PASSOS EM FALSO &
PASSOS CORRECTOS
Pedro Passos Coelho percorre a parte mais difícil da sua caminhada para o poder. É aquela em que o poder parece dele para o agarrar, mas ainda não é. Um período em que a maioria das pessoas assume que ele irá ganhar, de tal modo que se o fizer será encarado com normalidade, se não o conseguir, será rotulado de rotundo fracasso. E, principalmente, o tempo em que a ânsia de dizer, de explicar e de fazer, frequentemente atropela a racionalidade de medir cada passo com prudência.
E assim, aos passos correctos sucedem-se aos passos em falso e vice-versa.
Os passos em falso
Passos Coelho disse que poderia aumentar o IVA, mesmo que contrafeito. Erro crasso. Quis salvaguardar essa possibilidade para não passar por mentiroso mais tarde. No estado em que está Portugal e em que vivem os Portugueses, não há tolerância para salvaguardas: se quer aumentar diga-o, se não quer, diga-o também. E, acima de tudo, cumpra. Com esta tergiversação, deu munições ao adversário, que não se fez rogado e o bombardeou com o IVA nos dias subsequentes e assim será até ao dia das eleições. Por tudo aquilo que tem dito nos últimos dois anos, Passo Coelho não pode aumentar os impostos. Passo em Falso.
Passos Coelho tentou desdramatizar uma eventual intervenção do FMI. Esta tem sido uma bandeira do Governo e com a qual há um certo grau de empatia da população, por uma questão de (uma réstea) de orgulho nacional e, principalmente, por razões pragmáticas: o receio de que o FMI possa impor medidas draconianas ao país e aos Portugueses. Tratar este assunto como se de uma questão menor se tratasse, foi outro Passo em Falso.
A insinuação de um mega-Bloco Central (PSD-PS-CDS) é algo de pavoroso. Só faltava reencaminhar para o Governo o principal fautor da crise aguda que vivemos. Não, não é apenas Sócrates, é também o PS. Penso que em vez de atrair votos, tal ideia vai espantar os votantes. Eu não voto em semelhante proposta. Grande passo em falso.
Finalmente, as múltiplas declarações de responsáveis e menos responsáveis dirigentes e militantes do PSD, todos querendo ter uma palavra a dizer sobre o que Passos Coelho deve fazer/não fazer e dizer/não dizer sobre todo e qualquer assunto. Tal cria muito ruído em volta do partido e do líder, fazendo chegar uma imagem confusa ao eleitorado. O PSD devia abster-se de fazer declarações sobre políticas específicas até à apresentação do programa eleitoral, para que o que passe para o povo português seja efectivamente o que se pretende fazer. De outro modo, quando o programa surgir, já as pessoas terão uma ideia (de)formada sobre os planos do PSD. Passos em Falso.
Os passos correctos
As declarações que tem feito de forma consistente sobre a necessidade imperiosa de reformar o Estado, de reduzir o seu peso na sociedade portuguesa e de cortar fortemente na despesa pública, poupando os massacrados cidadãos. Conforme declarações do próprio, retiradas do “Diário de Notícias”:
“O que nós precisamos é que o Estado faça aquilo que os portugueses já têm vindo a fazer, que o Estado, ele próprio, faça austeridade.
Eu sou professor de economia e tenho uma noção muito clara do que é que o país hoje precisa. O país não precisa de mais promessas de impostos e de mais sacrifícios só porque o Estado não faz aquilo que deve. O Estado tem de diminuir as suas despesas, tem de racionalizar o sector empresarial e tem de dar esperança e mobilização ao país.
Se o Estado tivesse diminuído a sua despesa, os "impostos e sacrifícios teriam sido evitáveis." Passo Correcto.
A coragem que teve em chumbar o PEC IV, que vinha precisamente contrariar as suas declarações, imputando sobre os cidadãos, mais uma vez, o ónus de tapar o buraco sem fundo das contas públicas. Passo Correcto.
2 comentários:
Mesmo assim é a única luz ao fundo do tunel. Não posso crer que os portugueses votem de novo no PS ou Sócrates! Não posso crer num governo que os integrem!!
Helena!
Se os Portugueses derem a vitória ao PS e ao Sócrates, estamos muito pior do que eu imaginava, pois isso significa um forte pulsar suicidário!
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