25 julho, 2011

O Grito em Oslo

O GRITO EM OSLO


O Grito (1893) de Edvard Munch.




O Grito é a obra mais conhecida do pintor norueguês Edvard Munch (1863-1944) e retrata uma situação limite de desespero.

Sendo uma obra de um pintor da Noruega, retratando uma doca de Oslo, e uma cena de desespero, parece-me a imagem mais adequada para retratar um post sobre o mais mortífero (93 mortos até ao momento) atentado na Europa desde 2005.

É uma evidência que o radicalismo islâmico é, actualmente, o mais organizado, empenhado, seguido e, consequentemente, o mais perigoso e letal

Não obstante, o facto de o duplo atentado na Noruega ter sido da autoria de um extremista cristão, e não dos habituais radicais islâmicos, vem demonstrar que o problema, a ameaça, ao nível da segurança, provêm dos extremismos, seja qual for a sua proveniência.

Além de combater de forma implacável os extremismos violentos, seja qual for a sua proveniência e motivação, é também importante resolver os problemas que lhes subjazem. E a imigração, a intolerância religiosa e a coabitação inter-cultural estão na linha da frente desse desafio. Ignorá-los, ou manter as estafadas abordagens politicamente correctas, é o mesmo que enfiar a cabeça na areia.

3 comentários:

Defreitas disse...

Parece evidente, que numa era onde as comunicações se multiplicaram, facilitaram, aceleraram , tanto no plano físico que virtual, que imensas deslocações de populações não podem ser evitadas em tempo de paz.
Isto cria evidentemente problemas de coexistência e de confrontação de culturas que não foram de maneira similar preparadas para a coabitação.
Como todos os problemas, estes problemas de multiculturalismo são destinados, mais ou menos rapidamente, mais ou menos facilmente, mais ou menos serenamente a ser resolvidos.

Para isso ,eles têm que ser identificados o mais claramente possível. Nada deve ser ocultado (a cabeça na areia), mas as informações falsificadas (diabolisaçao) devem também ser identificadas e afastadas.

Nesta perspectiva , o extremismo demonstra ser um beco sem saída e deve ser combatido porque ele amplifica os problemas de base e visa a interdir a sua solução. Este extremismo apresenta-se sob três formas de igual importância:

1- O extremismo teórico, o dos livros ou das personagens pretensas “sagradas”, portanto “intocáveis”, as mentiras cientificas que contribuem ao atraso mental e aos costumes ultrapassados, do racismo ou do nacionalismo ( não confundir com o patriotismo).

2- O extremismo partidário que resulta da primeira forma : religiões, seitas, partidos políticos, movimentos identitarios, grupos fanáticos que podem ir até ao ridículo perigoso de certos clubes de suporteres desportivos.

Estes grupos incarnam a estupidez teórica e focalizam-na de maneira frequentemente tradicional sobre os “inimigos” fantasmagóricos : nous et les autres, como dizia Zinoviev.

3- A loucura individual, alimentada pelo que precede. Um indivíduo ou um pequeno grupo de desequilibrados cometem de maneira pontual e na desordem ideológica evidente, assassinatos colectivos, visando a matar e a criar a maior desordem possível. O exemplo da Noruega, mas também podemos lembrar o da seita Aoun, no Japão, al-Qaïda, o atentado de Ocklahoma City ou o massacre numa mesquita de Hebron cometido por um exaltado integrista, Baruch Goldstein.

Estas derivas , por vezes de importância civilisacional, não devem ocultar o facto maior ,que existe um PROBLEMA REAL que provém duma evolução inevitável para a globalização e a “aldeia global”.

Como os desregramentos climáticos que afectarão toda a gente, independentemente das raças, das crenças ou das nacionalidades.

Será portanto sobre estas questões globais que precisamos de nos posicionar politicamente e não sobre pistas secundárias ou falsas que serão superficiais ou de conveniência para os políticos, que procuram sempre evitar de aprofundar o mal estar dos cidadãos e fugir às suas responsabilidades.

Freitas Pereira

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Anónimo disse...

Rui,

Sabes,não vejo nada de 'cristão' neste atentado! E tu sabes do que eu falo porque partilhas a mesma raíz. Dois amigos meus, na Noruega, falam-me da obra de um louco. Quero crer que o seja. E falam-me de luto.
Não há, ali, multiculturalismo nenhum. O louco assassinou noruegueses tranquilos,nos seus lugares quotidianos.
Munch é um notabilíssimo autor das 'angústias'! Como Grieg da poesia musical.A Noruega tem sabido ser uma terra de paz e humanidade, do que lá vejo uma pátria sadia onde se distingue bem o essencial do acessório.Uma das boas pessoas que lá conheço chama-se 'Christian'. Chamasse-se 'Mohamed' e seria igualmente boa!
O princípio que aqui falha é o de que a vida humana é 'sagrada'... aprendi no discurso cristão. Como o 'perdão',aliás.

Defreitas disse...

""O princípio que aqui falha é o de que a vida humana é 'sagrada'... aprendi no discurso cristão. Como o 'perdão',aliás.""

Infelizmente, as nossas raízes cristãs , impregnadas de humanismo, precisamente cristão, não bastam para que todos respeitem sempre estes bons preceitos.
Em Belfast, centenas de milhares de cristãos estriparam-se e continuam, uns católicos e os outros protestantes .
Os dirigentes nazis eram cristãos e os SS tinham gravado nos cinturões “Got Mit Uns”, mas isso não os impediu de serem , como sob Estaline, entre os maiores assassinos da Historia.
O que é grave no que se passa actualmente é que as ideias de xénofobismo, islamofobia, intolerância política e racismo encontram terra fecunda, apesar dos exemplos do passado.
O assassino norueguês , que tinha contactos com o grupo mais violento dos nazis do Reino Unido, invocou a sua aversão por todos os valores que não são os seus e por todos aqueles que não correspondem ao estereotipo europeu, exactamente como os nazis do tempo de Goebbels.
Não estamos longe da raça superior, cara a Hitler.

Quanto ao perdão, como é possível perdoar a um indivíduo que roubou a vida a 67 jovens, que participavam a uma universidade de verão, como fazem todos os partidos políticos, para motivar a juventude à política , ao civismo e à abertura ao mundo diverso e multicultural.

Ora é isto precisamente o que o assassino queria combater.

Freitas Pereira