03 maio, 2014

Até Ri


ATÉ RI

 

Tenho visto muito pouco o Telejornal. Ontem vi. Os leitores de Tempos Interessantes sabem que a minha paciência com este Governo se esgotou há muito tempo. Eu diria que se a paciência fosse liquidez e a falta dela fosse dívida, a dívida deste Governo já teria ultrapassado há muito a da Grécia. Consequentemente, é frequente haver intervenções do Governo ou da maioria parlamentar que me provocam irritação.

 

Contudo, devo estar a entrar numa nova fase, porque o que ouvi no dito Telejornal, até me fez….rir. É verdade, ri. Seriously? Yes!

 

A Ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que declarara no dia 15 de Abril que não havia mais aumentos de impostos, anuncia e defende o aumento do IVA e da TSU que, em termos práticos acaba por ser mais um imposto, mesmo que não o seja formalmente. Previsível. Ri.

 

Teresa Coelho do PSD declara ufana que “este é um momento histórico para Portugal”. Ri-me. E acrescenta com veemência que “é intolerável que a oposição não reconheça que este é um resultado absolutamente extraordinário”, referindo-se às patifarias que o Governo tem vindo a fazer... Ri à gargalhada!

 

Nuno Magalhães do CDS contornou a crítica da mentira da promessa de não haver novos aumentos fiscais afirmando que o dinheiro arrecadado pelo aumento do IVA serviria para financiar pensões, pelo que era absolutamente diferente. Fartei-me de rir.

 

Luís Montenegro conseguiu queixar-se com um ar sério “que ninguém tenha ainda sido capaz de felicitar o executivo por o país estar a 15 dias do encerramento do programa de ajustamento com a saída mais favorável que podíamos antecipar." Quase rebolei a rir!

 

Podem perguntar-me: mas é caso para rir? Isso não é trágico?

 

Sim, têm razão, mas a actuação do Governo e respectivos deputados já atingiu tais níveis de insanidade que entra no foro do ridículo. Como se sabe, o ridículo mata. Neste caso, infelizmente, tal ainda não aconteceu.

 

Contudo, o ridículo pode ser hilariante e, quiçá também por desespero, o ridículo daquelas figuras medíocres a pronunciarem aquelas alarvidades, mentindo sem pudor e fazendo figura de parvos ao tentar fazer de todos nós parvos, tudo isto enquanto tentavam assumir a pose séria de estadistas que nós sabemos que não são, fez-me rir.

 

Chegamos ao ponto em que a reacção perante quem nos governa, varia entre o impropério de quem é sujeito a abusos e maus-tratos e o riso que noutros tempos se dirigia aos parvos e aos bobos.

 

 

NOTA: Não obstante o ridículo de ontem me ter acometido de riso, o estado da governação não tem piada nenhuma. Além da mentira descarada, adivinham-se mentiras encapotadas. Será surpreendente a roçar o inacreditável se os 20% do saque repostos*em 2015 não forem engolidos pela tabela única da função pública e pela revisão dos suplementos.

 

* Trata-se de uma simplificação enganosa, porque serão repostos a partir de 2015. O que foi roubado em 2011, 2012, 2013 e 2014 não foi nem jamais será devolvido. Os crimes do Estado compensam.

1 comentário:

Sergio Lira disse...

Podemos acusa-los de muita coisa: são mentirosos, são alarves, são cabotinos, são incompetentes, são mais falsos que Judas, são ridículos demais para serem governo, são imbecis ou cínicos, lunáticos ou sacanas...

MAS DE UMA COISA OS NÃO PODEMOS ACUSAR: DE O NÃO SEREM ABSOLUTAMENTE - SÃO O QUE SÃO, SEMPRE E SUPERLATIVAMENTE (quer dizer "no grau mais elevado", Passos).