13 fevereiro, 2007

Tirem-no Deste Filme!

TIREM-NO DESTE FILME!!!

in “The Economist”, 13 de Julho de 2006

Já há vários anos que o actual Presidente de França, Jacques Chirac, se tornou um autêntico desastre político-diplomático. Nunca conseguiu introduzir ou fazer implementar as reformas económicas e sociais de que a França precisava para fazer a descolagem competitiva que o século XXI exige. Sempre adoptou uma postura arrogante e prepotente na política externa que não era sustentada pelo poder efectivo da França. Mais do que uma vez resvalou para a grosseria no seu relacionamento com o exterior (veja-se os seus comentários sobre a Polónia, Hungria e Rep. Checa em 2003, durante a Crise do Iraque). Tem um percurso errático, dizendo uma coisa e o seu contrário num curto espaço de tempo. Acumula gaffes. Ainda por cima, sobre ele pesam sérias suspeitas de comportamento ilícito do tempo em que era Maîre de Paris.

Dois exemplos recentes:

Riga, Letónia, Dezembro/2006: Durante a Cimeira da NATO, Chirac completou 74 anos (seriam 94?) e resolveu convidar o Presidente da Rússia, Vladimir Putin a pretexto desse aniversário. Embora a Embaixada de França seja território francês, para todos os efeitos Chirac estava a convidar Putin para ir a um país que não era o seu e onde, para cúmulo, não seria particularmente benvindo. Chirac quis “fazer um número” junto dos Aliados, mostrando a capacidade da França em fazer pontes e estabelecer relações privilegiadas com Moscovo. Putin teve mais senso e escusou-se. Chirac ficou com o ónus do que fez e sem os ganhos (?) que esperava obter.

Paris, França, Fevereiro/2007: Em entrevista ao New York Times, International Herald Tribune, Jacques Chirac desvaloriza a possibilidade de o Irão obter uma ou duas bombas nucleares, indo ao ponto de minimizar um eventual ataque atómico a Israel com a justificação que os mísseis iranianos seriam rapidamente interceptados e que Teerão seria arrasada. Ainda acrescentou que o pior seria se o Egipto e a Arábia Saudita também obtivessem armas nucleares! No dia seguinte, pediu desculpa pela referência à eventual destruição de Teerão e disse não se lembrar de fazer qualquer referência a Israel, nem pediu desculpa ao Egipto e à Arábia Saudita.

É difícil dizer tantas asneiras em tão pouco tempo!

1- Se o Irão tiver uma ou duas bombas, poderá construir outras e ter um arsenal de várias dezenas em poucos anos.
2- Está muito longe de ser líquido que eventuais mísseis iranianos a caminho de Israel pudessem ser destruídos em tempo útil. Pelo contrário, a ameaça de destruição de Teerão e/ou outros alvos no Irão seria a única dissuasão que poderia impedir os ayatollahs de desencadear tal ataque.
3- Tanto quanto se sabe, o Egipto e a Arábia Saudita só contemplam/contemplarão a possibilidade de desenvolver uma capacidade nuclear se o Irão também a tiver. É aliás curioso e significativo que o Cairo e Riyadh se sintam mais ameaçados por Teerão do que por Jerusalém.
4- A naturalidade com que Chirac parece encarar um Irão nuclear, contraria todos os esforços que se têm realizado em sentido contrário, com a participação activa da França, juntamente com o Reino Unido e a Alemanha.
5- Estas declarações são proferidas pela mesma pessoa que há cerca de meio ano atrás ameaçava com retaliação nuclear o estado que patrocinasse ou apoiasse um atentado terrorista em França usando armas de destruição maciça, sendo que o Irão seria um dos potenciais candidatos.

Jacques Chirac nunca foi um grande Presidente, mas o último ano agravou uma vocação irresistível para a asneira de grosso calibre. Deve ser difícil encontrar alguém que tenha feito tanto dano à França, à NATO e à UE nas últimas décadas.

Antecipem as eleições, mandem-no para umas férias prolongadas, antecipem-lhe a reforma, prendam-no, mas por favor, tirem-no já deste filme!

15 comentários:

Rui Miguel Ribeiro disse...

Peço imensa desculpa aos leitores do "Tempos Interessantes", pois devido a problemas de adaptação ao sistema Blogger Beta este post não saiu com a configuração que eu queria, mas, bem pior do que isso, apareceu incompleto. A versão que aqui está é a final e completa.
Agradeço a compreensão de todos e, especialmente, a atenção do meu irmão Ricardo Pedro que me alertou para a falha.

Anónimo disse...

É mais um exemplo de como não é só em Portugal que a classe política está a perder créditos e qualidade. Por este mundo fora, temos inúmeros exemplos. Quanto a Chirac, está a afundar a França e todo o prestígio que ela detinha a nível internacional. Para não falar da tensão diplomática que tais gaffes podem causar. Enfim!

Anónimo disse...

°FREITAS PEREIRA comenta:

1° . J.Chirac: o Politico

2° . J. Chirac: Maire de Paris

3°. J.Chirac: Presidente

4° . A França

Snr. Rui Miguel Ribeiro: O caso J. Chirac foi tratado frequentemente neste "blog". Prova que estamos em presença dum personagem que não deixa ninguém insensível.

O homem é um notável animal político, dotado de todas as capacidades de "nuisance" , possíveis num certo numero de políticos profissionais. Capaz de atraiçoar os amigos da mesma família política, como outros sob outras latitudes, demagogo profissional, prometendo descaradamente o impossível, promotor do futuro..sem esperança, verdadeiro Goldstein da política francesa, como diria George Orwell, incarnando perfeitamente o bode expiatório de todos os males da França.
Na véspera da partida o balanço é igual a um grande "zero"!

Mas este indivíduo, que atraiçoou Chaban Delmas para servir Giscard, que um dia vai atraiçoar também para servir Mitterrand, sabe mentir com um descaramento tal, que a verdade duvida dela mesmo! Procurando avidamente as mãos da multidão para as apertar com entusiasmo, (cada aperto de mão é uma promessa de voto ! ), foi o advogado de todos sectores da população. Mas não respeitou uma só das promessas numerosas que a todos fez durante tantos anos.
Rei do cinismo e da mentira sem fé nem lei. Tudo isto com um só objectivo : GANHAR !
Estes são os traços rápidos para o político.

Agora o Maire de Paris:- O escândalo do financiamento do partido RPR é conhecido. Juppé pagou no lugar de Chirac. Mas pagou muito pouco. Mas o que é terrível é que este escândalo não é melhor nem pior que o de Blair quando vende títulos de Lord a alguns milionários para ingressar na famosa instituição britânica. A Scotland Yard investiga neste momento, mas é possível que Blair também passe perante os juizes dentro em pouco.

Helmut Kohl também escorregou da mesma maneira para financiar a CDU. Comissões ocultas provenientes da venda das velhas refinarias da arcaica RDA ! Esse negocio custou-lhe o poder e arrastou na queda o seu partido. Mas deu uma "chance" à Angela anos mais tarde.

Mas o que diferencia Chirac de Blair e Khol, é que o caso Blair vai desaparecer com a saída definitiva deste "socialista"(!), para a reforma. Khol foi embora na mesma direcção rapidamente. Mas Chirac já "pratica" o sistema há dezenas de anos e só agora vai sair do "filme" !

Enfim, J.Chirac Presidente : No plano nacional o balanço é desastroso. Parece mesmo incrível que a França tenha podido suportar tal vedeta, apesar dos Franceses conhecerem melhor Chirac que não importa qual outro político. Por muito mennos Nixon foi varrido pelos Americanos. E Clinton por leviandades sexuais esteve também perto da rocha tarpeiana!

Mas Chirac , agora fantasma - Presidente, obteve 85% dos votos há cinco anos, após uma mascarada de democracia numa eleição dominada pelo medo do extremismo nazi. Tudo lhe corre bem mesmo quando não combate para o obter.

No plano internacional teve reacções que eu considero positivas (eu sei que não é a opinião do Snr. Miguel Ribeiro), mas prefiro saber que ninguém da minha família não se encontra no Iraque. E como hoje 85% dos Americanos pensam como eu ...e como Chirac, é que tínhamos razão!.

No passado, financiou secretamente a ANC de Mandela e nunca pôs os pés na África do Sul enquanto existia o apartheid. Apesar de ter recebido muitos convites de De Klerck.

Para a Europa foi um desastre, porque ninguém o obrigou a fazer um referendo! Conhece-se o resultado.
A linguagem nada diplomática em Bruxelas e Estrasburgo em relação aos novos parceiros do leste europeu também foi uma constante chiraquiana, c'est vrai! O homem é rude na linguagem como nos gostos culinários!

A traços rápidos, para não abusar, J. Chirac é e ficará como uma pagina de dez anos que não foi escrita. Dommage pour la France.

A França : Após o que precede, como explicar que "International Living" 2007, (fácil de buscar na Internet), publique os resultados dos observadores internacionais, dos quais "The Economist" faz parte, classificando a França, pelo segundo ano consecutivo, o pais n° 1 para viver em 2006 !
75 milhões de turistas ,( a Espanha o 2°--40 milhões, os EUA 7°,) melhor qualidade de vida, custo da vida, transportes,mais rapidos e mais confortàveis, sistema de saúde, ambiente, qualidade do ar, gastronomia, beleza da natureza e diversidade, acolhimento dos investidores, facilidades financeiras, etc.

Conclusao (minha): As reformas serao feitas por outros, adaptando ao novo mundo, mas nao desconstruindo, ao ritmo deste Povo , porque se alguém pretender destruir fundamentalmente a França na sua identidade actual, a Revoluçao serà a consequência. Chirac nao ousou porque temia.

Cumprimentos. Freitas Pereira

Anónimo disse...

Jacques Chirac é uma nódoa. Pedante, incoerente e desonesto. Ainda por cima deve estar a ficar gagá. A França merece bem melhor. Talvez o Sarkozy...

Paulo

Luis Cirilo disse...

Caro Rui Miguel:
penso que a analise do nosso amigo Freitas Pereira é correctissima e trata um notável retrto desse figurao chamado Chirac.
Cuja senilidade galopante,ironi das ironias,o assemelha tanto ao "nosso" Mario Soares

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. FVreitas Pereira: Agradeço o excepcional "retrato" que produziu sobre J. Chirac e com que enriqueceu o "Tempos Interessantes". Concordo com quase toda a sua análise, excepto naquilo que o Sr. mesmo apontou. Aliás, Chirac opôs-se a Guerra do Iraque por motivos que têm pouco a ver com o que lá se tem passado.
Duas notas apenas: Chirac não é o primeiro nem será o último político a embrulhar-se com financiamentos partidários e nada o justifica. Há, porém, um factor fundamental que o põe a léguas de Kohl e Blair: estes têm obra e marcaram a Alemanha e o Reino Unido durante uma década. De Chirac já o Sr. o disse.
Quanto à França, é demasiado grande e bonita para ser estragada por um Jacques qualquer. Não obstante, a França há anos que está em perda em termos de competitividade, crescimento económico e emprego e até influência externa, tanto assim que a sua economia já foi ultrapassada pela do Reino Unido. E aí não há História, Cultura e grandiosidade que valham - são precisas políticas que preparem o país para os desafios do século XXI.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Paulo: Vaidade também não falta a sarkozy, mesmo assim espero que tenha razão e seja ele o próximo Presidente da França.

Rui Miguel Ribeiro disse...

Luís: A comparação é boa, mas o problema é que o impacto global das patetices de Chirac é bem superior às de Soares. É evidente que, para os Portugueses, as deste são bem piores de aturar!

Anónimo disse...

FREITAS PEREIRA comenta:-

Senhor Rui Miguel Ribeiro: Dois pontos por favor:-



Concedo facilmente que o balanço de Blair e Helmut Kohl não tem nada a ver com o de J.Chirac. Também não os comparei. O parágrafo dizia respeito ao financiamento ilícito dos partidos respectivos que, qualquer que seja o modo, sendo ilícito , merece-me a mesma critica. Nenhum resultado , por mais positivo que ele seja , não pode e não deve ser considerado circunstância atenuante. Senão não existe democracia.



A França e o Futuro.

Creio sinceramente que este pais tem trunfos suficientemente fortes para recuperar o tempo perdido.

a) A população francesa representa pouco menos de 1% da população mundial, mas produz 3% do PIB mundial;
b) Pais mais visitado no mundo - 75 milhões;
c) Segundo exportador de produtos agrícolas;
d) Segundo fornecedor de serviços;
e) Quarta potência comercial mundial (quarto exportador e quinto importador);
f) Quinto produtor industrial, com uma das melhores produtividade horárias do mundo( a produção de riqueza dobrou desde 1970).
g) Segundo destino dos investimentos estrangeiros;
h) Infra-estruturas performances (estradas, aeroportos,telecomunicações, transportes).
i) O melhor sistema de saúde do mundo;
j) As melhores leis do direito do trabalho;
k) Nenhum estrangeiro ou cidadão não é excluído da escola ou do hospital;
l) Em 2006 a França despendeu 12 biliões de euros para pagar uma renda mínima aos mais pobres;
m) 6 milhões de cidadãos beneficiam da S. Social sem cotizar;
n) 13 milhões de pessoas são alojadas nos HLM (Habitações a renda moderada);
o) Em França ,a esperança de vida aumenta mais que em não importa qual outro pais do mundo ((três meses todos os anos desde há vinte anos), graças sobretudo à boa assistência médica;
p) Taxa de natalidade mais favorável da Europa, o que quer dizer que este pais envelhecerá menos rapidamente.
q) Os Franceses economizam acima da média mundial;
r) Independência energética única no mundo graças ao nuclear.
s) Terceiro produtor do cinema mundial;
t) Um dos primeiros paises do mundo em termos de livros publicados por habitante.

Se acrescentarmos a esta lista o facto que as empresas francesas se classificam entre as primeiras no mundo em sectores chave, como : nuclear, petróleo, gaz., aeronáutica, farmácia, seguros, tratamento das águas, agroalimentar, estética, luxo e turismo, creio que o jogo não está perdido.

O grande desafio do futuro consistirá em aumentar a quantidade de trabalho, é verdade, que é de 1600 horas/ano, igual à Alemanha, enquanto que os Americanos trabalham 1810 e os Japoneses 13 semanas mais que os Franceses. Apesar de tudo, o Francês produz ainda 5% horários mais que o Americano, mas 35% menos no curso da vida activa.

Senhor Rui Miguel Ribeiro:
Podemos discutir sobre tal ou tal alínea da lista para saber se é uma vantagem ou um handicap para a França.
De qualquer maneira o problema situar-se à ao nível dos políticos encarregados de reformar o que deve ser reformado, que ,ou são independentes das ideologias e visam exclusivamente o bem colectivo, sem partidarismos sectários, sem vaidade e sem pretensões superiores, ou um dia , uma nova ideologia totalitária, messiânica, religiosa ou populista encarregar-se-à de demonstrar que os desastres são os melhores advogados da mudança profunda da sociedade.

Estas considerações são validas para outros países ,em todas as latitudes, creio eu.

Cumprimentos

Anónimo disse...

FREITAS PEREIRA comenta:

Snr.Rui Miguel Ribeiro: dois pontos por favor:



Concedo facilmente que o balanço de Blair e Helmut Kohl não tem nada a ver com o de J.Chirac. Também não os comparei. O parágrafo dizia respeito ao financiamento ilícito dos partidos respectivos que, qualquer que seja o modo, sendo ilícito , merece-me a mesma critica. Nenhum resultado , por mais positivo que ele seja , não pode e não deve ser considerado circunstância atenuante. Senão não existe democracia.



A França e o futuro.

Creio sinceramente que este pais tem trunfos suficientemente fortes para recuperar o tempo perdido.

a) A população francesa representa pouco menos de 1% da população mundial, mas produz 3% do PIB mundial;
b) Pais mais visitado no mundo - 75 milhões;
c) Segundo exportador de produtos agrícolas;
d) Segundo fornecedor de serviços;
e) Quarta potência comercial mundial (quarto exportador e quinto importador);
f) Quinto produtor industrial, com uma das melhores produtividade horárias do mundo( a produção de riqueza dobrou desde 1970).
g) Segundo destino dos investimentos estrangeiros;
h) Infra-estruturas performances (estradas, aeroportos,telecomunicações, transportes).
i) O melhor sistema de saúde do mundo;
j) As melhores leis do direito do trabalho;
k) Nenhum estrangeiro ou cidadão não é excluído da escola ou do hospital;
l) Em 2006 a França despendeu 12 biliões de euros para pagar uma renda mínima aos mais pobres;
m) 6 milhões de cidadãos beneficiam da S. Social sem cotizar;
n) 13 milhões de pessoas são alojadas nos HLM (Habitações a renda moderada);
o) Em França ,a esperança de vida aumenta mais que em não importa qual outro pais do mundo ((três meses todos os anos desde há vinte anos), graças sobretudo à boa assistência médica;
p) Taxa de natalidade mais favorável da Europa, o que quer dizer que este pais envelhecerá menos rapidamente.
q) Os Franceses economizam acima da média mundial;
r) Independência energética única no mundo graças ao nuclear.
s) Terceiro produtor do cinema mundial;
t) Um dos primeiros paises do mundo em termos de livros publicados por habitante.

Se acrescentarmos a esta lista o facto que as empresas francesas se classificam entre as primeiras no mundo em sectores chave, como : nuclear, petróleo, gaz., aeronáutica, farmácia, seguros, tratamento das águas, agroalimentar, estética, luxo e turismo, creio que o jogo não está perdido.

O grande desafio do futuro consistirá em aumentar a quantidade de trabalho, é verdade, que é de 1600 horas/ano, igual à Alemanha, enquanto que os Americanos trabalham 1810 e os Japoneses 13 semanas mais que os Franceses. Apesar de tudo, o Francês produz ainda 5% horários mais que o Americano, mas 35% menos no curso da vida activa.

Senhor Rui Miguel Ribeiro:
Podemos discutir sobre tal ou tal alínea da lista para saber se é uma vantagem ou um handicap para a França.
De qualquer maneira o problema situar-se à ao nível dos políticos encarregados de reformar o que deve ser reformado, que ,ou são independentes das ideologias e visam exclusivamente o bem colectivo, sem partidarismos sectários, sem vaidade e sem pretensões superiores, ou um dia , uma nova ideologia totalitária, messiânica, religiosa ou populista encarregar-se-à de demonstrar que os desastres são os melhores advogados da mudança profunda da sociedade.

Estas considerações são validas para outros países ,em todas as latitudes, creio eu.

Cumprimentos

Rui Miguel Ribeiro disse...

Sr. Freitas Pereira: Estou basicamente de acordo com o que escreveu, que também não contraria o que eu havia escrito antes em ambos os pontos, só o que o Senhor brindou-nos com um argumentário interessante e exaustivo. Como calculava, não subscrevo todas as alíneas como boas (i, j, m, p, r, por exemplo), mas o saldo global é francamente esperançoso e espero que seja devidamente potenciado no futuro.
P.S. Tal como disse, fraude é fraude. Convenhamos, contudo, que quem infringiu mas contribuiu de forma substancial para o bem colectivo, será sempre julgado de forma diferente pela História do que aqueles que infringirão e cujo saldo com a sociedade é nulo ou negativo.

Anónimo disse...

De vez em quando vejo os teus posts e devo dizer que, em particular, concordo com este do Chirac.
É efectivamente um elemento do triste grupo de políticos medíocres que apareceram na cena Mundial nos últimos 10 anos
e que contribuíram para um atraso de monta na evolução da Humanidade. Gostaria no entanto, de ver um post teu a comentar
um político que assume especial papel no conjunto de problemas que se criaram e em outros cuja solução ficou bem mais longe.
Evidentemente refiro-me ao Sr. Bush, tamanha falta de visão, bom senso, e excesso de egocêntrismo associado a falta de inteligência, MEU AMIGO ESCREVE O QUE TE DIGO - VAMOS ANDAR LONGOS ANOS A PAGAR A CONTA.

Paulo Ramos

Anónimo disse...

De vez em quando vejo os teus posts e devo dizer que, em particular, concordo com este do Chirac.
É efectivamente um elemento do triste grupo de políticos medíocres que apareceram na cena Mundial nos últimos 10 anos
e que contribuíram para um atraso de monta na evolução da Humanidade. Gostaria no entanto, de ver um post teu a comentar
um político que assume especial papel no conjunto de problemas que se criaram e em outros cuja solução ficou bem mais longe.
Evidentemente refiro-me ao Sr. Bush, tamanha falta de visão, bom senso, e excesso de egocêntrismo associado a falta de inteligência, MEU AMIGO ESCREVE O QUE TE DIGO - VAMOS ANDAR LONGOS ANOS A PAGAR A CONTA.

Paulo Ramos

freitas pereira disse...

Caro Senhor Paulo Ramos

Os seus comentários sobre os dois homens políticos, Chirac e Bush, se bem que de conotação idêntica no que eles comportam de negativo na actuação política destes últimos anos, merecem talvez uma análise mais detalhada, porque as consequências para o mundo, não são, segundo eu, as mesmas. Isto, porque os dois não jogam na mesma Liga !

Chirac foi um ilusionista que soube, sempre, analisar os problemas , mas nunca foi capaz de passar à acção.
Na política interior o fracasso está patente, como expliquei no meu comentário acima.
Apesar de ter sido eleito por mais de 80% dos eleitores, não teve a coragem de utilizar esta posição de força para reformar e propor o que quer que seja. Característico dos políticos carismáticos que só têm como objectivo de chegar ao poder.
As consequências para a França são severas.

Mas o que é talvez mais grave é de constatar que ele não sofreu pressões de grupos económicos ou "lobies" tais , excepto talvez a dos grandes cerealeiros e produtores da Agricultura , que o obrigassem à inércia.
Quanto à pressão política, ele detinha todos os poderes, graças a uma maioria absoluta no Parlamento.

No que respeita à política exterior, ele foi mais que imprudente no que respeita a constituição europeia e, por conseguinte, torpedeou a evolução da Europa. Sim, porque ninguém o obrigou a utilizar o referendo. Mas digamos também que ninguém se propôs, infelizmente, para substituir o "motor "França na construção europeia.

Quanto à guerra do Iraque ( eu sei que o Senhor Rui Miguel Ribeiro não está de acordo ! ), ele escolheu a boa opção. Não há hoje para a França nenhum corpo expedicionário a repatriar , como se aprontam a fazer todos os outros . Sem se saber se o resultado final desta aventura será mau, muito mau, terrível ou catastrófico.


Quanto ao político G. Bush, as consequências são muito mais graves para o mundo, devido ao peso económico, político e militar dos EUA.

Passemos sobre o Q.I. que é considerado como o mais baixo de todos os Presidentes dos EUA.

No intervalo de oito anos, Georges Bush e o filho, sucederam-se à cabeça do pais mais poderoso do planeta. Nunca visto na historia deste pais. Durante as presidências respectivas o império soviético desapareceu, o bloco comunista também, a primeira guerra do golfo foi desencadeada, o 11 de Setembro, a globalização do terrorismo e o segunda guerra do Iraque tiveram lugar.

Durante este período vimos actuar esta família Bush, velha família que já era conhecida antes da ultima guerra mundial (Prescott Bush, avô do actual presidente) enriqueceu-se na direcção de empresas nazis nos EUA, após a chegada de Hitler ao poder, empresas que foram rapidamente penhoradas em 1942, por colaboração com o inimigo.

O Pai do presidente actual foi vice presidente de Reagan, e em seguida Presidente ele mesmo a partir de 1988, época durante a qual ele financiou e armou Saddam Hussein, autorizando a expedição dos produtos químicos que serviriam mais tarde para fabricar as armas utilizadas contra os Curdos.

Os Bin Laden e os Bush estiveram sempre associados em negócios . Senão vejamos:-
Bush Pai, é um dos principais responsáveis dum dos mais poderosos grupos de investimento, Carlyle, grande investidor na industria do armamento. Os tanks Bradley e os mísseis utilizados durante a guerra do Iraque são fabricados por firmas controladas por Carlyle... e os Bin Laden, pois que estes estão associados neste fundo de investimento...Carlyle.

Claro que o sentimento de impunidade de Bush que lhe permitiu lançar uma guerra contra o Iraque da maneira que sabemos ( e agora Hans Blix acaba de confirmar que Blair falsificou o "report" sobre o controle das armas de destruição maciça no Iraque, " substituindo os pontos de interrogação por pontos de exclamação ! ) não seria nada , sem o papel desempenhado pelo grupo dos "think tanks" que detêm o nosso destino nas maos deles.

Este grupo conseguiu apoderar-se do controle da política estrangeira dos EUA, com o objectivo de defender altos interesses económicos de "lobies" poderosos e talvez um projecto ainda mais perigoso que é o projecto religioso.

Nunca na historia das democracias, um grupo de homens deteve tanto poder, numa colusão de interesses sem precedente :- projecto político e interesses particulares tão imbricados, banhando tudo num cinismo absoluto.

Este jogo geoestratégico aliado ao unilateralismo defendido por Bush, tropeça hoje nos escolhos previsíveis. A reunião de Bagdade , com os EUA e o Irão sentados à mesma mesa ,anuncia talvez uma ligeira viragem , mas não creio que os interesses vitais dos EUA possam ser postos em perigo. Os EUA procurarão sempre introduzir as regras que protegerão esses mesmos interesses. Salvo se os desequilíbrios orçamentais e a situação do dólar precipitam um dia os acontecimentos. As consequências, neste caso, são imprevisíveis.

Anónimo disse...

Já anunciou que se ia embora. Finalmente! Também acho que ninguém queria mesmo que ele continuasse. Adieu Jacques.
Cristina