25 fevereiro, 2015

Sabujos



SABUJOS

 As informações apontam no mesmo sentido e notícias de diversas origens reforçam aquilo que o Ministro das Finanças da Grécia denunciou: Portugal e Espanha, dois países um pouco menos falidos que a Grécia, ambos vítimas de brutal recessão e ambos com taxas de desemprego inaceitáveis (sendo a da Espanha da mesma magnitude que a grega), foram sequazes de Berlim no trabalho de pressionar, prensar e bloquear a Grécia. Nas palavras de Yanis Varoufakis: Portugal e Espanha foram mais Alemães que a Alemanha!”

Andrei Gromiko era o Mr. Nyet. Schauble é o Mr. Nein. Venha o diabo e escolha.

Parece inacreditável! Dois dos países que podiam beneficiar indirectamente de um alívio do torniquete que asfixia a Grécia, fizeram o papel de sabujos da Alemanha.

Porquê?

No caso de Portugal, a única explicação que encontro é uma fidelidade/subserviência canina a Berlim (ver “HERR KOMMISSAR” em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2012/02/herr-kommissar.html ) que Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque (e o seu mentor Vítor Gaspar) sempre demonstraram. Pouco ou nada importa o interesse nacional e o bem-estar e a dignidade dos Portugueses ainda menos. Basta rever as palavras indignadas (e indecorosas) do Ministro da Presidência Marques Guedes perante as críticas (tardias) de Juncker à austeridade exagerada na intensidade e no tempo.

Maria Luís Albuquerque, provavelmente, está a soldo dos arquitectos e defensores da austeridade à outrance, estejam eles em Berlim, Frankfurt, Bruxelas, ou Washington, tal como Gaspar estava. Coelho estará ou não, mas é um fanático ignorante que gosta de bater nos fracos e se roja perante os fortes. No plano europeu, é o arquétipo do sabujo, disposto a prestar-se aos mais enxovalhantes papéis.

No caso da Espanha há uma nuance: Rajoy e o PP estão aterrados com a perspectiva de poderem vir a ser cilindrados pelo Podemos nas eleições do próximo Outono. Como tal, pensam que o esmagamento da Grécia e o consequente fracasso do Syriza, ajudará a esvaziar o Podemos. Há aqui um interesse partidário a ser defendido. Porém, tal como em Portugal, também se atirou o interesse nacional para as urtigas.

É difícil escolher o que custa mais:

* Ser governado por quem se rege por objectivos que não o interesse nacional.

* Ser governado por gente para quem o destino das pessoas é indiferente.

* Ser governado por gente que nos envergonha no exterior.

* Ser governado por sabujos que, salvaguardadas as distâncias, são para a Alemanha de hoje o que eram as milícias fascistas da Ucrânia, Croácia, Hungria, etc, para o III Reich há 70 anos: fazem-lhes o trabalho sujo para agradar ao chefe e receber umas comendas.


P.S. A Itália e a França que também sofrem com o dogma da austeridade, especialmente Roma que enfrenta uma situação económica e financeira complicada, e que têm, supostamente, governos de esquerda, ficaram mal na fotografia. Os dois países que mais capacidade tinham de vergar o autoritarismo e intransigência germânicos (ver “ITÁLIA E FRANÇA v ALEMANHA” em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2014/11/italia-e-franca-v-alemanha.html ), preferiram ser testemunhas silenciosas da tentativa de linchamento dos Gregos. Talvez um dia chegue a vez dos Franceses e dos Italianos. Haverá quem lhe chamará justiça poética. Por agora é apenas cobardia e estupidez.

3 comentários:

Joaquim de Freitas disse...

Não escreveria melhor, mas penso exactamente o mesmo Senhor Rui Miguel Ribeiro. Difícil hoje de ser Português quando se é dirigido por gente indigna.

Sergio Lira disse...

E, no entanto, as sondagens garantem mais de 30% aos sabujos. Das duas, uma: ou mais de 30% dos eleitores tugas gosta de levar no lombo e rastejar pedindo mais, ou mais de 30% dos eleitores tugas são burros que nem tamancos...

Sergio Lira disse...

As recentes notícias (e, pior que as notícias, as "explicações" do relapso e as emendas piores que o soneto dos acólitos) acerca da evasão contributiva do Pedrocas reforçam o epíteto de "sabujo" e permitem - vergonha da Nação! - que qualquer lhe chame "caloteiro" ou pior.

Nunca vi o meu País e a minha Nação tão rebaixados, tão ultrajados, tão vilipendiados. Que vergonha!