13 junho, 2014

Estado Islâmico do Iraque Ocidental e Síria Oriental


ESTADO ISLÂMICO DO IRAQUE OCIDENTAL
E SÍRIA ORIENTAL

O Estado Islâmico do Iraque Ocidental e Síria Oriental poderia ocupar sensivelmente o espaço no Nordeste da Síria entre os rios Tigre (a Leste) e Eufrates (a Oeste) e, no Iraque, o território entre o Tigre a a fronteira com a Arábia Saudita sensivelmente até à latitude de Baqubah, a norte de Bagdad. (ver mapa infra)
in “EHS World Studies Jackoboice” em https://ehsworldstudiesjackoboice.wikispaces.com/

  

Na sequência dos sucessos que o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Islamic State of Iraq and the Levant – ISIL)* vai registando no Iraque e da solidificação da sua presença no Nordeste e Leste da Síria, traça-se um novo cenário apocalíptico.


O enredo desenrola-se da seguinte forma: o ISIL sabe que será muito difícil tomar Bagdad e o mesmo se aplica a Damasco. Por outro lado, está ciente que detém um grau significativo de controlo sobre regiões do Nordeste e Leste da Síria e do Oeste  e até do Norte do Iraque. Estas zonas têm três factores atractivos: são contíguas, têm uma larga maioria sunita e têm petróleo. Daqui resulta:

 Um contínuo geográfico de razoável dimensão para formar um Estado viável e defensável.
  1. Uma homogeneidade étnica e religiosa que lhe confere a unidade que falta a muitos Estados  do Médio Oriente, nomeadamente a Síria e o Iraque.
  2. Um fonte de rendimento que lhe poderia garantir alguma viabilidade económica.
  3. Condições básicas para a criação do Estado Islâmico do Iraque Ocidental e Síria Oriental.
Se eu fosse líder do ISIL, era o que eu faria: proclamar esse novo Estado, SE estivessem verificadas duas condições: um vasto apoio popular nos dois lados da actual fronteira e capacidade para defender as principais urbes do assédio do Exército Iraquiano.


As Províncias do Iraque. O Estado Islâmico do Iraque Ocidental e Síria Oriental poderia incluir as Províncias de Anbar (Oeste), Nínive (Norte), Salahadin (Centro Norte) e partes de Kirkuk e Diyala.
in “STRATFOR” em www.stratfor.com


Pode acontecer?


Poder, pode, mas não terá grande viabilidade.


Por um lado, falta-lhe um patrono, uma potência, mesmo regional, que lhe dê cobertura política, diplomática, económica e até militar. O único potencial candidato, a Arábia Saudita, está escaldado com a Al-Qaeda e uma das coisas que menos deseja é o fortalecimento da organização terrorista. Resta o apoio de entidades e indivíduos com muito dinheiro da região do Golfo Pérsico, mas esses podem fornecer dinheiro e armamento, mas apoio político não.


Por outro lado, teria forte oposição de várias potências regionais, como o Irão e a Turquia, o próprio Iraque e talvez a Arábia Saudita e potências exógenas, como os Estados Unidos e o Reino Unido. Nem todos actuariam em uníssono e de forma coordenada, mas não seria surpreendente que uma ou algumas interviessem militarmente para aniquilar o putativo  novo Estado. A grande maioria dos Estados abomina a mera alusão a alterações de fronteiras, mas a criação de um Estado por uma organização terrorista seria o anátema absoluto.


Pelo lado positivo, para o ISIL, a criação do Estado islâmico do Iraque Ocidental e Síria Oriental teria um grande impacto político que extravasaria o Médio Oriente, representaria um triunfo sem precedentes para a Al-Qaeda e faria afluir ao novo Estado inúmeros jihadistas e simpatizantes da causa do Califado Islâmico, reforçando o poder, prestígio e influência do ISIL.


Seja como for, há perto de uma década que a Al-Qaeda não gozava de um momento de triunfo deste calibre, para preocupação de quase todos e deespero da Síria e do Iraque, ou para o que resta deles.

   

* Consoante as fontes, a organização é apresentada com a designação Islamic State of Iraq and the Levant – ISIL ou Islamic State of Iraq and Syria.

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