CEUTA – 600 ANOS
Infante D. Henrique na Conquista de Ceuta.
Azulejo da Estação de S. Bento no Porto
Passaram, no dia 22 de Agosto, 600 anos da conquista de Ceuta.
A expedição comandada pelo Rei D. João I e com a participação de
D. Nuno Álvares Pereira e dos Infantes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique, foi
consumada com a conquista da praça de Ceuta no dia 22 de Agosto de 1415.
Tal como Aljubarrota constituiu um marco na salvaguarda e
consolidação da independência nacional, Ceuta representa a primeira expedição
marítima de grandes dimensões e a primeira incursão portuguesa em África. É
também o prelúdio, deliberado ou não, da expansão marítima que começaria com a
descoberta de Porto Santo em 1418 e culminaria numa epopeia do Atlântico ao
Pacífico passando pelo Índico.
A Conquista de Ceuta.
Tempos em que Portugal abraçou novos projectos e abandonou
outros que faliram ou não eram apelativos. Com coragem e visão, correram-se
riscos e somaram-se triunfos e desaires e provou-se que há (quase) sempre
alternativas, que há sempre rotas e caminhos para além da via única que nos apresentam.
Aljubarrota, Ceuta e o que se seguiu foram, indubitavelmente,
Tempos Interessantes.
2 comentários:
Permita, Caro Professor, que faça uma leitura diferente da invasao do Marrocos, pelos Portugueses.
Li algures que Portugal, é a " história de um pequeno povo que teve como destino andar pelo mundo". E é verdade.
Sempre pensei a mesma coisa doutro pequeno povo que a partir do Latium e do Monte Alban edificaram um Império. E vieram de Roma até nós , e que quando foram submersos pelos "bárbaros" do norte da Europa, deixaram-nos a nossa língua de hoje e muito mais.
Ceuta , há 600 anos, foi o nosso ponto de partida, para a primeira "globalização" da história. Empresa imperial que necessitou uma frota de mais de 250 navios e 30 000 homens! Para um povo de 1 milhão de habitantes, era obra!
Comparativamente, o desembarque da Normandia foi uma brincadeira! Resta a saber qual foi o resultado da nossa invasão da África do Norte.
Hoje, cada vez que vejo os habitantes desta região, trepar nas grades de arame farpado que os separa da Europa, ou embarcar nos barcos da morte com os quais procuram atingir as nossas costas, penso que não progrediram muito na vida desde aqueles tempos em que lhes levamos a "nossa" civilização, pelas armas, como os ocidentais continuam a fazer para levar a democracia ao vasto terceiro ou quarto mundo, sem resultado.
Ao contrário, a nossa nova cruzada civilizacional , cujos objectivos restam mais que duvidosos, provoca a destruição das nações e a debandada das populações , numa fuga trágica para o ocidente.
Os Romanos do Latium deixaram-nos muito mais, de maneira perene.
Quando fui para a escola ensinaram-me que lhes levamos o verdadeiro Deus. Aparentemente rejeitaram-no e preferem impor-nos outro, o deles.
A bandeira da Cruz do Cristo , esfarrapada, recua perante as hordas islamistas de Daesh , do país onde se fala ainda a língua do Cristo, o Aramaico, uma das línguas vivas mais antigas do mundo, dos bordos do Tigre e do Eufrates, até às igrejas da Síria e às ruínas romanas de Palmira. Trata-se dum assalto contra as civilizações que os precederam e que não aceitam.
Este assalto tem consequências trágicas para as populações.
(SUITE)
O que resta da nossa epopeia? Os Portugueses são hoje um povo pobre, tão pobre como aqueles que outrora tinham colonizado, e é mesmo colonizado ele mesmo todos os dias, um pouco mais, por alguns antigos colonizados. E se os Portugueses não se afogam nos mares para fugir à miséria, é graças ao espaço Shengen da UE : podemos passar livremente na nossa fuga para lá de Castela!
Castela, que era uma barreira para a nossa expansão no XIV° século, e nos obrigou a olhar para os mares como alternativa. Inventamos tecnologia para a navegação, barcos modernos, a caravela, instrumentos de navegação e capacidade. Para a coragem, tínhamos que chegasse. E é nisso que reside o sucesso do projecto de Henrique o Navegador.
Mesmo se nas caravelas embarcavam sempre os jesuítas, para a propagação da fé, opto para a expansão comercial, que foi realmente, na minha opinião o verdadeiro objectivo.
A prova é que a certo momento do esforço, a responsabilidade de descobrir novas terras não é mais a do Rei, mas dos comerciantes, que se financiavam pela exploração das riquezas descobertas.
A escravatura trouxe também a sua parte de riqueza. E quando um vento inesperado ou desconhecido faz descobrir , por acaso, outras terras do outro lado do Atlântico, o princípio será o mesmo: explorar tudo e dar pouco. Tão pouco que ainda hoje a maioria procura o que lhe foi negado desde o início.
Muitos dos problemas humanos que descobrimos hoje , através das multidões que batem à nossa porta, famélicas , desamparadas, fugindo as guerras , são o resultado da globalização começada pelos Portugueses, continuada pelos outros povos europeus, e que se perpetuou sob o signo dos valores ocidentais.
O Estado Nação está ferido, mas mexe ainda, enquanto que a economia mundial não está ainda instaurada e encontra dificilmente o caminho dum governo global. Cumulamos os defeitos da erosão das fronteiras sem poder beneficiar das vantagens da sua eliminação.
Esta transição que já leva anos, resultou até hoje em crise sobre crise, miséria e mais miséria, e prova que o neo liberalismo, a globalização, da qual o pequeno Portugal , um dia ,tinha indicado o caminho, não é a salvação do mundo.
Cada dia que passa é mais insuportável para os povos.
Com os meus cumprimentos.
J. Freitas Pereira
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