15 janeiro, 2014

Al-Qaeda Renasce no Iraque

AL-QAEDA RENASCE NO IRAQUE



A área de intervenção privilegiada da Al Qaeda.
in “THE ECONOMIST” em www.economist.com  


Desde 2011 que o Iraque vem gradualmente percorrendo um tortuoso caminho que o poderá levar ao estado de guerra civil. Os sinais mais claros são três:

* O aumento dos atritos com o Governo Regional do Kurdistão, especialmente relacionados com a exportação ilícita de petróleo para a Turquia.

* Uma interminável e imparável vaga de atentados um pouco por todo o Iraque, mas com especial ênfase na região de Bagdad.

* O ressurgimento da Al-Qaeda atarvés do franchise local, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Islamic State of Iraq and the Levant – ISIL).

Neste post, focaremos os dois últimos pontos.

O ISIL já tem poder e capacidade suficientes para ocupar grande parte das duas principais cidades da província de Anbar, Fallujah e Ramadi, o que revela capacidade para desenvolver acções que se aproximam de operações militares convencionais.

A isto soma-se outros territórios por si controlados em Anbar, a sua capacidade de desencadear atentados por todo o Iraque e a sua expansão para a Síria. Para se ter uma noção do aumento exponencial de atentados no Iraque, mesmo que ainda muito longe dos anos mais negros, atente-se no número de mortes violentas de civis nos últimos 3 anos, dados da Iraq Body Count:

2011 - 4147
2012 - 4574
2013 – 9475*
* Números provisórios

O facto de o ISIL estar sob forte pressão militar por parte do exército no Iraque e de milícias rebeldes na Síria, levará necessariamente a um recuo, mas o factor mais saliente é uma organização que estava quase dizimada em 2008/09 que ressurge em 2012/14 com um alcance geográfico sem precedentes.

O principal factor que causou este fenómeno no Iraque (a expensão para a Síria deve-se à Guerra Civil que começou em 2011), foi Nouri Al-Maliki, o Primeiro-Ministro Xiita, sectário e autoritário que tem reprimido e perseguido os Sunitas. Os ganhos conseguidos pelos Estados Unidos com o surge militar em 2007 e com a decisão de cooptar tribos sunitas plasmadas no movimento Awakening para combater a Al-Qaeda no Iraque foram degradados a partir de 2011.

A incapacidade (e falta de empenho) dos EUA em concluírem um acordo de segurança que permitisse a manutenção de um footprint militar no Iraque e um grau de influência no país, deixou rédea livre aos instintos sectários e autoritários de Maliki e à influência e manipulação do Irão.

A realidade é que a influência que o Irão exerce no Iraque está indirectamente na génese do estado de insurreição que se vive em Anbar: o vencedor das últimas eleições, em Março de 2010, foi Ayad Allawi, que chegou a ser Primeiro-Ministro na fase da ocupação e que liderava uma lista que integrava uma quota significativa de Sunitas, oferecendo a esperança de um governo inclusivo e integrador e não submetido a Teerão. Porém, Allawi não detinha a maioria absoluta e o Irão manobrou nos complexos bastidores da política iraquiana para pressionar outros partidos xiitas a apoiarem Maliki. Após meses de impasse, esta foi a solução que prevaleceu, ao arrepio da vontade dos eleitores e com a bênção do inenarrável e inepto Joe Biden, Vice-Presidente dos Estados Unidos.

Um ano volvido, sem acordo de segurança entre os EUA e o Iraque, Maliki tem as mãos livres para prosseguir a sua política de concentração de poder (chegou a acumular as pastas da Defesa e do Interior com a da chefia do Governo), a perseguir adversários políticos e a fazer marcha-atrás nos esforços de inclusão dos Sunitas.

Rasgando acordos, quebrando promessas, perseguindo pessoas e grupos, era óbvio que os elementos mais radicais ressurgiriam e seriam fortalecidos por moderados desiludidos e revoltados. E assim, ressurgiu a Al-Qaeda em terras da Mesopotâmia.


P.S. Enquanto escrevia este post recebi 2 news alerts que reproduzo:

Iraq: 52 Killed In Baghdad And Baquba

Wednesday, January 15, 2014 - 04:43
A series of explosions on Jan. 15 killed 52 people in the Iraqi capital, Baghdad, and the northern town of Baquba, AFP reported. In Baghdad the neighborhood of Shula, the commercial area of central Karrada, and a market in the eastern Maamil area were attacked.

Iraq: Attacks At Markets, Funeral Leave 41 Dead

Wednesday, January 15, 2014 - 06:57
A series of bombings at markets and a funeral in Iraq left at least 41 people dead Jan. 15, authorities said, AP reported. The target of the deadliest attack was a funeral for an anti-al Qaeda Sunni militiaman in Buhriz -- 60 kilometers (35 miles) north of Baghdad -- where 16 people were killed and 26 were injured in a bombing. Twenty-five more people died in multiple bombings in Baghdad.

in STRATFOR at www.stratfor.com



And so the story goes…..

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