23 fevereiro, 2013

Coreia do Norte: 3-0 Contra Todos

COREIA DO NORTE:
3-0 CONTRA TODOS

 
in “The Economist”

A Coreia do Norte realizou o seu 3º teste nuclear. 2006, 2009, 2013. Três testes em pouco mais de 6 anos.

Mais uma vez, os grandes do mundo revoltaram-se, vociferaram, condenaram, criticaram, reclamaram, ameaçaram e até aprovaram mais uma Resolução no Conselho de Segurança das Nações Unidas.
 
Resultados de tanta agitação: 0. Zero. Futebolisticamente poderia dizer que a Coreia do Norte ganha 3-0.
 
Olimpicamente, Pyongyang prossegue a sua política de pressão, de blackmail, de ameaça, de confronto e vai levando a água ao seu moinho. A China tem influência sobre a Coreia do Norte, mas aparentemente não muita. A Coreia do Sul pode ser a maior ajuda e a maior ameaça para o vizinho do Norte, mas não ganha nada com isso. Os EUA estão tecnicamente em guerra com a Coreia do Norte, mas não sabem o que lhe hão-de fazer. O Japão treme e ameaça; os tremores devem divertir os miliares norte-coreanos e as ameaças não os assustam. A Rússia, francamente, não se rala muito.


É assim. 1, 2, 3, mais um teste nuclear. Kim Jong Un até pode ser diferente do pai e do avô, mas até agora é mais do mesmo: em Dezembro, lançamento de um satélite utilizando tecnologia de mísseis de longo alcance; em Fevereiro, novo teste nuclear. Contra tudo e contra todos, a Coreia do Norte ganha 3-0.

2 comentários:

Defreitas disse...

Este regime é completamente arcaico e paranóico, que ao memo tempo que afama o seu povo constitue uma ameaça crescente para a estabilidade estratégica da Asia do Nordeste. Com um tal vizinho, o Japão e a China ainda têm vagar para se meter medo mutuamente, com o problema das ilhas Senkaku/Diaoyutai, e o que é incrivel e torna a coisa mais complicada é o mesmo problema entre o Japão e a Coreia do Sul, com o arquipélago das Tokdo/Takeshima, que o Snr. Miguel Ribeiro já ilustrou num "post" precedente.

As provocações norte coreanas não impressionam os dois vizinhos, que já estão habituados! Tudo é recebido calmamente.

Sabe que, como já tive a oportunidade de lhe dizer verbalmente, passei uns anos a viajar nesta região, onde a minha firma fazia e faz muitos negócios na industria automóvel; Aconteceu que dormi frequentemente em Seoul, e devo reconhecer , que me impressionava sempre quando estava deitado na minha cama no hotel, de pensar que estava em Guimarães e a linha de demarcação do paralelo 38 era em Braga! (Não estou a fazer aqui nenhuma alusão às nossas relações difíceis, históricas, com os bracarenses !)

Discutindo com o nosso agente, a conversa andava sempre à volta dos autos-da fé das bandeiras do norte em Seoul e a compaixão para com o povo norte coreano, que morre de fome.
O que seria trágico é que os sucessos tecnológicos dos Norte Coreanos lhes suba à cabeça e tentem experimentà-los com os Americanos. As reacções em cadeia poderiam ser terríveis.

Entretanto, tudo o que se passa nestas paragens interessa-me muito. Nunca compreendi lá muito bem a relativa calma com a qual foi recebido pelos Coreanos do Sul, o insulto trágico do torpedeamento há um ano ou dois, da fragata Cheonan e o bombardeamento da ilha sul coreana de Yenpyeng. A factura foi portanto pesada : 46 marinheiros mortos !

Estes orientais sao imprevisíveis. Recordar o que os Japoneses fizeram aos Portugueses, quando suspenderam pelos pés os religiosos da companhia de Jesus em Nagasaky no século XVI !

Freitas Pereira

Rui Miguel Ribeiro disse...

Caro Amigo,
É verdade que os desígnios dos Orientais são frequentemente insondáveis para os Ocidentais. Porém, no caso da Coreia do Norte, o desígnio fundamnetal é assegurar a sobrevivência do país, do regime, do sistema político, dos seus protagonistas e respectivos interesses. O programa nuclear parece ser uma pedra basilar dessa estratégia...