30 maio, 2014

Chicotada Psicológica


CHICOTADA PSICOLÓGICA

 

Mesmo quem não ligue muito ao futebol estará identificado com a expressão chicotada psicológica. O cenário é conhecido: a equipa joga pouco e mal, os resultados não aparecem, ou se aparecem as exibições não convencem, a equipa fica aquém dos objectivos e expectativas, os adeptos dissociam-se da equipa ou vaiam-na, deixam de ir ao estádio. Entalado entre o afastamento ou o protesto dos sócios, a desmoralização dos jogadores e a impotência do treinador, o Presidente despede este. Está consumada a chicotada psicológica.

 

Transpondo a figura da chicotada psicológica para a política e para o PS, temos os adeptos (simpatizantes e eleitores) descontentes e desmotivados, a equipa (militantes) desmoralizados e inquietos e a direcção (a classe dirigente ao nível do partido, dos órgãos de soberania, das autarquias e do aparelho de Estado) entalada perante a realidade de ter um treinador com contrato (o Secretário-Geral) e a probabilidade de ver o Campeonato (as eleições legislativas) fugir-lhes para uma equipa da II Divisão (actual governo) e perder os troféus e os prémios (cargos e poder).

 

Conclusão: António José Seguro está prestes a ser chicoteado, ou melhor, a ser o objecto de uma chicotada psicológica fora dos relvados.

 

Há mais de dois anos (25/04/2012), publiquei em Tempos Interessantes um post dedicado a António José Seguro intitulado o “Idiota Útil” (ver em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2012/04/o-idiota-util-antonio-jose-seguro-foto.html ): A melhor caracterização de Seguro foi feita pelo “Contra-Informação”: o Jovem Mais Velho de Portugal, isto quando era Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros com António Guterres.

 

O seu desempenho ao longo destes 3 anos, culminado com a famigerada vitória de Pirro na semana passada, faz-nos concluir que o prazo de validade do Idiota Útil chegou ao fim.

 

Seguro nunca convenceu. Desde logo nunca conseguiu transmitir segurança, firmeza e convicção no que fazia e dizia. Ser firme não é falar alto. É difícil um indivíduo mole e amorfo gerar entusiasmo e mobilização.

 

Quando tenta falar com firmeza soa a falso; quando tenta mostrar entusiasmo soa a oco; quando tenta convencer as pessoas é maçador.

 

A sua intervenção na noite eleitoral foi mais uma validação do post supra-referido: foi penoso vê-lo e ouvi-lo na noite de Domingo clamando incessantemente uma vitória estrondosa e arrasadora que não existiu, num esforço desesperado e óbvio de se segurar no lugar.

 

Seguro enquadra-se numa geração de dirigentes políticos nacionais que qualifiquei como “Farinha do Mesmo Saco” em 23 de Julho de 2012: Uma parte significativa da actual geração de líderes políticos está marcada por algumas características comuns, tais como: pertenceram às Juventudes partidárias (vulgo Jotas) e fizeram toda a sua carreira académica (?) e profissional (?) na política, sob a política, ao lado da política, dentro da política.

José Sócrates, Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas e António José Seguro são os expoentes deste modus vivendi, embora haja muitos mais. São todos farinha do mesmo saco. http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2012/07/farinha-do-mesmo-saco.html
 

A realidade é que Seguro é um apparatchik sem rasgo, sem alma, sem capacidade para mobilizar; sempre foi cinzento e não vai mudar.

 

Como ele não muda, muda o PS. Chicotada psicológica e entra novo treinador. Será António Costa quem irá à caça do Coelho.


E esta é a menor das surpresas se recuperarmos a conclusão de “O Idiota Útil”:

Enquanto continuar com a postura actual, Seguro será um idiota útil, fingindo fazer oposição ao Governo e legitimando com o voto socialista as decisões governamentais. Será também um idiota útil para outros aspirantes à liderança do PS, aos quais não interessará dar a cara nesta fase de conluio com o PSD, o CDS e a Troika.

 
Escusado seria acrescentar que, de Seguro, nada mais se espera. Afinal, trata-se de um indivíduo que veio com bravata anunciar que a posição do PS sobre o Orçamento de Estado de 2012 seria uma “abstenção violenta”. E nesta imbecilidade começa e acaba a coragem e a determinação do ex-Jovem Mais Velho de Portugal.
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Post Scriptum: A ânsia com que o Presidente da Concelhia de Lisboa do PSD veio exigir eleições autárquicas antecipadas em Lisboa também mostra bastante do estado a que o PSD chegou: falta de cultura democrática, avidez descontrolada pelo poder e ausência de pudor. Vale tudo.

 

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Rui Miguel,



José Pacheco Pereira escreveu na «Sábado»:

«O não adquirido é a sustentabilidade da política de “ajustamento” que soçobrará rapidamente quer com Passos quer com Seguro. Seguro fará umas coisas à Hollande “bom” e outras à Hollande “mau, ou seja uma “mixórdia” em bom português. E o néon continuará inerte até um dia. Mas atenção, mesmos os mais raros e nobres dos gases mudam se lhes atirarem com uma arma de destruição massiva química, o flúor. Vão ser os “tempos interessantes” da pseudomaldição chinesa, quer na Europa, quer em Portugal. Depois queixem-se. Até o néon muda. Até o néon dá luz no meio destas trevas.»

Parece que ele é um leitor do teu blog!

Um abraço.

Manuel Carlos