31 janeiro, 2014

Sem Futuro

SEM FUTURO

Viktor Yanukovich, Presidente da Ucrânia anda à deriva. É certo que enfrenta tempos difíceis à frente da Ucrânia, especialmente o exercício de equilíbrio geopolítico entre a Rússia e a Alemanha, mas a forma como tem gerido, ou melhor, reagido, à crise doméstica que sucedeu à rejeição do acordo com a União Europeia, tem sido desastrosa.


Viktor Yanukovych: Sem Futuro.

Depois de ter resistido sem danos de maior a primeira e maior vaga de manifestações até ao Natal, Yanukovych e o seu Partido, fizeram aprovar no parlamento uma lei que restringia e colocava novas e mais apertadas regras nas manifestações, bem como endurecia as penas para os infractores.

Foi um tremendo erro de cálculo. Yanukovych terá pensado que o abrandamento das manifestações seria o momento propício para as esmagar. É exactamente o contrário. Se elas se estão a esvair, a táctica é deixá-las desaparecer naturalmente. A nova legislação veio dar uma nova motivação para o descontentes. Foi como lançar gasolina a uma fogueira dormente.

Perante o renascido fulgor manifestante, Yanukovych parece ter entrado em pânico e entrou numa espiral de cedências: anulação da lei sobre manifestações, negociações, lugares no governo para os oposicionistas, demissão do governo, amnistia condicional para os manifestantes violentos que foram presos.

Infelizmente para Yanukovych, esta estratégia, previsivelmente não resultou.

* As manifestações continuaram, embora tenham conhecido um abrandamento nos últimos dias.

* Os 3 partidos que lideram o movimento não aceitaram os lugares no governo, nem as tréguas.

            * Os grupos radicais continuam a praticar actos violentos.

* Grande parte da oposição continua a exigir a demissão do Presidente e eleições antecipadas.

A sucessão de cedências e recuos transmitiu uma imagem de fraqueza do Presidente. Obviamente, a oposição percebeu essa fraqueza e endureceu posições e não cedeu. Aliás, quanto mais Yanukovych cedia, menos a oposição tinha motivos para ceder também. Quando o adversário mostra insegurança e faz sucessivas cedências, a resposta é manter a pressão para obter o maior proveito possível.

Agora Yanukovych depara-se com a última exigência e aquela que ele não quer absolutamente acatar: a sua queda. Todas as cedências que fez foram, em última análise para se salvar. Cada uma delas aproximou-o do abismo.

Dificilmente Yanukovych terá o poder e a força para recuar nas cedências e voltar a pôr a oposição na defensiva. E esta dificilmente travará antes de atingir o objectivo final, a não ser que exista pressão externa.

Seja como for, Yanukovych está condenado a prazo. Mostrou fraqueza, quando se pedia pulso e firmeza e hipotecou o seu futuro político. Saia já ou consiga ainda aguentar-se no cargo, Yanukovych não tem futuro.


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