo desrespeito, pela má educação, pela falta
de empenho escolar, pelo não saber estar, enfim, pela proliferação da
grosseria.
Educação, disciplina,
enfoque na aprendizagem, respeito e empenho são as palavras-chave para a nossa
escola.
Uma última nota para a
influência que as Câmaras Municipais exercem sobre as escolas. Uma coisa é
apoio logístico e o apoio a algumas actividades, outra bem diferente e bem pior
é a interferência política e pedagógica nos assuntos escolares. O que é da
escola deve ficar na escola.
SAÚDE
A
saúde é uma das maiores prioridades da Aliança, tendo as suas lacunas,
ineptidões e ineficiências sido amplamente denunciadas pela Aliança ao longo
dos últimos meses, especialmente no que concerne o Serviço Nacional de Saúde
(SNS).
Não
cabe à Aliança distrital fazer o diagnóstico e dar a receita para a calamidade
do SNS, porém, sendo esta uma das maiores preocupações dos Portugueses e, em
particular dos nossos concidadãos, entendemos fazer algumas considerações.
A
saúde tem de ser recentrada no doente. O doente é a razão de ser do SNS e é em
função das suas necessidades que deve ser idealizado e formatado.
Desde
a criação do SNS, o seu serviço ao cidadão alicerçou-se em 2 vectores
fundamentais:
1. 1- Cuidados Primários, na
forma de Centros de Saúde, com diferenciação mais recente em USFs, com modelo
de gestão empresarial liderado pelos funcionários e colaboradores e financiado
pelo Estado, numa lógica de cumprimento de contratos de execução e cumprimento
de vários parâmetros que se sabe garantirem a qualidade de saúde do utente e da
própria comunidade. A ideia destes recursos consiste em melhorar os parâmetros
de saúde, prevenir a doença, melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e a sua
capacidade produtiva. Também funcionam como primeiro recurso em caso de
necessidade
2. 2- Hospitais, dotados de
recursos humanos e materiais (instalações e equipamentos) capazes de resolver
casos mais complexos ou diferenciados, ou exigindo internamento para o seu
estudo e tratamento.
Mais
recentemente esta estratégia foi complementada com a criação das…
3. 3-
Unidades de Cuidados
Continuados.
Nesse
sentido, foi criada, no final de 2006, a Unidade de
Missão para os Cuidados Continuados Integrados (UMCCI) com o
objectivo de assegurar
[…] a implementação de serviços comunitários de
proximidade, através da indispensável articulação entre centros de saúde,
hospitais, serviços e instituições de natureza privada e social, em
interligação com as redes nacionais de saúde e de segurança social.
Tendo em
conta o progressivo envelhecimento da população, o aumento da esperança média
de vida e o aumento de pessoas com doenças crónicas incapacitantes, tornou-se
imperiosa a criação e implementação da RNCCI, tendo em vista desenvolver
cuidados de saúde e de apoio social às pessoas mais velhas e às pessoas em
situação de dependência, de acordo com uma abordagem intersectorial e baseada
no utente.
Foi assim criada a Rede Nacional de
Cuidados continuados integrados.
A
RNCCI integra as valências de convalescença, de média duração, de longa duração
e as Equipas de Cuidados Continuados Integrados (ECCI) domiciliários. Tratou-se
de um verdadeiro avanço civilizacional que permitiu que doentes que perderam a
autonomia de forma aguda, é que antes ficavam a cargo da família ou comunidade,
passassem a dispor deste instrumento vital na recuperação do doente que perdeu
a autonomia e que a pode recuperar total ou parcialmente, com recurso a
Unidades dotadas de meios humanos e materiais especializados neste tipo de
tratamentos, devolvendo-lhe autonomia e produtividade com os evidentes benefícios
próprios, familiares e comunitários. Mesmo aqueles cuja recuperação é reduzida
ou inexistente são apoiados nas Unidades de Longa Duração (ULD) ou em
internamento no seu domicílio, com apoio das ECCI, vitais para reduzir o peso
económico-social e para humanizar os cuidados.
Com a
extinção da UMCCI, quando foi considerado que o seu papel de organização
instaladora da rede estava cumprido, a gestão da RNCCI passou para as ARS’s da
respectiva região. Tal alteração, apesar de lógica, incrementou as relações de
proximidade entre a gestão central regional da RNCCI e os hospitais centrais e
de agudos das respectivas regiões. O que se foi verificando foi a transformação
da RNCCI em recurso privilegiado para aliviar os caros internamentos
hospitalares prolongados, nomeadamente com casos sociais que não tinham forma
de regresso à comunidade sem apoio transferindo esses doentes para as unidades
da rede. Esta necessidade, aparentemente lógica, na realidade desvirtuou a
estratégia de resolução atempada e eficiente de casos recuperáveis que
circulavam pela RNCCI voltando a recuperar autonomia para regressarem à
comunidade, passando a existir uma quantidade significativa de camas da Rede
ocupadas pelos tais doentes que interessava tirar dos hospitais de agudos, que nada
mais tinham a oferecer-lhes. Ora se um doente destes custa 500 ou 600€ por cada
dia numa cama hospitalar e custa 114€ numa unidade de Convalescença ou menos
nas outras tipologias, o que parece validar a estratégia em curso, a verdade é
que estes utentes sem solução para regresso à comunidade passaram a entupir as
camas da RNCCI, muitas vezes complicando o fluxo dos doentes recuperáveis, com
algum desvirtuamento dos objetivos da Rede.
A
solução deste grave problema, que tem implicações nem sempre evidentes, mas em
geral nefastas na saúde financeira das unidades da Rede, comprometendo a
capacidade das instituições privadas e da área social que instalam este tipo de
unidades, só será possível com um repensar estratégico e profundo da própria
RNCCI e, mesmo, da própria estrutura estratégica do SNS, recentrando-o no
doente mais que na gestão das camas. As entidades participantes deste
processo, União da Misericórdias Portuguesas, Associações de Hospitalização
privada, ARS, Administrações
hospitalares e ACSS deviam reunir-se seriamente, sem preconceitos nem
atitudes pré-concebidas. O objectivo vital que é a base de tudo é o tratamento
para máxima recuperação do cidadão.
Quanto
aos recursos hospitalares enquanto sede de resolução de problemas de saúde mais
graves, mais prolongados ou mais diferenciados, registe-se que na última
década considerou-se que o papel do Estado seria manter apenas alguns grandes
hospitais onde se concentrariam o máximo de recursos para melhor desempenhar
essa tarefa essencial à saúde dos cidadãos. O que se verificou foi que, para
atingir esse objectivo, procedeu-se à uma verdadeira canibalização de todos os
recursos dos hospitais mais pequenos. Estes foram essencialmente abandonados a
tarefas cada vez mais indiferenciadas e dispensáveis (veja-se os casos dos
hospitais de Famalicão e de Fafe), tendo-se chegado ao encerramento de
diversas unidades hospitalares pré-existentes. O resultado desta política não
tardou a notar-se: sem qualquer percepção do facto a nível dos tais
mega-hospitais, estes recursos afastaram-se cada vez mais do cidadão. Afogados
em elevado número de utentes que lhes cabiam em responsabilidade e humanamente
incapazes de assegurar a melhor qualidade de atendimento a toda esta população
(por exemplo o Hospital de Braga, nalgumas especialidades, tem a seu cargo 1
milhão e meio de habitantes), foi sendo progressivamente mais difícil os
cidadãos serem atendidos atempadamente. Acresce que a necessidade de
cumprir a contratualização acordada com a ARS pelos Centros de Saúde, em muitos
casos, afastou os cuidados clínicos nas USFs do atendimento suficiente em
número e tempo dos casos de doenças não programadas. Em muitos casos o utente
que fica inesperadamente doente não encontra atendimento atempado na sua USF e
não consegue atendimento eficaz no seu maga-hospital de referência. Falta
reactivar hospitais mais pequenos e de funcionamento mais ágil, mais perto do
cidadão, servindo de ponte entre o domicílio, a USF e o hospital central. Isso
pode ser feito reavivando unidades públicas regionais ou locais entretanto
decadentes por falta de investimento ou lançando mão de parcerias com entidades
privadas ou da Área Social, historicamente com apetência e preparação para
estas tarefas em complemento do sector público. Estas soluções racionalizariam
a pressão de doentes sobre os hospitais centrais, que assim poderiam finalmente
encontrar meios e condições para assumirem o papel originalmente destinado.
Como disse, este é o um problema nacional, mas
que obviamente afecta seriamente o nosso distrito e sobre o qual temos o
direito e o dever de intervir. Os cidadãos têm o direito ao acesso aos cuidados
de saúde, mormente, como já propôs inúmeras vezes a Aliança, adoptando um modelo de financiamento gradual, que assente na
generalização dos seguros de saúde e/ou a abertura à ADSE, que fomente a
igualdade de acesso dos cidadãos à Saúde, em qualidade e celeridade, permitindo
a liberdade de escolha a todos.
Em nome
do interesse de Portugal e dos Portugueses, é um dever que as principais
entidades responsáveis se reúnam seriamente, ao mais alto nível e com sentido
patriótico para resolver de forma humana, séria e credível um dos problemas
mais graves que afectam Portugal. Refiro-me nomeadamente, ao Ministério da
Saúde, ao Ministério das Finanças, que já devia ter cancelado todas as
cativações, ao Ministério da Segurança Social, à União das Misericórdias de
Portugal, às entidades privadas, às ARS, às Ordens dos Médicos e dos
enfermeiros, à ADSE, às seguradoras e às mutualidades.
Um
trabalho sério, honesto, credível e com um timeline limitado seria o mínimo que
os responsáveis pela saúde deviam fazer pelos Portugueses!
ESTADO v CIDADÃOS
Um dos mais sérios problemas que os cidadãos Portugueses
enfrentam é o da nossa relação com o estado. Nós sofremos com uma perversão das
prioridades que posso sintetizar numa frase: o Estado actua de forma que os cidadãos estão ao seu serviço quando, na
verdade, o Estado existe para servir os cidadãos. Não é aceitável que o
estado coaja, controle, esprema e vigie os cidadãos e deles abuse como o faz.
Não é aceitável a proliferação de “Autoridades” autoritárias. Não é tolerável
que possa haver uma velada presunção de culpa. Efectivamente, o actual estado
coarta a nossa Liberdade.
As finanças são talvez a mais alta autoridade do país
actualmente e faz dela o que bem lhe apraz: multas quase iguais a uma dívida
paga com um dia de atraso, recurso a penhoras de forma irresponsável, aplicação
de restrições arbitrárias à utilização de dinheiro como se os reais corruptos e
branqueadores de capital se dessem ao trabalho de branquear 1000 euros numa
repartição das finanças ou no escritório de um notário, exerce uma fiscalização
crescente sobre as contas bancárias, maximiza a burocracia com decisões
ridículas e redundantes como a dita “validação” das facturas que estão já
identificadas com o nº de contribuinte, aumentando a burocracia e dificultando
a vida dos cidadãos. A caça aos contribuintes na estrada com a conivência da
GNR é o último miserável exemplo deste exercício de total impunidade.
Vivemos num país com uma tremenda carga fiscal do IRS ao
IRC, passando pelo IVA, pela dupla tributação, pela interminável criação de
taxas que oneram mais directamente os cidadãos. Até as autoridades não fiscais,
como as policiais, se empenham na recolha de receitas através da comummente
designada “caça à multa” e isto não é um cliché: quando se passa por uma zona de
uma via rápida onde se circula bem a 100/120 km/h e há um sinal que limita a
70km/h acompanhado pelo radar e umas centenas de metros depois temos curvas
complicadas com limites de 90 km/h e sem radares, estamos conversados.
No plano da Justiça vemos frequentemente vítimas serem
desprezadas e muita preocupação com o criminoso. Este tem os seus direitos, mas
devem ser limitados ao razoável. A vítima é que é a merecedora da maior
protecção e compensação. A Aliança não subscreve a inversão de valores esquerdizante
de que o criminoso é o coitado enquanto a vítima é secundarizada e a própria
polícia é acusada de não lidar com perigosos bandidos com carinho.
Isto são apenas alguns exemplos da forma como o Estado
maltrata ou despreza os cidadãos com o maior despudor e a maior impunidade. Embora isto não seja matéria exclusivamente distrital,
deverá ser uma das prioridades da Aliança.
O Estado tem o dever de proteger os cidadãos e de vigiar e
punir os que tenham comportamentos efectivamente condenáveis.
Os cidadãos têm o direito de vigiar as actividades das
entidades estaduais e denunciar os eventuais abusos ou lacunas.
Os cidadãos portugueses não se devem limitar ao
imprescindível voto, têm de fazer valer os seus direitos a serem respeitados e
bem tratados pelo Estado; só quando fizermos valer os nossos direitos e nos
insurgirmos com o desrespeito por eles é que a ordem estabelecida voltará ao
normal: o Estado deriva da vontade dos cidadãos e não o contrário. Enquanto
essa inversão não acontecer continuaremos subjugados aos caprichos, abusos e
inépcia do Estado, nos planos político e burocrático.
Em vez de ESTADO v CIDADÃOS temos de ter ESTADO com CIDADÃOS.
LÍTIO: SIM OU NÃO?
O lítio
é hoje, porventura, um dos assuntos mais escaldantes em Portugal quando se
pensa em investimento, mensagem, ambiente, ganhos e perdas. O lítio é um metal
como muitos outros que existem em maior ou menor quantidade e que podem ter
múltiplos fins de maior ou menor valia. No caso do lítio, as funções que
desempenha são muito relevantes, especialmente na indústria: vidro e cerâmica
resistente ao calor, aditivos na produção de aço, ferro e alumínio, na
nano-soldadura de silício, metalurgia e, o mais relevante e falado actualmente,
na produção de baterias de lítio e de iões de lítio. A isto acresce ainda o seu
uso para fins medicinais.
Não
vale a pena estar com panos quentes: a actividade de mineração pode ter valores
acrescentados que sejam preciosos para o desenvolvimento económico e social de
uma população, de uma região, ou de um país. E a inversa também pode ser
verdadeira, se os riscos inerentes à actividade, e há-os sempre, forem
superiores ao retorno potencial.
O
relevante é tratar este assunto com racionalidade, sem dogmas, sem palas
ideológicas ou oportunismos bacocos.
O
processo tem três momentos diferenciados, com objectivos e impactos diversos: a
prospecção, a pesquisa e a exploração.
A
prospecção e a pesquisa são estudos em diferentes graus da geologia dos terrenos,
com vista a saber o que existe e em que condições, com que distribuição
espacial, concentração, etc. Enquanto a prospecção analisa os terrenos a partir
da superfície, utilizando métodos geofísicos não intrusivos e apenas recolhendo
amostras na superfície, a pesquisa já envolve furos para recolha de amostras em
profundidade.
A
prospecção, se for bem feita, define com maior precisão os alvos da pesquisa,
reduzindo ao mínimo esse tipo de intervenção e determina a forma de o fazer e
onde o fazer sem afectar os níveis freáticos e sem contaminação de águas
subterrâneas.
Quanto
mais soubermos sobre o nosso território e o que ele contém, melhor. Por isso, a
prospecção deve ser incentivada com as devidas precauções, mas quanto mais bem
feita for, mais e melhor conheceremos o nosso território e as eventuais
riquezas que lá existam.
Isto
significa que um cuidado estudo das condições do terreno, da natureza do
subsolo e da água existente e dos minérios (em qualidade e quantidade) e dos
riscos envolvidos são algo de inegociável.
A
exploração já tem um impacto ambiental mais forte, mas é também a fase que
permite que se extraia riqueza e benefícios para Portugal e para os
Portugueses, se for caso disso.
É,
também, importante conhecer a importância industrial, económica e até ecológica
do lítio antes de nos precipitarmos para conclusões pré-formatadas em
convicções ideológicas ou preconceitos. Não se afirma que a extração do lítio é
a actividade mais limpa e higiénica à face da Terra, mas já existem
substanciais cuidados na execução da exploração e também se deve focar o nosso
interesse naquilo que está em jogo. Leia-se, a título de exemplo a seguinte
citação:
Take
lithium, or the "white metal." Lithium –
a common geological commodity – is difficult
to extract due to its density. An alkali metal, lithium is used
in the production of alloys and glass, in chemical synthesis, and in
rechargeable storage batteries. These batteries, referred to as lithium-ion
(li-ion) batteries, are used in everything from portable electronics to
military, vehicle and aerospace applications. Business intelligence firm
Visiongain calculates that the global lithium-ion battery market will
see capital expenditure (CAPEX) of $34,292
million in 2018. The market for li-ion batteries is clearly
a significant percentage of the total battery revenue market share.
As
baterias de lítio estão entre as que mais rapidamente recarregam, que acumulam
mais energia e têm 1/3 do peso das de chumbo. Mesmo na relevante questão
ambiental, apesar das maiores companhias mineiras serem responsáveis por 211
milhões de toneladas métricas de emissões de CO2, os metais que extraem, nomeadamente
o lítio, têm um contributo muito significativo na redução da emissão de CO2
através das baterias em carros eléctricos, turbinas e redes eléctricas
inteligentes (smart grids).
Embora
não haja garantias sobre que tecnologias prevalecerão no futuro a médio prazo,
o lítio aparece bem posicionado no previsível mercado do futuro:
Many point to better
li-ion battery performance and lower production costs on the horizon,
arguing that, for the foreseeable future, the li-ion battery is likely
the battery technology platform that will see the most development and
deployment. Improving efficiencies through innovation is importantly
present across the lithium industry. There are many new junior players,
including the next lower-cost lithium producers through either a new
technology or strategic approach.
Como
se pode constatar no quadro infra, as perspectivas de crescimento da utilização
do lítio são bastante interessantes, especialmente nas baterias, no vidro e na
cerâmica.
The technology mix remains largely unchanged. Lithium-ion
battery storage continued to be the most widely used, making up nearly 85% of all
new capacity installed.
In IAE
(International Energy Agency) em
Lithium-ion batteries Lead-based batteries Flywheels Flow batteries Sodium
sulphur batteries Compressed air Supercapacitors Zinc
air Other
2011 41.0 36.0 13.0 4.0 3.0 0.0 0.0 0.0 3.0
2012 30.0 32.0 22.0 5.0 5.0 1.0 4.0 0.0 1.0
2013 63.0 10.0 11.0 6.0 8.0 1.0 0.0 0.0 2.0
2014 66.0 10.0 2.0 1.0 19.0 1.0 0.0 0.0 2.0
2015 73.0 6.0 1.0 4.0 9.0 0.0 0.0 0.0 8.0
2016 88.0 5.0 0.0 0.0 4.0 0.0 0.0 0.0 2.0
{"chart":{"type":"column","height":"45%"},"plotOptions":{"series":{"stacking":"percent"}},"tooltip":{"valueDecimals":0,"valueSuffix":"%"},"legend":{"align":"right","layout":"vertical","verticalAlign":"middle","reversed":true},"yAxis":{"labels":{"format":"{value}%"},"reversedStacks":false,"max":100}}
Como
se pode constatar no gráfico-supra, a
evolução da bateria de iões de lítio
como armazenamento de eleição tem
crescido de forma contínua e brutal desde 2012, passando de uma percentagem de
cerca de 25% para uns avassaladores 85% em 2016.
O
capital anual investido, as precauções a tomar nas diversas fase da exploração
e o domínio avassalador que o lítio apresenta correntemente na Europa, América
do Norte, América do Sul e Ásia, permite-nos inferir que um processo de
exploração do lítio em certas zonas de Portugal realizadas com as devidas
medidas científicas, tecnológicas e ambientais, poderá representar um
significativo boost económico para Portugal, especialmente para as regiões que
mais carentes estão de desenvolvimento e de bem-estar, que são as do interior
de Portugal.
Existem
empresas portuguesas e estrangeiras com sérios interesses na exploração do
lítio, nomeadamente em Portugal, na Suécia e na República Checa. No caso
português, a tipologia do lítio é altamente favorável sendo considerada a única
capaz de responder à procura a curto prazo:
Novo Lítio was formerly known as Dakota Minerals. Novo Lítio is Portuguese, and means
"New Lithium" in English.
Novo Lítio is a near term lithium producer. The PFS is in the
works and they intend to be in production by Q2 2019. Unlike the top two picks,
they are a hard rock lithium miner. Hard rock lithium miners are the only
way lithium supply will meet demand in the near term. Starting up a new
lithium brine operation is much more expensive than hard rock, and it takes a
long time to reach advertised capacity.
High Risk/High Reward Lithium
Mining Companies To Invest In, 23/10/2017 at
A
preservação do ambiente é uma prioridade assumida da Aliança e como tal, serão
feitas as pesquisas e estudos que forem necessários para apurar da viabilidade
da exploração do lítio. O progresso e o crescimento económico e social de
Portugal são uma prioridade incontornável da Aliança. Não só, mas também por
isso, a Aliança rejeita reacções cegas e dogmáticas sobre assuntos tão vitais
quanto estes são para Portugal e para os Portugueses. Destes se tirará as
ilações de custo-benefício e se tomará a decisão final. Contudo, devo
acrescentar que, daquilo que analisámos, o mais provável é que a exploração do
lítio seja uma excelente oportunidade de crescimento e desenvolvimento que
superará largamente os eventuais inconvenientes.
Convém
também lembrar, especialmente numa época em que por vezes o pensamento
unidirecional (ou até único) prevalece vezes demais, que o progresso tem
custos. É um facto comprovado e quase inevitável. Pode-se, evidentemente, ter preferências e
convicções, mas se um determinado projecto ou decisão nos tirar 1 e nos acrescer
6, só nas mais radicais situações limite poderá haver uma dúvida razoável sobre
a bondade da decisão final. Os devidos e competentes estudos esclarecer-nos-ão
melhor.
Há um
outro factor relevante: o tempo. A tecnologia das baterias e da sua capacidade
de utilização e armazenamento de energia estão em constante evolução. Uma das
maiores apostas no futuro é o das baterias de papel. Existem estimativas que
estas poderão ser competitivas com as de lítio no espaço de pouco mais de uma
década. Isto significa que a janela de oportunidade de capitalizar o lítio
pode ter cerca de 10/20 anos, após os quais poder-se-á gradualmente ir
fechando e a oportunidade de Portugal capitalizar um recurso que está na crista
da onda fenecerá. É um luxo ao qual dificilmente o nosso país se poderá dar.
Finalmente,
há factos concretos e irreversíveis que não se podem ignorar, que são
investimentos de dimensões colossais que estão em curso, baseados no lítio.
O exemplo mais flagrante é a Gigafactory da Tesla na qual Elon Musk apostou
totalmente nas baterias de iões de lítio. A estimativa anual de produção é de
35Gwh, mais do que a soma das baterias produzidas em todo o mundo em 2013. Com
um investimento e desenvolvimento deste calibre é quase impossível que a Tesla
se venha a voltar para outro tipo de baterias, mais a mais quando as de lítio
apresentam múltiplas vantagens: é a bateria com maior densidade energética, é a
mais eficiente das que estão no mercado, a que transfere uma maior quantidade
de energia eléctrica, é mais duradoura, mantendo uma performance de 80% após
500 a 10.000 carregamentos.
Embora
o seu preço seja mais elevado que o da concorrência, a tendência é para uma
descida relativamente rápida. Nem tudo é celestial: a bateria de iões de lítio
pode explodir em caso de sobrecarga ou sobreaquecimento, pelo que contém
circuitos de protecção cuja tecnologia também vem sendo rapidamente
desenvolvida. Toda esta informação não é despicienda: Elon Musk é um dos
empresários mais ousados e bem sucedidos no mundo e que aposta na eficiência da
economia de escala e na curva de conhecimento para o sucesso dos seus
projectos, como o dos foguetões Falcon. Numa palavra, o Tesla vai ter uma
bateria: a de iões de lítio.
Mais,
o Departamento de Energia dos Estados Unidos lançou um projecto de grandes
dimensões para o desenvolvimento de uma nova geração de baterias de iões de
lítio que dispensarão o uso do cobalto, metal raro e caro, o que permitirá num
prazo estimado em três anos, reduzir o custo das baterias e aumentar a
durabilidade dos aparelhos que delas dependam. A introdução de componentes
alternativos na montagem das baterias, fará com que a tecnologia de iões de
lítio continue a dominar o armazenamento de energia por muito tempo.
Como
referiu o cientista
Gerd Ceder
do Lawrence Berkeley National Lab, So, I’m not excluding that other
technologies can penetrate into the grid, but they should not underestimate the
competition from the incumbent. The incumbent is always a powerhouse. Sendo que incumbent,
neste contexto, se refere à tecnologia que ocupa presentemente a liderança
clara do mercado.
In MIT Technology Review em
Com
os cenários traçados e as realidades constatadas, a exploração do lítio em
Portugal pode dar um impulso à nossa economia e a algumas das regiões mais
desfavorecidas do país. Em defesa do ambiente, deve-se também acrescentar que senão explorarmos
os recursos que possibilitam a energia limpa, não há…energia limpa.
Acima das convicções pessoais e ideológicas de
cada um, um assunto desta grandeza deve ter como critério-chave decisório o superior interesse de Portugal.
CONCLUSÃO
A presente proposta de Programa da Aliança para o distrito
de Braga não é, nem podia ser, um elencar exaustiva do Programa Eleitoral da
Aliança. Os objectivos que subjazem ao Programa Distrital são, fundamentalmente,
os seguintes:
→ Obviamente, estar fundamentalmente alinhado com o
programa da Aliança.
→ Seleccionar, de forma não exaustiva, as áreas
prioritárias e sensíveis do distrito.
→ Dentre essas áreas, expor alguns dos problemas mais prementes
existentes e apresentar soluções ou alternativas para os mesmos.
→ Quando pertinente e relevante, integrar essas medidas no
contexto nacional.
→ Fazer uma breve apresentação introdutória na qual se
apresenta alguns dos principais objectivos e áreas de intervenção da Aliança no
distrito.
→ Apresentar uma lista sucinta de 14 medidas, que a Aliança
considera vitais para o futuro de Portugal e dos Portugueses.