19 outubro, 2010

Gestão Danosa, Roubo e Extorsão

GESTÃO DANOSA, ROUBO E EXTORSÃO

É há muito tempo evidente que a capacidade de gestão financeira dos governos de José Sócrates é catastrófica. Portugal tem sido tão mal gerido e chegou a um estado tão desesperado, que se poderia qualificar de danosa a gestão (???) que o PS tem feito do erário público.

Como já aqui referi em post anterior, o Governo andou mais de 2 anos contrair o deficit orçamental de 6% para 2.8% fundamentalmente à custa da penalização fiscal dos cidadãos, para de seguida, a coberto da crise internacional e tendo as eleições de 2009 na mira, recomeçar a gastar em roda livre, fazendo o deficit explodir para os 9%. Neste caso, já teremos um caso de enriquecimento sem causa, ou mesmo de roubo.
 
Em 2010, depois de meses de negação, seguida da solução (??) sob a forma do PEC I, após nova solução (???) com o PEC II, segue-se o PEC III que pelos vistos pouco resolvia dado que já foi ultrapassado pela proposta de orçamento para 2011, que consegue ser ainda mais gravosa. Na realidade, é uma tentativa de extorsão. Aumenta o IVA, aumenta o IRS, aumenta o IRC, diminuem as prestações sociais, os pensionistas pagam mais, enfim, cortam-se os dedos (os nosso, entenda-se), mas salvam-se os anéis (deles, entenda-se).

A proposta de orçamento para 2011 vai relançar Portugal na recessão e os Portugueses na depressão e não nos aponta uma via de saída para a crise: continuamos com um Estado gordo que explora uma população empobrecida. Chegou a altura de cortar de forma radical com os institutos e outros organismos que inflacionam as contas do Estado, com investimentos (???) faraónicos de retorno duvidoso e que se apresentam quase como uma obscenidade no contexto actual, maxime o TGV, com a multiplicidade de pareceres e estudos externos, com as despesas sumptuárias, com o recurso incontinente a parcerias público-privadas que se vêem revelando ruinosas, com os benefícios injustificáveis (juízes, dirigentes da administração pública, de empresas e institutos públicos) e com o acesso ilegítimo a benefícios sociais.
 
Claro que a metodologia apresentada é mais fácil e protege os interesses instalados. Também é mais fácil cortar arbitrariamente os salários dos funcionários do que conseguir melhorar os índices de produtividade, tornando o trabalho mais barato, por exemplo, canalizando os ditos estudos, consultas e pareceres para a administração pública em vez de alguns privilegiados gabinetes.

Por tudo isto, eu desejo (mas não espero) que o orçamento seja drasticamente alterado ou rotundamente chumbado. Pouco me importa o consenso da nomenklatura nacional sobre a aprovação do documento (por quase todos reconhecido como mau) representa o pântano do situacionismo em Portugal que muito tem construído para o gradual afundamento do país; ou, ainda menos, os apelos, conselhos, avisos e admoestações dos funcionários públicos residentes na Bélgica.

Entendo que um mau orçamento não pode ser solução para coisa nenhuma. Estou convicto que a carga fiscal que incide sobre os Portugueses já é excessiva e não devia ser tolerada. Penso que um orçamento que castiga severamente os cidadãos e as famílias vai afundar economicamente muitos Portugueses, bastantes empresas e, a prazo, o país.

 
Post Scriptum: José Sócrates declarou, qual Pinóquio, que só este orçamento pode salvar a economia, promover o crescimento e proteger o estado social. Isto dito noutro tempo e no Parque Meyer, seria hilariante. Dito agora e pelo Primeiro-Ministro é desprezível e revoltante.
P. Post Scriptum: Gato escaldado de água fria tem medo. Confesso que sempre tive as maiores dúvidas que Pedro Passos Coelho levasse a sua recusa de novo assalto fiscal até às últimas consequências e nunca pensou que a levasse até tão longe. As notícias que vão flutuando desde ontem, apontam para que essa resistência (??) terá terminado. Se assim for, escusa de pedir desculpa, basta ir-se embora.

10 comentários:

Gil Ferreira disse...

Eu percebo que nao habendo saida e melhor escolher a menosa. E e neste caminho que iremos, contudo, cedo iremos pagar a factura. Tenho pena, de que portugueses persigam e prejudiquem Portugueses. Acho que uma pequena revolucao indicaria que nao somos indiferentes...

Sérgio Lira disse...

Tempos, infelizmente, muito desinteressantes. Desinteressantes para todos nós (esbulhados sob uma pesadíssima Lei de Bronze que os nossos incultos governantes não sabem enunciar de forma erudita mas sabem aplicar de forma vergonhosa) mas desinteressantes também para os nossos algozes que, por menos escrúpulos e menos princípios que tenham se confrontarão com a necessidade de se esconder pelas esquinas e estão na vertigem de fugir de calças na mão (claro, para um qualquer paraíso onde atempadamente colocaram as "poupanças", mas fugir ainda assim). Eu sei que a sua falta de dignidade lhes permite não se incomodarem demais com estas pequenas questões, mas que é triste, é.

Concordando genericamente com o post, não posso deixar de comentar que seria, em absoluto, de evitar - especialmente neste post - a utilização do acrónimo da expressão latina que me escuso de repetir: mesmo como Post-Scriptum é de muito mau gosto, fica mal, borra um pouco a pintura...

Que o orçamento seja aprovado, ou não, parece-me absolutamente irrelevante: o governo cairá, inevitavelmente, depois das eleições presidenciais, com orçamento ou sem ele, com sondagens ou sem elas, com esta ou com aquela direcção do PSD. Porque quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário a um povo dissolver os laços políticos que o ligam a um governo incompetente, e assumir, entre os poderes da Terra, posição igual e separada, a que lhe dão direito as leis da natureza e as do Deus da natureza, o respeito digno para com as opiniões dos homens exige que se declarem as causas que os levam a essa separação. Algumas dessas causas são comuns: este governo recusou assentimento a leis das mais salutares e necessárias ao bem público; Dificultou a administração da justiça; Tornou os juízes dependentes apenas da vontade dele para gozo do cargo e valor e pagamento dos respectivos salários; Criou uma multidão de novos cargos e para eles enviou enxames de funcionários para perseguir o povo e devorar-nos a substância; Combinou com outros sujeitar-nos a uma jurisdição estranha à nossa Constituição e não reconhecida pelas nossas leis, dando assentimento aos seus actos de pretensa legislação... entre outros...

Bom, e se algum politicote mais espevitado resolver processar-me por estas últimas palavras, enfim, vai ser muito divertido citar o documento original em Juízo!

Francisco Monteiro disse...

Saudações professor.

Pois...que dizer né. Mais do mesmo.
Qual "Dealer", diria mesmo qual "Professional Dealer" o Sr. José Sócrates vai liderando com astúcia totalitária este jogo estratégico o qual tem um objectivo bem delineado e que vai ser atingido (pode crer professor) pois o conceito de «iletracia social» é aquele que vagueia, planeia e exibe-se plenamente em todas as células respiratórias deste nosso melancólico e lindo cantinho - Portugal.
Aquilo que as nossas "entourages" políticas têm vindo a fazer já era medíocre. Mas esta "entourage socrática" é deveras abismal. Ou seja, o Sr. Sócrates e a sua "entourage" bem lá do topo da pirâmide não conhecem, nunca percorreram e escarram todos os dias e a todos os segundos para a base social, ou seja, para nós.
E o que fazer se o "nós", é neste momento da História uma espécie sem conteúdo, socialmente iletrada e sem noção do significado verdadeiro da palavra «Humanidade».

Francisco Monteiro
UFP.

Ricardo Lima disse...

O Estado Providência morreu, faleceu, pereceu, é uma múmia.Os próximos anos provarão a uma Europa cada vez mais estatista que este modelo de desenvolvimento faliu. Em Portugal, o Estado terá, forçosamente, que se retirar, em parte, da vida económica e social dos portugueses. A falta de sustentabilidade no crescimento que o sector público teve desde 76 aliada a sucessivos aumentos da carga fiscal nunca produziram um crescimento económico que conciliasse as contas públicas com o monstro estatal. O Estado deve saír da economia, terminar com o SEE, com a RTP, privatizar, privatizar...

Senão temos o FMI à porta e de aumentar a carga fiscal esses tipos percebem e muito.

João Figueiredo disse...

Caro professor,

O OE 2011 é mau para o País, isso, já toda a gente percebeu. Como sempre, os nossos governantes tiraram, da gaveta, as medidas mais fáceis. Não seria de esperar melhor, de pessoas tão "competentes e sabedoras".
Contudo, independentemente dos péssimos anos da governação Sócrates, os problemas do País são mais profundos e graves do que a era Sócrates. Os seus antecessores têm muitas culpas também... sejam PS ou PSD.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Caro Gil: Aco que precisamos mesmo de uma revolução! De uma revolução no sentido do serviço público, da boa gestão da coisa pública, da seriedade na actividade política e no respeito pelos programas, pela palavra e pelos eleitores. E já não seria nada pequena a revolução!!!

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sérgio: Subscrevo na íntegra o que escreveste. O problema do post-scriptum (compreendo a sensibilidade) foi prontamente resolvido.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Francisco: Que posso dizer? Estamos num buraco e vai ser muito difícil sair dele. Espero que o eleitorado tenha a coragem e a sapiência para romper amarras e assacar responsabilidades na hora do voto!

Rui Miguel Ribeiro disse...

Ricardo: Paz à sua alma. Eu espero que não sejam necessários os próximos anos para provar a falência do sistema: ela está à vista de todos, escarrapachada na praça pública!

Rui Miguel Ribeiro disse...

João Carlos: Tens razão, os problemas financeiros de Portugal são como o "Constantino", já vêm de longe. Contudo, não podemos iludir-nos e deixar de afirmar que a dupla Guterres/Sócrates torpedeou o que restava do navio deixando-o praticamente sem conserto.