923.001 DESEMPREGADOS
Portugal tem 923.001 desempregados.
A taxa de desemprego em Portugal bateu nos 17%.
Portugal galopa a caminho do milhão de desempregados.
Os media divulgaram o nº de 923.000 desempregados.
A esses 923.000 acrescentei 1. Eu próprio. Somos, portanto, 923.001
desempregados em Portugal.
Rui Miguel Ribeiro: desempregado nº 923.001 em Portugal.
Venho criticando duramente a política do actual governo, nomeadamente no
plano económico e fiscal. Na realidade, faço-o desde 1 de Julho de 2011 (“Outro
mentiroso em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2011/07/outro-mentiroso.html
). Desde um tempo em que não sonhava cair no desemprego. Refiro isto para não
se pensar que o que possa escrever daqui para a frente está marcado pela
acrimónia pessoal.
Não que não fosse legítimo tê-la. E é legítimo ter acrimónia quando:
·
Há centenas de milhares de vítimas do desemprego por causa da política
autista e subserviente do governo.
·
Há milhões de cidadãos e famílias empobrecidas pelo mesmo motivo.
·
Há um Primeiro-Ministro que, confrontado com os 17% de desempregados, diz
que tal “está em linha com as nossas previsões”, sorrindo com um ar
aparvalhado.
·
Há um governo que clama combater contra o desemprego quando a sua política
destruidora do tecido económico e do consumo privado aumenta esse desemprego
exponencialmente.
·
Há um governo que vê o desastre da sua receita em 2011 e em 2012, dobra a
receita em 2013.
·
Há uma indiferença ignóbil e um escárnio arrogante perante o sofrimento
dos Portugueses.
·
Há um guarda-livros mor da nação que não acerta uma e que acaba de dobrar
a previsão de descida do PIB que fez há menos de dois meses, replicando a que o
Banco de Portugal fez ainda no ano passado.
Perante o actual
cenário, com o PIB quase em queda livre (-3.2% em 2012), o nº de desempregados
vai continuar a subir. Inexoravelmente. Brevemente serão/seremos 1.000.000. E o
PIB vai continuar a descer. Inexoravelmente.
25 comentários:
Sou um leitor assíduo deste blog, um grande admirador dos escritos, dos pensamentos, da filosofia, da capacidade de antever, da isenção e do humor refinado que o autor tem. Nao costumo comentar( sou um felizardo pouco ativo) mas hoje tenho que o fazer, primeiro, para mandar um abraço solidário, segundo para postar a minha cada vez maior indignação pela classe política deste pais... Veio-me ao pensamento as palavras de Gedeao a Galileu, " tu é que sabias Galileu Galilei". Tu é que sabias, Rui.
Força Rui, boa sorte e lembra-te, sempre ao teu dispor.
Um abraço. Jp
O abraço de sempre, Rui!
A amizade de sempre!
E melhores tempos virão:vamos fazer por isso!
Cláudia
Caro amigo
Há uns anos dizia-se que só não trabalhava quem não queria... de há tempos a esta parte tem-se provado o contrário!
Está patente em vários casos que conheço, que os melhores e que querem trabalhar, lhes é vedado ou retirado esse direito!
Já outros... até nos governam...
Ainda assim, (podem-me chamar ingénuo) acredito que aos melhores surgirão as melhores oportunidades!
Um grande e sentido abraço de solidariedade e amizade.
João Pulido de Almeida
Caro amigo
Há uns anos dizia-se que só não trabalhava quem não queria... de há tempos a esta parte tem-se provado o contrário!
Está patente em vários casos que conheço, que os melhores e que querem trabalhar, lhes é vedado ou retirado esse direito!
Já outros... até nos governam...
Ainda assim, (podem-me chamar ingénuo) acredito que aos melhores surgirão as melhores oportunidades!
Um grande e sentido abraço de solidariedade e amizade.
João Pulido de Almeida
I particularly liked your blogspot today....
Beijinhos
T
L A sério?
Por acaso já tinha ouvido um rumor de que a UFP ia cortar nos professores.. e até fiquei preocupada, não só pelos que foram meus, e que recordo com saudade, mas também porque tenho uma amiga professora aí em saúde, e uma prima a estudar enfermagem. Mas nunca pensei que fossem aos mais antigos.. (not that you are old J)
Bem, sugiro a alteração para são tempos DESinteressantes!! Porque de facto são!
Muitas Felicidades!
Beijinhos da benfiquista :)
Sandra Aires
Claro que quando o mal terrível ataca alguém que conhecemos, a nossa pena é talvez mais forte.
Temos tido a oportunidade de trocar idéias desde há alguns anos, sobre vários sujeitos, e mesmo se não estivemos sempre de acordo, sempre apreciei a qualidade e a clareza dos seus escritos. E a minha pena é grande porque verifico que os melhores não escapam aos efeitos duma política assassina que tem sido praticada em Portugal, e não só.
Certos admiram-se que a revolta leve hoje ao desespero e à violência. Aqui mesmo, neste blogue que dirige, o tenho escrito desde há muito.
Ontem mesmo escrevi sobre o assunto, algures. Permito-me de o deixar aqui também. Com os meus cumprimentos e os meus votos que um dia o sol volte a brilhar, para si e para os seus, Caro Professor, porque não existe nada de mais revoltante que a sensação de não servir para nada numa sociedade que vos expulsa da vida ativa.
"Que pode significar a cidadania no turbilhão da globalização? Pode-se ser cidadão duma "cité", duma sociedade humana, sabendo que ela não existe que entre outras, e agora num horizonte planetário?
A cidadania não se bate só contra as injustiças, mas contra as humilhações que roem mais profundamente ainda a sociedade: a humilhação de ser inútil e inutilizável num emprego qualquer, a humilhação de ser submetido sem ter nada a dizer nem a fazer, a humilhação de não ter fé em nada. Ser cidadão, é detestar esta tripla humilhação, é tudo fazer para romper esta maldição.
A tolerância em política consiste em aceitar e respeitar os direitos fundamentais e as liberdades civis dos indivíduos e dos grupos de quem não se partilham os pontos de vista.
Todos os cidadãos, incluindo os dirigentes políticos, têm por obrigação de praticar a tolerância nos seus discursos e nos seus actos. O que permite de recusar o axioma segundo o qual "a força faz a lei", a tolerância em política é um princípio fundamental da democracia.
Falta saber, até que ponto, na sociedade actual, os direitos fundamentais do Homem e do Cidadão, são realmente respeitados pelos dirigentes políticos ou pelo Estado que eles representam.
Existem, hoje, intolerâncias ou discriminações contra certas categorias da população que constituem uma ameaça para a democracia e reduz o campo de visão política dos cidadãos e determina o seu comportamento.
Sobretudo, quando se sabe que a educação e a participação à vida política que contribuem a cultivar a tolerância dos cidadãos, não foi, desde sempre, a preocupação essencial dos regimes políticos sucessivos."
Freitas Pereira
Rui,
Um grande abraço de solidariedade.
PS: nem tudo é mau, o slb ganhou!
Um corajoso post, Rui. O que mais me incomoda é que não se trata de uma "má-sorte", ou de uma "desgraça inelutável"... trata-se, isso sim, de uma política consistente de redução do valor do trabalho - e isso só se consegue de duas maneiras: liberalizando o mercado (o que está a ser feito, mas a ritmo muito mais lento do que estas bestas desejariam) e desmesuradamente aumentando a oferta (ou seja, o regimento de desempregados): as duas juntas fazem com que (legal ou ilegalmente) baixe drasticamente o dito valor do trabalho. É disto que se trata, e que ninguém se atreva a dizer que isto é "teoria da conspiração" porque responderei que isso será "meter a cabeça na areia" (para não dizer no **, como o Viegas...). Estamos pois, todos, a ser esmagados nestas mos que se destinam ao enriquecimento de alguns, muito poucos, em detrimento de muitos, muitos. O mais triste é que alguns, armados em acólitos, não percebendo que são meros instrumentos, ainda ajudam, na insensata esperança de arrecadar para si umas migalhas... aquilo a que os americanos chamavam “amarelos” noutros tempos de esmagamento semelhante. Isto, Rui, só lá vai de duas maneiras: ou por um bambúrrio a economia dá uma reviravolta e o ciclo se inverte antes de se chegar ao ponto crítico, ou teremos revolta e revolução sangrenta, como já há muito não há memória, e empalaremos os responsáveis. Espero, sinceramente, que a primeira, mas há que não ter medo da segunda.
O Presidente da Islândia, Olafur Ragnar Grimmson, foi entrevistadoneste fim de semana (26-27/01/2013) no World Economic Forum, em Davos.
Perguntaram-lhe por que razão a Islândia desfrutou uma recuperação tão forte após o seu completo colapso financeiro em 2008, ao passo que o resto do mundo ocidental luta com uma recuperação que não tem pernas para andar.
Grimsson deu uma resposta famosa ao repórter financeiro da MSM, declarando que a recuperação da Islândia se devia à seguinte razão primária:
«…Fomos suficientemente sábios para não seguir as tradicionais ortodoxias prevalecentes no mundo financeiro ocidental nos últimos 30 anos. Introduzimos controlos de divisas, deixámos os bancos falirem, proporcionámos apoio aos pobres e não introduzimos medidas de austeridade como se está a ver aqui na Europa..."
Ao ser perguntado se a política da Islândia de deixar os bancos falirem teria funcionado no resto da Europa, Grimsson respondeu:
«...Por que razão é que os bancos são considerados as igrejas sagradas da economia moderna? Por que razão é que bancos privados não são como companhias aéreas e de telecomunicação, às quais acabam por ir à bancarrota se tiverem sido dirigidas de um modo irresponsável? A teoria segundo a qual os cidadãos têm de salvar bancos, é uma teoria em que se permite que os banqueiros desfrutem em seu próprio proveito se os bancos tiverem êxito, e deixa os cidadãos comuns arcarem com os seus fracassos, através de impostos e austeridade. A longo prazo, os povos em democracias esclarecidas não vão aceitar isso...».
João Paulo,
Mais do que a solidariedade e apoio demonstrados, foram os elogios rasgados aos meus escritos que me emocionaram.
Talvez porque aqueles há mais de 20 anos que dou por adquiridos.
Estes surpreenderam-me pela verve e pela convicção.
E tudo vindo de um amigo cujos problemas fazem os meus parecer ridiculamente pequenos.
O maior abraço!!!
Cláudia,
A tua amizade é um dado adquirido há ainda mais tempo. Como és uma senhora, nem vou dizer quanto, mas é algo que prezo mais do que imaginas.
Beijo grande
João Pulido,
Pois é meu caro, estamos entregues à bicharada.
Agradeço a demonstração de amizade.
Grande abraço
Thank you T.
K
Sandra Cristina,
Agradelo a preocupação e amizade.
Quanto à sugestão sobre o título do Blog, tem humor, mas como se diz na apresentação do Blog, "tempos interessantes implicam mudança, perigo, dúvida, angústia, risco, conflito."
Bjs
Caro Sr. Freitas Pereira,
Antes de mais agradeço a sua amizade. Agradeço também a participação activa, lúcida e interessante neste Blog
Agradeço finalmente o salientar os valores do respeito e da tolerância que deviam nortear os nossos governantes e que há muito eles perderam no desnorte com que nos desgovernam.
Bem haja!
João Carlos,
Obrigado também pela amizade e por me teres feito sorrir. Pelo menos o Benfica vai-nos dando umas alegrias.
Abraço
Caro Sérgio,
Aprecio muito o teu discurso que. além de erudito, nos traz a realidade de forma brutal, sem make-up nem branduras. Verdades como punhos.
Agradeço também a tua amizade e a tua presença.
Grande abraço
Sr. Freitas Pereira,
Agradeço-lhe muito ter trazido ao "Tempos Interessantes" esta citação.
Acho que coloca o dedo na ferida e permite fazer um confronto entre os interesses e prioridades dos governos da Europa Continental, especialmente na zona euro, e os da Islândia, que tem dados várias lições de cidadania, respeito e democracia.
Não foi de todo inédita a comunicação que fez, embora não deixe de lamentar. Há quem diga que a miséria alheia não nos governa, mas para contrariar, confesso que me alegrava ver juntarem-se-lhe os "mamões" do parlamento europeu, os do português, os múltiplos administradores dos institutos públicos que se atropelam uns aos outros, etc. Tudo somadinho, quem me dera engrossassem a lista da qual passou a fazer parte! É que, por irónico que pareça, começava a ver alguma luz no fundo do túnel para onde fomos empurrados. "Tiro o chapéu" à Irlanda pela inteligência e coragem dos seus cidadãos que souberam bater o pé e defender os seus interesses. São cerca de 300000. Tudo bem. E se de entre estes só 100 tivessem consciência política e os restantes fossem como os portugueses? Claro que a atitude do presidente também ajudou ao recusar assumir dívidas que não eram do foro público. Em Portugal há muitas "catedrais" isentas de obrigações e cheias de direitos. Destes, só eles usufruem; as obrigações são partilhadas, mesmo que não façamos parte do "colégio clerical". Mas o que é que eu disse que já todos não saibam? O que tarda são as atitudes. Oxalá não esperemos muito...
Como muito bem escreve Estella : "O que tarda são as atitudes. Oxalá não esperemos muito... "
Vivo no estrangeiro, onde a situação, se não é assim tão critica como em Portugal, se aproxima também do impasse. A minha volta, ouço falar de amigos e mesmo de membros da minha família, que estão à beira do abismo. Um sentimento de fatalidade paira sobre a Europa.
A eficiência destruidora da política de austeridade, num verdadeiro circulo vicioso, é confirmada por uma série de exemplos: Num ano, o desemprego passou de 13,7% a 16,3, em Portugal, de 22,7 a 26,2%, em Espanha, e de 8,8 a 11,1% na Itália. O crescimento desmorona-se, a divida aumenta.
A Troïka e Frau Merckel fustigam os países sob austeridade acusando-os de serem "pouco ou nada" sérios na aplicação das medidas assassinas que preconizam. E portanto, a explosão do desemprego não é ela uma prova tangível que as medidas foram realmente aplicadas?
Em dois anos e meio, acumularam-se provas que o sistema europeu regido e condicionado pelos seus dogmas de influência neoliberal perdeu a idéia do perigo do seu programa econômico. Na ideologia neoliberal, a variável social é um elemento que é deliberadamente e conscienciosamente posto de parte. Não por omissão mas por princípio teórico. Salvo que, raciocinando assim, unicamente em termos de teoria econômica, acaba-se por esquecer que esta teoria está diretamente ligada a outros fatores, entre os quais a vida de milhões de seres humanos.
O sistema político atual não tem, muito simplesmente, nenhuma consciência das conseqüências dos seus atos. E isto revolta-me.
Freitas Pereira
Cara Estella,
Diz muito bem: "EmPortugal há muitas "catedrais" isentas de obrigações e cheias de direitos". ESte é um dos nossos cancros que mina as finanças do Estado e a sua credibilidade, ao mesmo tempo que abala a confiança dos cidadãos na liderança política e no próprio sistema. Ou seja, encaminha-nos para a ruína económica, política e de valores. É muito mau.
Caro Sr. Freitas Pereira,
Diz bem. EXiste uma indiferença ofensiva perante os problemas dos cidadãos.
Porém, esta doutrina é só parcialmente liberal, porque privilegia o Estado em prejuízo dos cidadãos e de muitas (não todas) empresas.
E o LIberalismo visa a expensão da sociedade e a contracção do Estado.
Professor, terminou um ciclo, mas a vida continua. Costuma dizer-se que se um professor "chegar" pelo menos a um aluno então a sua passada pelo ensino já valeu a pena. Tenho a certeza que já marcou o percurso académico de centenas de estudantes, mas, de qualquer forma, pelo menos eu já chego para cumprir a quota mínima. Um forte abraço e obrigado por tudo.
João Luís
Para grande admiração minha... profissionais assim nunca deveriam ter lugar no desemprego... um abraço e um privilegio ter tido como professor.
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