20 junho, 2014

Geopolítica Passiva ou Dynamic Balance of Power


GEOPOLÍTICA PASSIVA

OU

DYNAMIC BALANCE OF POWER

  

Uma visão geográfica da actividade do ISIS numa vasta área onde convergem o Iraque, a Síria, a Turquia e o Irão.
in “THE ECONOMIST” em http://www.economist.com


Quais são os receios, ameaças e vulnerabilidades enfrentados pelos principais Estados do Médio Oriente?


IRÃO

Claramente dois. A desagregação do poder político e a erosão do controlo sobre os respectivos países, dos seus aliados Síria e Iraque. Se perder um destes aliados, as ambições hegemónicas de Teerão serão abaladas. Se perder os dois, ficarão estilhaçadas. Assim se explica o forte investimento feito para segurar Al Assad na Síria e a aflição perante o esboroar do poder de Al Maliki no Iraque.


ARÁBIA SAUDITA

A instabilidade gerada pela Primavera Árabe, especialmente no Egipto e no Bahrain, abalou o statu quo do mundo árabe e pôs em causa o habitat saudita; a ascensão do Irão, as suas ambições hegemónicas e a gradual normalização das relações dos Persas com os EUA, são os fantasmas que agitam Riyadh.


TURQUIA

O pulsar independentista curdo pode encontrar oportunidades na actual anarquia iraquiana e isso é o principal pesadelo de Ankara. A este junta-se a ascensão iraniana, a proliferação jihadista nos seus vizinhos e o abastecimento energético.


Olhando para o Médio Oriente a partir de New York (de Washington não vale a pena, vê-se pouco e mal), o que se vê?


Um adversário, o Irão (Obama não sabe), aflito com dois fogos para controlar. Um amigo mais distante e alheio e menos fiável (Arábia Saudita) a lutar contra os seus fantasmas. Um aliado que se alia cada vez menos (Turquia) que se julgava na crista da onda e que se vê num vespeiro.


Estando então lá no topo do Empire State Building, o que pode fazer para capitalizar a situação?


NADA.


Leu bem, nada! Niente! Nothing! Rien de rien!



É o mais fácil e o mais barato.


Coloca a pressão de resolver os problemas nas potências regionais.


O Irão tem de aguentar sozinho os regimes de Damasco e Bagdad. São satélites de Teerão, são problema de Ali Khamenei e de Rouhani, que os resolvam. Tal vai custar-hes tempo, dinheiro e recursos militares. Vai levar tempo. E pode não resultar.


A Arábia Saudita irá continuar a apoiar os grupos que apadrinha na Síria e no Iraque, promovendo os Sunitas e fazendo a vida negra ao Irão. Teremos uma Arábia Saudita mais tranquila, mas também ocupada por algum tempo.


A Turquia tentará gerir os Curdistões à sua volta e dentro de si, prevenir avanços jihadistas e conter as potências rivais. Também ela não terá mãos a medir por muito tempo.


CONCLUSÃO

Sem fazer nada, os Estados Unidos podiam manter entretidas as 3 potências que hoje lutam pela preponderância no Médio Oriente e que fazem do Iraque, da Síria e do Líbano os seus campos de batalha., genericamente anulando-se umas às outras, cientes de que não haverá quem venha resolver os contenciosos e não causando problemas senão umas às outras.


Chamemos-lhe um DYNAMIC BALANCE OF POWER! Ou, alternativamente, GEOPOLÍTICA PASSIVA.

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