ERA UMA VEZ UMA TERRA….
O Chefe matou muitos,
mas um dia veio uma doença que o matou a ele. O Chefe não era rei e o seu filho não era príncipe, mas foi este que
lhe sucedeu. Outros chefes houve, de terras longínquas, que se
entusiasmaram: o Novo Chefe conhecia o mundo, estudara, era de outra geração,
viria decerto afastar as trevas de décadas passadas.
Porém, quem ouvisse os oráculos sabia que não seria assim.
Quando começaram os problemas, o Novo Chefe usou velhos métodos: foi buscar a
máscara do pai e endureceu. Ameaçou, reprimiu, prendeu e, por fim, matou. E
matou outra vez. E continua a matar.
Mas os tempos
haviam mudado e o chefe também e a
matança não travou os Descontentes que também desataram a matar e
convenceram-se que iriam aniquilar o Novo Chefe. Não tardou que outros reinos
ajudassem o Novo Chefe ou os Descontentes, consoante as suas simpatias e
interesses. Atrás disso vieram outras gentes, crentes, soldados, mercenários,
fanáticos, todos eles brandindo as suas lanças e espadas e todos juntos,
mergulharam aquela terra num banho de sangue.
O Novo Chefe terá
até lançado a praga da peste sobre os Descontentes. Então um Grande Chefe de uma terra muito distante, declarou que iria
descarregar o fogo do céu sobre o Novo Chefe. No entanto, recuou quando um
Grande Chefe rival lhe fez frente e ambos concordaram conversar em vez de fazer
a guerra, embora continuassem a atear as chamas da guerra combatida por outros.
O Novo Chefe
conseguiu reorganizar as suas hostes e fazer bom uso das ajudas que recebeu. Os Descontentes ficaram também descontentes
com os apoios que (não) receberam e por fim ficaram descontentes uns com os
outros. Tanto descontentamento resultou em sucessivas derrotas e tornou o
desiderato de espetar a cabeça do Novo Chefe numa lança num cenário quase
irreal.
Os anos passaram, o Novo Chefe vai ganhando, mas não vence;
os Descontentes vão perdendo mas não são derrotados, os vizinhos temem que a
matança alastre e as pessoas, essas morrem aos milhares e fogem aos milhões.
Era uma vez na Síria….
2 comentários:
apre... passei o texto todo a pensar que era uma metáfora que salazarenta acerca do Passos Coelho...
Hehehe! Cada qual com os seus problemas.
O modus operandi é diferente, mas o seu "carinho" pelo povo não será muito diferente.
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