GRANDE MANGUITO
A insatisfação com o
Governo levou os Portugueses a castigar PSD e CDS com o pior resultado conjunto
de sempre.
A desconfiança
do PS, levou os Portugueses a conceder-lhe uma pequena vitória com contornos de
Pirro.
O desprezo
pela classe política e pelas eleições europeias e a desesperança, levou a um
record de 66% dos eleitores a não votar.
Os
insatisfeitos mais activos foram votar, mas canalizaram o seu protesto para
partidos sem responsabilidades governativas presentes ou recentes (PCP), para
um conhecido desconhecido (Marinho e Pinto), ou para o voto branco ou nulo.
Com uma votação
colectiva na ordem dos 58%, um mínimo histórico, pode dizer-se que PSD, PS e
CDS levaram um manguito do povo português. Merecido,
acrescentamos nós.
O perene Zé Povinho
de Rafael Bordalo Pinheiro fazendo o manguito aos partidos do poder em
Portugal.
* PSD+CDS: Levaram um banho
histórico. Pela primeira
vez desde que há eleições democráticas (39 anos), os dois partidos não somaram
sequer 30%. Ficaram pelos 27%. A distância para o PS não foi grande, mas foi
disfarçada pelo 2 em 1 que representou a coligação. Coelho e Portas tentaram
chamar a atenção para a vitória escassa do PS, mas a derrota clamorosa da
coligação não é disfarçável e os motivos são bem conhecidos: governação
desastrosa, punição impiedosa dos Portugueses, mentiras sucessivas, servilismo
ao exterior. Há mais, mas estes bastam. Aliás, os dois líderes mostraram que
esperavam perder por 8 ou 10, mas perder por 4 foi fraco consolo.
* PS: Foi o vencedor nominal, mas protagonizou a vitória mais
pírrica de que há memória. Vencer com 4% de vantagem sobre os partidos de um governo
execrável é como ficar excitado por Portugal vencer San Marino por 1-0.
Medíocre, à imagem do líder.
* BE: Em queda livre, resume a situação actual do Bloco de Esquerda, que em 5
anos passou de estrela ascendente do panorama político português a um moribundo
candidato a protagonizar a sequela PRD
Parte II. Passou o efeito novidade, passou a ilusão de diferença, passou
Louçã. Ficou um partido normal, ficou um partido sem rumo e ficaram Catarina
& Semedo. Há 9 meses escrevemos que o “O
BE virou Bloquinho”. Agora só podemos acrescentar que o Bloco ficou sem folhas.
VENCEDORES:
* PCP: E o PCP ganhou outra vez. Mais um deputado e 2º melhor
resultado de sempre em eleições europeias (13%). Parece que a coerência
e credibilidade dão resultado, bem como ser trabalhador, organizado, com
militância, eleitorado fiel (e fiel ao eleitorado) e presença na rua e no
trabalho. Quando os outros são muito maus, a competência ainda mais se
salienta.
Abstenção: Por protesto, desprezo, ou preguiça, a mole imensa de 66% dos Portugueses eleitores mandou a política, os políticos e o Parlamento Europeu às urtigas e não compareceu. Não votou. Tiveram a atenção compungida dos políticos na noite eleitoral em mais um exercício recorrente de hipocrisia de quem pouco ou nada se importa com o estado do país e da democracia. Duvido que algum se tenha arrependido de ser abstido.
Abstenção: Por protesto, desprezo, ou preguiça, a mole imensa de 66% dos Portugueses eleitores mandou a política, os políticos e o Parlamento Europeu às urtigas e não compareceu. Não votou. Tiveram a atenção compungida dos políticos na noite eleitoral em mais um exercício recorrente de hipocrisia de quem pouco ou nada se importa com o estado do país e da democracia. Duvido que algum se tenha arrependido de ser abstido.
* Marinho e Pinto: Confesso que fiquei atónito com os resultados do MPT aka
Marinho e Pinto. Um sucesso estrondoso na estreia eleitoral. Este sucesso, além de
resultar do sedimentado conhecimento púbico do ex-bastonário da Ordem dos
Advogados e do seu jeito peculiar mas eficaz de comunicar, é também fruto da
falência dos políticos do sistema. Marinho foi um dos veículos que os
Portugueses escolheram para gritar o seu protesto.
Aliança Brancos e Nulos: Foram quase ¼
de milhão. É a aliança daqueles que
não abdicam do direito de votar e não se revêem na oferta partidária que temos.
Eu votei branco pela 3ª vez consecutiva e assim continuarei enquanto não houver
uma alternativa séria, honesta, não totalitária e de direita.
NOTAS SOLTAS:
* Eurocepticismo. À falta de melhor
para dizer, Coelho resolveu manifestar a enorme preocupação com o
eurocepticismo que põe em causa o ideal (?) europeu. Porquê? Não se pode ser
contra? É crime não gostar? Já pensou que são incompetentes e desonestos como
ele próprio que são a maior ameaça ao tal projecto europeu?
* Ridículo. Estivemos à espera de
resultados até às 22.00 porque….os Italianos ainda estavam a votar. Sim, porque
se em Itália soubessem os nossos resultados, tal informação teria um efeito
telúrico nos resultados eleitorais italianos. Se o ridículo matasse….
* Novo. Marinho Pinto é o
novo hype da política portuguesa. Já se fala de legislativas, de presidenciais
e o que mais haja, É preciso prudência para verificar se não se trata de fogo
fátuo. De qualquer modo, as legislativas seriam uma má aposta: implicam uma
estrutura com Abrangência nacional, centenas de candidatos, listas, ou seja, é
demasiado complicado para marinho. As Presidenciais sim, adequam-se ao seu
estilo one man band e com uma ou duas
aparições por dia, com o interesse dos media que desta vez não teve e
possivelmente enfrentando candidatos desgastados perante o eleitorado, pode
fazer estragos.
* Semi-Novo. Rui Tavares é recente
mas já não é novo na política. Aliás ainda é deputado no PE, apesar de ter
abandonado o partido (BE) pelo qual foi eleito. Já se sabia que Tavares e o
Livre iam atrair a atenção de alguns media e intelectuais saturados do BE e
ansiosos por uma novidade; também era previsível que fora das zonas mais
urbanas do Sul a sua votação fosse inexpressiva. Em 2015 ele voltará à carga
como cabeça de lista do livre por Lisboa; se for eleito o Livre continuará mais
uns anos, se falhar, definhará irreversivelmente. A melhor aposta para um
indivíduo como Tavares é apanhar uma boleia do PS à procura de novos mercados e
com vocação para albergue espanhol.
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