07 abril, 2014

Era Uma Vez Uma Terra....


ERA UMA VEZ UMA TERRA….

Era uma vez uma terra que ficou livre do domínio estrangeiro, para descobrir que substituiu a grilheta distante pela opressão de um dos seus. Ele, o Chefe, construiu um forte exército com o apoio de um outro país distante. Juntou-se e zangou-se com outros chefes de outras terras, fez muitas guerras e perdeu quase todas. Contudo, ganhou todas as guerras que fez contra as pessoas da sua própria terra, destruindo cidades e os seus habitantes, se necessário fosse.


Era uma vez uma terra….

O Chefe matou muitos, mas um dia veio uma doença que o matou a ele. O Chefe não era rei e o seu filho não era príncipe, mas foi este que lhe sucedeu. Outros chefes houve, de terras longínquas, que se entusiasmaram: o Novo Chefe conhecia o mundo, estudara, era de outra geração, viria decerto afastar as trevas de décadas passadas.

Porém, quem ouvisse os oráculos sabia que não seria assim. Quando começaram os problemas, o Novo Chefe usou velhos métodos: foi buscar a máscara do pai e endureceu. Ameaçou, reprimiu, prendeu e, por fim, matou. E matou outra vez. E continua a matar.

Mas os tempos haviam mudado e o chefe também e a matança não travou os Descontentes que também desataram a matar e convenceram-se que iriam aniquilar o Novo Chefe. Não tardou que outros reinos ajudassem o Novo Chefe ou os Descontentes, consoante as suas simpatias e interesses. Atrás disso vieram outras gentes, crentes, soldados, mercenários, fanáticos, todos eles brandindo as suas lanças e espadas e todos juntos, mergulharam aquela terra num banho de sangue.

O Novo Chefe terá até lançado a praga da peste sobre os Descontentes. Então um Grande Chefe de uma terra muito distante, declarou que iria descarregar o fogo do céu sobre o Novo Chefe. No entanto, recuou quando um Grande Chefe rival lhe fez frente e ambos concordaram conversar em vez de fazer a guerra, embora continuassem a atear as chamas da guerra combatida por outros.

O Novo Chefe conseguiu reorganizar as suas hostes e fazer bom uso das ajudas que recebeu. Os Descontentes ficaram também descontentes com os apoios que (não) receberam e por fim ficaram descontentes uns com os outros. Tanto descontentamento resultou em sucessivas derrotas e tornou o desiderato de espetar a cabeça do Novo Chefe numa lança num cenário quase irreal.

Os anos passaram, o Novo Chefe vai ganhando, mas não vence; os Descontentes vão perdendo mas não são derrotados, os vizinhos temem que a matança alastre e as pessoas, essas morrem aos milhares e fogem aos milhões.

Era uma vez na Síria….

2 comentários:

Sergio Lira disse...

apre... passei o texto todo a pensar que era uma metáfora que salazarenta acerca do Passos Coelho...

Rui Miguel Ribeiro disse...

Hehehe! Cada qual com os seus problemas.
O modus operandi é diferente, mas o seu "carinho" pelo povo não será muito diferente.