OS TTT DA CHINA
Bandeira do Tibete
Há bastantes anos atrás (demasiados anos, diria), frequentava eu o curso de Relações Internacionais na Universidade do Minho quando o embaixador da República Popular da China (RPC) foi proferir uma conferência à Universidade.Chegados ao período de perguntas e respostas, pedi a palavra e coloquei três questões: a 1ª sobre Hong Kong e Macau, a 2ª sobre Taiwan e a 3ª sobre o Tibete. A evolução do embaixador foi do incómodo à irritação até a quase apoplexia.
A conferência terminou pouco depois e o diplomata saiu com cara de poucos amigos, quiçá lamentando não estarmos em Xangai para me ser dado o tratamento devido à minha impertinência.
Na realidade, havia tocado nos pontos fracos da RPC que subjaziam, particularmente os dois últimos, ao expansionismo agressivo de Pequim. Concomitantemente, eram os assuntos cuja abordagem mais irritação causava ao Governo Chinês (pouco tempo depois juntar-se-ia o massacre de Tiananmen à lista), que os considerava uma inaceitável ingerência nos assuntos internos da China.
Perto de vinte anos volvidos, os 3TTT – Tibete, Taiwan e Tiananmen continuam por resolver. Destes, o Tibete será, porventura, o mais dramático: invadido, ocupado e anexado em 1959, oprimido e colonizado desde então, é vítima de uma agressão gratuita e de um etnocídio implacável, resultado da submersão demográfica, cultural, política e económica do Tibete pela etnia Han, maioritária na China.
A revolta dos Tibetanos que se desenrolou nos últimos dias é um acontecimento notável pela dimensão que teve e pela coragem que implicou o desafio à autoridade de um estado totalitário.
O timing até é favorável: a realização dos Jogos Olímpicos em Pequim dentro de 5 meses, tem refreado os ímpetos mais repressivos e brutais das autoridades chinesas. Afinal de contas, é uma maçada vir lembrar ao mundo que, pela 3ª vez desde 1896, os Jogos Olímpicos vão ser organizados por uma ditadura e a companhia não é muito agradável – a Alemanha nazi em 1936 e a URSS em 1980.
Contudo, ultrapassada a crise com mais ou menos força, o estatuto do Tibete permanecerá inalterável. Enquanto o T de Tiananmen não tiver uma solução satisfatória, os restantes TT continuarão na mira de milhares de mísseis, no caso de Taiwan, e a ser lentamente asfixiados, no caso do Tibete.
1 comentário:
De facto a coragem é realmente de louvar, os Tibetanos afirmam-se de novo como naçao e a sua identidade ainda esta viva, uma vitoria notavel, ja que estao debaixo da dominaçao e colonizaçao chinesa a tantos anos.
Por mim chamem-me o que quiserem mas nao ficaria triste se os atletas chineses nas olimpiadas ganhassem todas as medalhas.
Isto se fossem os unicos a participar...e um boicote fosse implementado. A propaganda de regime a mim causa-me alergia, e ja estou a imaginar o tipo de abertura que os jogos olimpicos vao ter, muito "A La North Korea".
O pseudo imperialismo chines encaixa-se num padrao asiatico de totalitarismo que se apoia mutuamente, a China alimenta e da sustento a inumeras ditaduras por esse mundo fora, se existe algum eixo do mal a China é um dos centros do mal...
Perdoem-me ser political incorrect.
ISobral
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