17 novembro, 2011

Tragédia Grega

TRAGÉDIA GREGA


Papandreou, o Pacto de Estabilidade da EU e a forca dos Gregos.

Temos passado o último ano a acompanhar a tragédia grega. Tragédia financeira, política, económica e social. Agora que a atenção se desviou para Itália, antes de eventualmente rumar para a Espanha ou a Bélgica, vamos fazer um retrato dos papéis que os principais protagonistas desempenharam nos últimos meses.

O Extorsionário: Andreas Papandreou.
Passou o último ano a impor planos de austeridade sucessivos que falharam sucessivamente nos objectivos a que se propunham. Além disso, conseguiu pôr de rastos o que restava da economia da Gr+écia e lançar o conflito social e a instabilidade.

O Palhaço: Andreas Papandreou.
Cansado de fazer o que lhe era imposto por Berlim, Bruxelas e Paris, resolveu convocar um referendo sobre o enésimo plano de austeridade. Num segundo momento, o referendo passou a ser sobre a permanência na zona euro. Depois de ter lançado o caos nos mercados bolsistas mundiais, desistiu do referendo. Terminou apresentando uma moção de confiança fazendo depender da respectiva aprovação a sua….demissão (!?!!?).

Os Chantagistas: Angela Merkel e Nicolas Sarkozy.
Incapazes de assegurar uma gestão coerente, racional e equilibrada da crise, pusilanimamente convencidos que o seu enésimo plano resultaria, sentiram-se afrontados pelo referendo grego. Aliás, desde o lamentável processo do Tratado de Lisboa que se sabe que este par abomina o instituto do referendo, quiçá por ser demasiado democrático. Vai daí a chantagear Papandreou, a Grécia e os Gregos, foi um pequeno passo. A chantagem surtiu efeito e o par assimétrico teve mais uma vitória pírrica.

 O Traidor: Evangelos Venizelos.
Teve uma “coisa” quando Papandreou anunciou o referendo e foi hospitalizado. Mas saiu correndo do hospital para ir à Cimeira dos G20 (oportunidade única a que só a condição de super-falido lhe deu acesso). E logo aí tratou de começar a tirar o tapete ao seu chefe e a preparar-se para lhe suceder. Não foi agora, mas em Fevereiro aí estará ele, com o cinismo e o descaramento dos traidores a concorrer pelo desgraçado PASOK à chefia do Governo da Grécia. Aí veremos se Atenas, tal com o Roma, não paga a traidores.

O Oportunista: Antonis Samaras.
Líder Nova Democracia, o 2º maior partido grego, Samaras era contra os planos de austeridade, era contra o referendo, era contra o governo e era a favor de …. eleições antecipadas. O seu objectivo era (é), pois, ganhar essas eleições e tornar-se Primeiro-Ministro da Grécia. Contudo, depois de ser prensado pela dupla de chantagistas, lá teve de engolir o plano de austeridade e um governo interino e aguardar por 2012 para disputar o lugar. Infelizmente para ele, a Nova Democracia foi coagida a apoiar o e participar no novo governo. Pelo que, quando chegar o dia das eleições, a Nova Democracia será conivente na imposição da reforçada e brutal austeridade que se vai abater sobre os Gregos.

O Coro: o Povo Grego.
Na Tragédia original de Ésquilo, Aristóteles, ou Euclides, o Coro narrava e comentava os acontecimentos. Na actual, o Coro sofre os efeitos diectos e mais destrutivos da peripécia. Assim, os Gregos passam pelo Pathos (sofrimento progressivo) que decorre do destino e que termina na Catástrofe, culminando em tragédia todo o sofrimento. E é este o calvário (em terminologia cristã) que os Gregos percorrem inexoravelmente. Após a Catástrofe, viria a Catarse que corresponde à purificação e recuperação. No caso vertente, a catarse parece vir a ser substituída pela submissão ou pela revolta. Será, porventura, a escolha dos Gregos.

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