04 abril, 2007

Brincando com o Fogo

BRINCANDO COM O FOGO

Brincar com o fogo é algo que, para muitos de nós, se torna irresistível nalguma altura das nossas vidas. Não sendo normalmente aconselhável, o próprio verbo brincar denota o carácter relativamente inócuo de muitas dessas brincadeiras, não deixando de sublinhar o seu carácter ambíguo, ou seja, a brincadeira pode correr e/ou acabar mal.

Bem mais grave se torna a brincadeira quando os protagonistas não são crianças ou jovens inconscientes, mas adultos bem crescidos, detentores de poder e responsabilidade significativos que, por excesso de ambição, inconsciência, imprudência, loucura, ou qualquer outra razão, resolvem brincar com o fogo. Neste campo, a actual liderança do Irão mostra um empenho e expertise que, actualmente, só encontra rival na Coreia do Norte.

Esta imagem captada pelo Hubble mostra gás expelido sob a forma de bolas de fogo à velocidade de 160.000 km/h, da estrela WR124 da constelação Sagitário. Uma das curiosidades deste tipo de estrelas (Wolf Rayet) é a de viverem rapidamente e morrerem novas após um período violento marcado pela explosão de massas de fogo.

O sequestro, por parte do Irão, de 15 marinheiros da Royal Navy na semana passada sob o falso pretexto de que se encontravam em águas territoriais iranianas, a sua transferência para Teerão, o seu isolamento e a recusa injustificada em libertá-los, constitui a última acha lançada pelos radicais iranianos para a fogueira do Médio Oriente.

Neste momento em Teerão e em Qom brinca-se com o fogo. O fogo do nuclear, o fogo do petróleo, o fogo do Iraque, o fogo do conflito militar no Golfo Pérsico e no Estreito de Ormuz, o fogo do Xiismo contra o Sunismo, o fogo dos jogos internos de poder, o fogo do afrontamento com os EUA e o Reino Unido. Em suma, brinca-se com o fogo da guerra. A ver vamos quem se vai queimar. Talvez o final da legenda da fotografia que ilustra o post possa dar umas pistas…

5 comentários:

António Couto disse...

Eu gosto muito de Inglaterra e da cultura inglesa, mas custa-me a querer que o Irão queira "comprar" uma guerra seja com Inglaterra, seja com os EUA... mas diga-se de passagem as chamadas super potências conseguem, e a maior parte das vezes são bastante abelhudas! Será que não estavam mesmo em águas territoriais Iranianas?
I don’t know if I am buying the not guilty of England, but not getting anyone’s side… They are thirsty for power:P

PVM disse...

Rui:

Lê isto (em http://www.euronews.net/index.php?page=info&article=415482&lng=6):
"Imagens polémicas mas que podem ajudar a esclarecer alguns mistérios que envolvem a captura dos 15 militares. Uma semana antes da sua detenção o capitão Chris Air, um dos soldados libertado esta quinta-feira, revelava a um canal de televisão britânico os principais pontos da sua missão: "proteger os pescadores, impedir actos de terrorismo ou pirataria na região e, em segundo lugar, reunir informação sobre qualquer actividade iraniana...." afirmou o oficial britânico em entrevista divulgada por um canal de notícias de língua inglesa depois da libertação dos militares."
Se calhar foi a lavagem cerebral que recebeu em Teerão...
PVM

João Pulido disse...

Depois de terminado o sequestro dos militares, 3 ideias principais me ocorrem:

1- O Irão mostra que está "vivo" e desejoso de confrontos
2- Será que os Ingleses são santinhos?
3- Os ingleses negoceiam com terroristas (pelo menos assim têm classificado o Irão)


E já agora, que tal um comentário sobre a autorização imediata para venda da história Holywood.

Rui Miguel Ribeiro disse...

António: Eu também gosto muito da Grã-Bretanha e, francamente, não gosto da República Islâmica do Irão. Eu não posso jurar que a lancha estava em águas iraquianas ou iranianas, ainda por cima numa zona contestada, mas o PM Tony Blair produziu provas com GPS de que a Royal Navy estava onde devia estar. De qualquer forma, é óbvio que o Irão esteve a esticar a corda e que as suas motivações eram outras.
As grandes potências são frequentemente "abelhudas", mas as que tu referes (USA&UK) também agem em defesa de interesses próprios e comuns aos aliados como nós, quando outros não se atrevem a fazê-lo. Sugiro a leitura do post de 29/11/06 "O Comboio dos Duros" at http://tempos-interessantes.blogspot.com/2006/11/o-comboio-dos-duros.html

Anónimo disse...

Bem acho que brincar com o fogo é um understatement, particularmente para o caso iraniano. O fogo eterno iraniano continua apesar de mais de 25 anos de regime islâmico a queimar as hierarquias religiosas iranianas. Isto é não contentes por teram destruido sistematicamente qualquer vestigio e referencia aos varios imperios persas e legado filosofico religioso antigo dos manuais escolares iranianos, agora resolveram encobrir com um mega projeto hidroeletrico os varios vales antigos iranianos onde 70% do expolio arqueologico ainda não foi explorado, fala-se ainda de encobrir o tumulo de Kurosh ou seja Ciro o Grande, o primeiro imperador Persa.A cultura persa anterior ao islão é considerada oficialmente decadente e barbara.
O fogo iraniano agora começa a queimar os proprios religiosos iranianos, a inflação é galopante a mais de 25% (numeros oficiais) e o fogo de pagar as centrais nucleares a peso de ouro não ajuda.
Ainda pior o fogo que atravessa a juventude iraniano é cada vez mais dificil de conter e concordo consigo Rui, é hora deste regime ter o fim que merece e desaparecer da mesma maneira que apareceu.
Não deixa de ser curioso que a resistência iraniana no exterior classifica este ano como o Ano de Kurosh Bozorg, o Grande Kurosh. O fogo Persa é impossivel de apagar e não vão ser estes novos invasores pseudo-islâmicos xiitas a faze-lo, são apenas um parentesis, como todos os regimes totalitarios e todos os invasores que invadiram a pérsia

Isobral