ATENTO, VENERADOR E OBRIGADO
Pedro Passos Coelho, presentemente Primeiro-Ministro de Portugal, fez um périplo pela Europa Ocidental, sendo que a paragem que mereceu maior destaque foi a que fez em Berlim.
Ouvi-lo falar ao lado da Chanceler Angela Merkel, fez-me lembrar um episódio dos primórdios da nossa História: a deslocação de Egas Moniz e família à corte de D. Afonso VII de Leão, com a corda ao pescoço, por não ter sido capaz de honrar a palavra dada (que na realidade dependeria da vontade de D. Afonso Henriques e não da sua).
Egas Moniz em Toledo perante D. Afonso VII.
Painel de azulejos da Estação de S. Bento, no Porto.
Contudo, há duas grandes diferenças na atitude de Egas Moniz e de Passos Coelho:
1- Egas Moniz foi lavar a sua honra que tinha sido manchada. Passos Coelho foi colocar-se a ele e ao país que representa numa posição servil de forma gratuita.
2- Egas Moniz ofereceu um sacrifício pessoal. Passos Coelho oferece os nossos sacrifícios para placar a fúria do Bundestag e dos Alemães.
Basicamente, Coelho agradeceu a Merkel o grande favor (???) que fez a Portugal, prometeu-lhe que ia fazer tudo o que ela quisesse, ao ponto de se empenhar em alterar a nossa (???) Constituição para lhe agradar.
Em troca, Merkel deixou cair alguns elogios e disse que queria que os Portugueses (e os outros) tivessem as mesmas regras que os Alemães (reformas, férias, impostos). A seguir devem vir os mesmos feriados e, quiçá, a mesma bandeira e a mesma língua!!!
Eu sei que também estamos com a corda ao pescoço, mas gostaria de ver um Primeiro-Ministro de Portugal digno e de cabeça levantada, em vez de um político atento, venerador e obrigado perante um poder maior.
P.S. Em Castelo de Vide, Passos Coelho fez duas declarações lamentáveis:
1- Que era de somenos que no final do mandato lhe agradecessem muito ou pouco. E que tal se não agradecêssemos nada? Ou julgará ele que temos de ser atentos, veneradores e obrigados com ele? Por acaso está a fazer algum jeito ou frete aos Portugueses?
2- Fez um aviso soturno de que não permitiria que se queimasse bens ou se praticasse vandalismo em nome do descontentamento. Ficou-lhe mal a ameaça. Primeiro, não precisa de anunciar que não tolerará vandalismo, pois é a sua obrigação; em segundo lugar, tresanda a manobra intimidatória prévia de quem receia constestação social que, diga-se, seria bem merecida para quem, ainda ontem, tratou de abrir caminho a novos assaltos fiscais aos Portugueses.
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