CHICOTADA
PSICOLÓGICA
Mesmo quem não ligue muito ao futebol estará
identificado com a expressão chicotada
psicológica. O cenário é conhecido: a equipa joga pouco e mal, os
resultados não aparecem, ou se aparecem as exibições não convencem, a equipa
fica aquém dos objectivos e expectativas, os adeptos dissociam-se da equipa ou
vaiam-na, deixam de ir ao estádio. Entalado entre o afastamento ou o protesto
dos sócios, a desmoralização dos jogadores e a impotência do treinador, o
Presidente despede este. Está consumada a chicotada psicológica.
Transpondo a figura da chicotada psicológica para a
política e para o PS, temos os adeptos (simpatizantes e eleitores) descontentes
e desmotivados, a equipa (militantes) desmoralizados e inquietos e a direcção
(a classe dirigente ao nível do partido, dos órgãos de soberania, das
autarquias e do aparelho de Estado) entalada perante a realidade de ter um
treinador com contrato (o Secretário-Geral) e a probabilidade de ver o
Campeonato (as eleições legislativas) fugir-lhes para uma equipa da II Divisão
(actual governo) e perder os troféus e os prémios (cargos e poder).
Conclusão: António José Seguro está prestes a ser
chicoteado, ou melhor, a ser o objecto de uma chicotada psicológica fora dos
relvados.
Há mais de dois anos (25/04/2012), publiquei em Tempos Interessantes um post dedicado a
António José Seguro intitulado o “Idiota Útil” (ver em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2012/04/o-idiota-util-antonio-jose-seguro-foto.html ): A melhor caracterização de Seguro foi feita pelo
“Contra-Informação”: o Jovem Mais Velho de Portugal, isto quando era Secretário de Estado da Presidência do
Conselho de Ministros com António Guterres.
O seu desempenho ao longo destes 3 anos, culminado com a
famigerada vitória de Pirro na semana passada, faz-nos concluir que o prazo de
validade do Idiota Útil chegou ao
fim.
Seguro nunca convenceu. Desde logo nunca conseguiu
transmitir segurança, firmeza e convicção no que fazia e dizia. Ser firme não é
falar alto. É difícil um indivíduo mole e amorfo gerar entusiasmo e
mobilização.
Quando tenta falar com firmeza soa a falso; quando tenta
mostrar entusiasmo soa a oco; quando tenta convencer as pessoas é maçador.
A sua intervenção na noite eleitoral foi mais uma
validação do post supra-referido: foi penoso vê-lo e ouvi-lo na noite de
Domingo clamando incessantemente uma vitória estrondosa e arrasadora que não
existiu, num esforço desesperado e óbvio de se segurar no lugar.
Seguro enquadra-se numa
geração de dirigentes políticos nacionais que qualifiquei como “Farinha do
Mesmo Saco” em 23 de Julho de 2012: Uma
parte significativa da actual geração de líderes políticos está marcada por
algumas características comuns, tais como: pertenceram às Juventudes
partidárias (vulgo Jotas) e fizeram toda a sua carreira académica (?) e
profissional (?) na política, sob a política, ao lado da política, dentro da
política.
José Sócrates, Pedro Passos Coelho, Miguel Relvas e
António José Seguro são os expoentes deste modus vivendi, embora haja muitos
mais. São todos farinha do mesmo saco. http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2012/07/farinha-do-mesmo-saco.html
A realidade é que Seguro é um apparatchik sem rasgo, sem
alma, sem capacidade para mobilizar; sempre foi cinzento e não vai mudar.
Como ele não muda, muda o PS. Chicotada psicológica e entra novo
treinador. Será António Costa quem irá à caça do Coelho.
E esta é a menor das
surpresas se recuperarmos a conclusão de “O Idiota Útil”:
Escusado seria acrescentar
que, de Seguro, nada mais se espera. Afinal, trata-se de um indivíduo que veio com bravata anunciar que a
posição do PS sobre o Orçamento de Estado de 2012 seria uma “abstenção
violenta”. E nesta imbecilidade começa e acaba a coragem e a determinação do
ex-Jovem Mais Velho de Portugal..
Enquanto
continuar com a postura actual, Seguro será um idiota útil, fingindo fazer
oposição ao Governo e legitimando com o voto socialista as decisões
governamentais. Será também um idiota útil para outros aspirantes à liderança
do PS, aos quais não interessará dar a cara nesta fase de conluio com o PSD, o
CDS e a Troika.
Post Scriptum: A ânsia
com que o Presidente da Concelhia de Lisboa do PSD veio exigir eleições
autárquicas antecipadas em Lisboa também mostra bastante do estado a que o PSD
chegou: falta de cultura democrática, avidez descontrolada pelo poder e
ausência de pudor. Vale tudo.
1 comentário:
Caro Rui Miguel,
José Pacheco Pereira escreveu na «Sábado»:
«O não adquirido é a sustentabilidade da política de “ajustamento” que soçobrará rapidamente quer com Passos quer com Seguro. Seguro fará umas coisas à Hollande “bom” e outras à Hollande “mau, ou seja uma “mixórdia” em bom português. E o néon continuará inerte até um dia. Mas atenção, mesmos os mais raros e nobres dos gases mudam se lhes atirarem com uma arma de destruição massiva química, o flúor. Vão ser os “tempos interessantes” da pseudomaldição chinesa, quer na Europa, quer em Portugal. Depois queixem-se. Até o néon muda. Até o néon dá luz no meio destas trevas.»
Parece que ele é um leitor do teu blog!
Um abraço.
Manuel Carlos
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