11 junho, 2012

Mais Um Para o Lixo

MAIS UM PARA O LIXO


No dia 7 de Junho, a agência Fitch desceu o rating da Espanha 3 níveis de A para BBB, ou seja para junk. A Espanha foi, nesse dia, mais um país europeu a ir para o lixo. Pelo menos ao nível financeiro.

Como de costume, os ministros e o Governo negaram até ao último dia, até terem de aparecer com a corda ao pescoço admitir à sua população que optaram por pedir ajuda. O Governo Espanhol entrou para o clube do jamais do famigerado Mário Lino.

Mais uma vez, a aproximação dos juros dos bonds soberanos à fatídica red line dos 7% foi a pedra de toque para o pedido de socorro.



Comprovou-se que o modelo de crescimento económico da Espanha, assente num boom imobiliário descontrolado, conduziu ao sobreendividamento das pessoas e de muitas empresas, à exposição do sector financeiro a uma montanha de crédito mal parado, sendo que o estouro da bolha imobiliária afundou a economia e ajudou à espiral de desemprego, situado nos 24%, à frente da própria Grécia.



Apesar da atitude quase displicente de Rajoy a tentar impingir a ideia que o resgate nada tinha a ver com a Espanha, mas sim com os bancos, a realidade é que a Espanha teve de pedir o auxílio do FMI e da EU e no valor de 100 biliões de euros. Aliás, o Primeiro-Ministro espanhol teve a petulância de apresentar o resgate como um triunfo para o euro. Só lhe faltou dizer que o pedido de resgate foi um favor que Madrid fez à União Europeia.

Não obstante, comprovou-se, até ver, a influência que Madrid ainda tem na União, dado que recebendo um bailout por causa da situação de rotura do sector financeiro, tal como a Irlanda, parece ter escapado ao colete de forças da política económica da Troika. Veremos qual o feedback que a Irlanda terá da sua reivindicação de igualdade de tratamento.


Para todos os efeitos, por muito que isso custe ao habitualmente inflacionado ego espanhol, a Espanha juntou-se formalmente ao clube dos aflitos: Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal, por ordem da dimensão da ajuda concedida. E a longa novela da crise do euro conhece mais um episódio. Aguarda-se as cenas dos próximos capítulos.

8 comentários:

Defreitas disse...

Caro Senhor Miguel Ribeiro : Não são 100 milhões mas 100 mil milhões !

Seria caso para dizer que os PIGS devem sair do EUROMARK o mais rapidamente possível ! Senão, serão destruídos! Esta moeda não pode ser desvalorizada mas valorizada em permanência, para servir os interesses da Alemanha.

Se os PIGS ficam, a agonia será longa até à destruição total. Claro que no inicio eles sofrerão (mas já sofrem hoje !) durante um certo tempo, mas a economia arrancará de novo com uma moeda mais fraca : turismo, investimentos menos caros, deslocalisaçàes das fábricas , dos outros países do EUROMARK , porque PIGS mais atraentes, etc. O primeiro que sair estará salvo !

Freitas Pereira

Sérgio Lira disse...

A arrogância espanhola parece ser função:

a) do tombo que o colapso espanhol significa(ria) para a economia europeia

b) do hálito a alho e azeite, que não se sente na TV mas que a Merkel de certeza já teve oportunidade de experimentar, numa daquelas beijoquices polítiqueiras...

é no que dá a promiscuidade... fica-se refém dos hábitos e dos hálitos alheios.

Defreitas disse...

Sobre o fundo do seu comentário, tem muita razão ! 100 biliões é um comprimido de aspirina para salvar dum cancro !

Trata-se nada mais nada menos dum domino mais que caiu.Outros vão seguir, qualquer que seja o plano de salvação inventado pelos mesmos salvadores.

Quando nos dizem que é um plano para salvar 30% dos bancos em maior dificuldade, e que este anuncio é bom para a economia espanhola e para o futuro do Euro, tudo isso deixa-me perplexo.

O que seria bom seria de salvar o pais e não os bancos! E não é salvando os bancos que se salva o pais ! Veja-se o caso da Islândia ! Não esquecer que este plano vai pesar ainda mais na divida do pais!

Freitas Pereira

PVM disse...

Rui, apenas uma correção: o FMI não entra neste resgate, pois as suas regras impedem a concessão de ajuda financeira quando ela é destinada aos bancos.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Caro Sr. De Freitas,
Agradeço.lhe a correcção que introduzi ainda esta manhã. Erro crasso. Escrevi 100 biliões porque prefiro a concepção anglo-saxónica nesta matéria.
Essa do EuroMark é boa. Eu não tenho certezas, mas por vezes dou por mim a pensar se não seria menos mau declarar o default e mandar o EuroMark às urtigas...

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sérgio,

Impagável!!!

Quanto à arrogânica, parece que se vai esvaziando como um balão furado à medida que se vão sabendo pormenores. O Herr Schauble, Min das Finanças da Europa, perdão, da Alemanha, já esclareceu que as "recomendações" de que fala Rajoy são imposições e que vai haver uma troika a controlar. Parece que neste euro, a Espanha vai ficar longe do título.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. DE Freitas,

Em relação ao seu 2º comentário, confesso que tabém me causa muitos engulhos os bancos terem gestões incompetentes ou mesmo criminosos e o dinheiro dos contribuintes servir para lhes salvar a pele. É uma aberração.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Paulo:

Obrigado pela correcção. Não obstante, parece que o FMI vai ter um papel de supervisão sobre a plicação do fundo de resgaste.