04 julho, 2013

Portas Dá Passos Para sair, Passos Leva com a Porta na Cara

 PORTAS DÁ PASSOS PARA SAIR


PASSOS LEVA COM A PORTA NA CARA

E a tragicomédia continua. Farto de ver Passos a tirar-lhe o tapete e a ignorá-lo, Portas decidiu dar-lhe com a porta na cara.

 
É com indisfarçável satisfação que verifico que o cenário apontado em Tempos Interessantes no primeiro post deste ano, “A Encruzilhada/Alhada do CDS” publicado a 3 de Janeiro, se concretizou anteontem. Sugiro a sua rápida leitura em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2013/01/a-encruzilhadaalhada-do-cds.html. Reproduzo o penúltimo parágrafo desse post:

 
Penso que a saída do CDS do governo dependerá de duas coisas: encontrar o timing certo e o pretexto convincente. Um pouco como na guerra, é vital, por motivos tácticos e operacionais, encontrar o timing asado para maximizar ganhos e minimizar perdas. E tal como na guerra, o motivo ou o pretexto é importante para mobilizar as tropas e convencer os indecisos. Se o pretexto nos for dado, é mais fácil. Contudo, um bom general também deverá ser capaz de o encontrar, ou inventá-lo, se necessário for.
 
 
Exactamente 6 meses depois, o post materializou-se.
 
 
Para Paulo Portas foi, porventura, a última oportunidade de se escapulir deste fatídico governo antes do colapso. O seu principal inimigo no governo, Vítor Gaspar, deu-lhe a oportunidade com a sua patética demissão. Passos Coelho, ao nomear Maria Luís Albuquerque contra a vontade de Portas e contra o mais elementar bom senso, deu-lhe o pretexto de que este necessitava.
Contudo, nem tudo correu bem a Paulo Portas. Pelo que se ouve e lê, a estrutura directiva do CDS ficou totalmente à margem da decisão do líder. Sem ser preciso ouvir e ler, percebe-se que essa estrutura não gostou. Finalmente, outra vez pelo que se ouve e lê, houve alguns/vários/bastantes elementos dessa estrutura que discordaram da estratégia da ruptura. Portas teve o timing e o pretexto, falhou na metodologia.
Seguidamente, Passos tentou entalar Portas na porta de saída numa comunicação ao país em que salienta o carácter incompreensível da demissão.
 
Na resposta, Portas dá uns passos atrás, na esperança de devolver a responsabilidade da crise a Passos ou, na impossibilidade de consumar a ruptura, conseguir um acordo leonino para o CDS.

 
Voltando ao post de 3 de Janeiro de 2013, o CDS está em plena encruzilhada, da qual dificilmente sairá airosamente. Resta-nos citar a última frase desse texto:

 
Aguardemos pois, o que fará o CDS quando se der a conjugação do timing e do pretexto/motivo.

 

 

10 comentários:

Sérgio Lira disse...

Parece que afinal, "irrevogável" se referia apenas a ser ministro dos negócios estrangeiros, não membro do governo (!!!). Compreende-se: como ministro dos negócios estrangeiros é-lhe impossível aceitar uma escolha de uma ministra das finanças sem ser consultado - mas como vice-primeiro ministro e minitro da economia tal questão já se não coloca, obviamente. Mais um palhaço político. NUNCA mais voto em qualquer partido onde PP milite ou possa ascender a cargos de direcção/governo. Bem, do PSD nem falo, para não ir preso... Idem do PR, que é uma instituição digníssima (pena estar ocupada por outro palhaço político).

Estella disse...

Ai que corro o risco de ficar sem Professores!!! Palhaços? Mas querem "ir de cana"? Senhores Ministros, Suas Exas., se faz favor. Tudo gente bem formada a defender os interesses dos pobrezinhos. Estou convicta de que a demissão está relacionada com a alusão a um possível agravamento nos impostos e diminuição dos salários no próximo ano, para o nobre cumprimento das obrigações contraídas por este nobre governo. O que eles não têm feito para salvar a banca, entre outros. Mas já é histórica a incompreensão do "povinho" pelas razões da nobreza, gentinha invejosa e ingrata! Dão-lhes o pão de o diabo amassou e é assim que agradecem. O que vale é que estas maledicências batem na couraça da indiferença da nobreza, bem formada e altruísta. Não tarda muito vamos voltar a ver o "Paulinho das Feiras". Assenta-lhe muito melhor o casual wear com boné que o fato de palhaço. Ai que também vou presa!
O diabo que os carregue a todos para Marte, bem depresa, embora os marcianos (?) não tenham culpa.

Não sei se sonhei, mas pareceu-me ver uma luzinha piscar...

Rui Miguel Ribeiro disse...

Caro Sérgio,

Custa-me a crer que o Paulo Portas cometa uma indignidade dessas. Se o fizer, estaremos perante mais um grau zero na política.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Cara Estella,

Bela ironia! De início ao fim. Uma pergunta: será que Suas Insolências serve, ou também dará cadeia?

Sérgio Lira disse...

Rui: quando uma coisa nesta política de funâmbulos te custar a crer, crê que se concretizará... qual grau zero nem meio zero: isto foi muito abaixo da linha de água (espera lá, abaixo da linha de água faz-me recordar qq coisa... qq coisa submersa, e não é a «manhã submersa»... raios, que está mesmo debaixo da língua...)

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sérgio,

Concedo. Tinhas razão. Viste mais longe (ou mais fundo) do que eu.

Lá vou eu ter de escrever mais um post sobre o assunto.

Estella disse...

Que decepção como estudante de Ciência Política! É que não aprendo mesmo nada! E aquela luzinha que ilusoriamente me pareceu piscar, possivelmente eram os pirilampos que à noite pululam no jardim enquanto rego.
Tenho visto do pior, politicamente falando, mas decidir "irrevogavelmente" sair do governo, quando apenas se tratou de nogociar um outro cargo, mais poder, "minha nossa"!...
Se dúvidas tinha àcerca das motivações que levam estes pseudo-políticos a "darem o litro" e sei lá que mais pelo poder, esvaneceram-se completamente.
Acredito que temos pessoas bem formadas a todos os níveis e tenho prazer de conhecer algumas, mas por algum motivo estão fora dos interesses partidários. Os partidos, principalmente os que têm estado no poder desde o 25 de Abril, já deram sobejas provas do que são capazes. A ocasião faz o ladrão. Os que não estiveram têm défices de democracia no seu seio. O ambiente sócio- económico sofreu profundas alterações, mas a política mantém-se invariável e espectável: a defesa de clientelismo e interesses partidários. O futuro está nos movimentos sociais, no exercício da cidadania a todos os níveis.
"Batam-me" os meus Professores, mas nas próximas eleições que esperava fossem antecipadas, todos deviam acorrer em massa às urnas e votar em branco, passando um atestado de incompetência e describilidade (existe?)aos partidos que mais não visam que interesses particulares e despudoradamente e sem qualquer ética continuam a levar-nos por mares sem porto à vista.
A ver vamos... Religiões à parte, haha fé!

Joaquim de Freitas disse...

O que me inspirou o meu comentário precedente, sobre os políticos em geral, caro Sr. Miguel Ribeiro, foi o seu excelente texto sobre o ministro das finanças, agora demitido. Que não conheço bem, excepto pelo que leio . E o seu texto descreve-o perfeitamente. Um espécie de carrasco de encomenda!

Gaspar, o mais diligente, zeloso, dedicado carrasco da estratégia europeia da austeridade. Claro que a "Troika" deve chorà-lo! E também o Schauble , a Merkel e o Oli Rehn !

Gaspar, o homem do "ajustamento" rápido, intenso e profundo, com muita austeridade. Remédio de cavalo que leva às portas da morte, mas rapidamente traz uma saúde de rebentar ! Isto é o que se chama "morrer em boa saúde" ! Remédio que falhou no tratamento de todos os doentes que com ele foram tratados! E que só agora um dos médicos, o FMI, reconheceu o erro da receita médica. E que deixou os "doentes" mais doentes que antes !

Gaspar, para quem só os devedores é que devem fazer esforços! Fazer esforços quando se produz menos, investe menos, que por conseguinte se criam menos empregos, que se consome menos porque há mais desempregados, portanto menos dinheiro, e que, sobretudo, há mais medo do futuro! Um medo terrível do amanhã que não cantará! Porque quando se está doente, não se canta; sobrevive-se!
Os esforços, para Gaspar, é continuar a empobrecer os Portugueses até à medula! Proibido viver! Emigrar sim, para baixar as despesas do Estado. Mas sobretudo, não tocar nos acionistas das grandes empresas, nem nos salários e reformas chorudas dos felizardos!

Gaspar, que só agora compreendeu que face ao desastre na frente económica, onde tudo vai de mal a pior, do desemprego à dívida, do déficit ao crescimento, era talvez preciso mudar de receita. Mas o servidor dedicado da linha dura , depois de tanta austeridade inútil, deixou o lugar à secretária! Uma espécie de promoção para esta, mas muitos acessos de febre previsíveis para o doente . Porque , ao deixar o testamento no qual escreve que " a sua "credibilidade" foi destruída pela realidade dos resultados económicos", pergunto a mim mesmo se a secretária vai ter a varinha mágica que permitirá de mudar a "realidade", ela !

PS) Desculpe o espaço ocupado pelos meus comentários.
J. Freitas Pereira

Rui Miguel Ribeiro disse...

Estella,
Subscrevo na íntegra. Aliás, já decidi votar branco nas próximas eleições há mais de um ano.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. Freitas Pereira, Que descrição perfeita, principalmente por parte de quem está longe e não sofreu às mãos do patife do Gaspar.
Foi um prazer ler o seu comment!
:-)