O ESTADO DO PSD
Na entrada do ano de (quase) todas as eleições, importa discorrer um pouco sobre o estado e as perspectivas dos principais partidos portugueses.
O diagnóstico laranja é, como direi....penoso. O PSD corre sem rumo nem estratégia, aparentemente com a mesma clarividência de um homem vendado em direcção a um muro. A continuar assim, arrisca-se a que o resultado seja o mesmo.
Durante muito tempo, faltava a Manuela Ferreira Leite convicção e determinação; parecia estar a fazer um frete, que gostaria de estar noutro lugar que não na São Caetano. Nem me refiro ao silêncio de Verão que é sobrevalorizado por uma imprensa que não tolera que não lhe falem quando quer, mas à falta de disponibilidade para estar com os dirigentes e militantes do partido. Essa fase foi ultrapassada, mas permanecem problemas fundamentais:
1- Uma ideia para Portugal, um objectivo mobilizador e uma estratégia para lá chegar.
2- Uma oposição acutilante e permanente ao Governo que o atinja nos seus múltiplos pontos fracos. Não resulta fazer um ataque forte pontual e depois passar semanas como se nada se passasse. Entretanto o PS vai veiculando a sua mensagem.
3- O PSD demonstra a capacidade mobilizadora e entusiasmante de um filme de Manuel de Oliveira e a sua Presidente não tem o carisma e o entusiasmo necessários para galvanizar as bases do Partido, para já não falar da população em geral.
4- O PSD tem menos estabilidade que o Benfica no tempo de João Vale e Azevedo.
Os dois primeiros pontos são ultrapassáveis, os dois últimos muito dificilmente o serão. Deste caldo, resulta uma descrença generalizada que é meio caminho para uma derrota em Outubro.
Neste ambiente, mesmo as iniciativas positivas que a Direcção tome são acolhidas com cepticismo, ou pior, com indiferença e entramos num círculo vicioso em que o fracasso e a ineficácia se auto-alimentam. A isto acresce que no inner-circle da Presidente parece prevalecer o mesmo sentimento a julgar pelas ausências, pela falta de garra, pela inexistência aparente de quem procure corrigir o rumo e a estratégia, pelas faltas de comparência quando é preciso defender Manuela Ferreira Leite de ataques de figuras de segunda linha do Governo.
Quo vadis PSD?
Penso que o PSD se vai arrastar sem ânimo até às eleições, sem alterações de política e de protagonistas. Manuela Ferreira Leite tem qualidades, mas a capacidade de ter um golpe de asa que mude o seu (e o nosso destino) não está entre elas. Os membros supostamente mais importantes da sua entourage, ou não são relevantes, ou já são proto-candidatos para o pós-2009. Pedro Santana Lopes está ocupado com Lisboa e deixou de ser uma alternativa à liderança, pelo menos para já. Pedro Passos Coelho está em campanha há 10 meses, numas primárias solitárias e a primeira coisa que quer é estar nas listas de deputados em 2009 e a última coisa que quer é que haja eleições internas antes de 2010. Luís Filipe Menezes já assumiu que não é candidato e incorre no erro do exagero no ataque à liderança, sem esquecer que é graças à sua saída de cena que Ferreira Leite lá se encontra. Alberto João Jardim corre por fora e só teria possibilidades num cenário de implosão eleitoral do Partido, o que não é provável, nem impossível.
Então resta esperar pelo embate contra o muro? O futuro afigura-se muito cinzento, mas há sempre (?) algum foco de esperança a que nos podemos agarrar: um voto de protesto nas eleições europeias que permita um bom resultado ao PSD e o recuperar de ânimo para as eleições do Outono; que a saturação com a crise e com o governo da crise, perdão, do PS, supere a descrença na oposição; que o PCP e o BE sangrem o PS pela esquerda encurtando as distâncias entre o PSD e o PS e retirando a maioria absoluta a este; um fenómeno de fénix do PSD que o leve a mobilizar os Portugueses.
Trata-se, contudo, de pouco, quando estamos a falar da única alternativa de governo em Portugal. No fundo, o que mais falta ao PSD, é apresentar uma verdadeira alternativa de governo (de projecto) para Portugal. Até lá, vamos (des)esperando.
O diagnóstico laranja é, como direi....penoso. O PSD corre sem rumo nem estratégia, aparentemente com a mesma clarividência de um homem vendado em direcção a um muro. A continuar assim, arrisca-se a que o resultado seja o mesmo.
Durante muito tempo, faltava a Manuela Ferreira Leite convicção e determinação; parecia estar a fazer um frete, que gostaria de estar noutro lugar que não na São Caetano. Nem me refiro ao silêncio de Verão que é sobrevalorizado por uma imprensa que não tolera que não lhe falem quando quer, mas à falta de disponibilidade para estar com os dirigentes e militantes do partido. Essa fase foi ultrapassada, mas permanecem problemas fundamentais:
1- Uma ideia para Portugal, um objectivo mobilizador e uma estratégia para lá chegar.
2- Uma oposição acutilante e permanente ao Governo que o atinja nos seus múltiplos pontos fracos. Não resulta fazer um ataque forte pontual e depois passar semanas como se nada se passasse. Entretanto o PS vai veiculando a sua mensagem.
3- O PSD demonstra a capacidade mobilizadora e entusiasmante de um filme de Manuel de Oliveira e a sua Presidente não tem o carisma e o entusiasmo necessários para galvanizar as bases do Partido, para já não falar da população em geral.
4- O PSD tem menos estabilidade que o Benfica no tempo de João Vale e Azevedo.
Os dois primeiros pontos são ultrapassáveis, os dois últimos muito dificilmente o serão. Deste caldo, resulta uma descrença generalizada que é meio caminho para uma derrota em Outubro.
Neste ambiente, mesmo as iniciativas positivas que a Direcção tome são acolhidas com cepticismo, ou pior, com indiferença e entramos num círculo vicioso em que o fracasso e a ineficácia se auto-alimentam. A isto acresce que no inner-circle da Presidente parece prevalecer o mesmo sentimento a julgar pelas ausências, pela falta de garra, pela inexistência aparente de quem procure corrigir o rumo e a estratégia, pelas faltas de comparência quando é preciso defender Manuela Ferreira Leite de ataques de figuras de segunda linha do Governo.
Quo vadis PSD?
Penso que o PSD se vai arrastar sem ânimo até às eleições, sem alterações de política e de protagonistas. Manuela Ferreira Leite tem qualidades, mas a capacidade de ter um golpe de asa que mude o seu (e o nosso destino) não está entre elas. Os membros supostamente mais importantes da sua entourage, ou não são relevantes, ou já são proto-candidatos para o pós-2009. Pedro Santana Lopes está ocupado com Lisboa e deixou de ser uma alternativa à liderança, pelo menos para já. Pedro Passos Coelho está em campanha há 10 meses, numas primárias solitárias e a primeira coisa que quer é estar nas listas de deputados em 2009 e a última coisa que quer é que haja eleições internas antes de 2010. Luís Filipe Menezes já assumiu que não é candidato e incorre no erro do exagero no ataque à liderança, sem esquecer que é graças à sua saída de cena que Ferreira Leite lá se encontra. Alberto João Jardim corre por fora e só teria possibilidades num cenário de implosão eleitoral do Partido, o que não é provável, nem impossível.
Então resta esperar pelo embate contra o muro? O futuro afigura-se muito cinzento, mas há sempre (?) algum foco de esperança a que nos podemos agarrar: um voto de protesto nas eleições europeias que permita um bom resultado ao PSD e o recuperar de ânimo para as eleições do Outono; que a saturação com a crise e com o governo da crise, perdão, do PS, supere a descrença na oposição; que o PCP e o BE sangrem o PS pela esquerda encurtando as distâncias entre o PSD e o PS e retirando a maioria absoluta a este; um fenómeno de fénix do PSD que o leve a mobilizar os Portugueses.
Trata-se, contudo, de pouco, quando estamos a falar da única alternativa de governo em Portugal. No fundo, o que mais falta ao PSD, é apresentar uma verdadeira alternativa de governo (de projecto) para Portugal. Até lá, vamos (des)esperando.