GEOPOLÍTICA
PASSIVA
OU
DYNAMIC
BALANCE OF POWER
Uma visão geográfica da actividade do ISIS numa
vasta área onde convergem o Iraque, a Síria, a Turquia e o Irão.
Quais são
os receios, ameaças e vulnerabilidades enfrentados pelos principais Estados do
Médio Oriente?
IRÃO
Claramente
dois. A desagregação do poder político e a erosão do controlo sobre os
respectivos países, dos seus aliados Síria e Iraque. Se perder um destes
aliados, as ambições hegemónicas de Teerão serão abaladas. Se perder os dois,
ficarão estilhaçadas. Assim se
explica o forte investimento feito para segurar Al Assad na Síria e a aflição
perante o esboroar do poder de Al Maliki no Iraque.
ARÁBIA SAUDITA
A
instabilidade gerada pela Primavera Árabe, especialmente no Egipto e no
Bahrain, abalou o statu quo do mundo árabe e pôs em causa o habitat saudita; a ascensão do Irão, as suas ambições hegemónicas e a
gradual normalização das relações dos Persas com os EUA, são os fantasmas que
agitam Riyadh.
TURQUIA
O pulsar
independentista curdo pode encontrar oportunidades na actual anarquia iraquiana
e isso é o principal pesadelo de Ankara. A este junta-se a ascensão iraniana, a proliferação
jihadista nos seus vizinhos e o abastecimento energético.
Olhando
para o Médio Oriente a partir de New York (de Washington não vale a pena, vê-se
pouco e mal), o que se vê?
Um
adversário, o Irão (Obama não sabe), aflito com dois fogos para controlar. Um
amigo mais distante e alheio e menos fiável (Arábia Saudita) a lutar contra os
seus fantasmas. Um aliado que se alia cada vez menos (Turquia) que se julgava
na crista da onda e que se vê num vespeiro.
Estando então lá no topo do Empire State Building, o
que pode fazer para capitalizar a situação?
NADA.
Leu bem, nada! Niente! Nothing! Rien de rien!
1º É o
mais fácil e o mais barato.
2º
Coloca a pressão de resolver os problemas nas potências regionais.
3º O
Irão tem de aguentar sozinho os regimes de Damasco e Bagdad. São satélites de
Teerão, são problema de Ali Khamenei e de Rouhani, que os resolvam. Tal vai
custar-hes tempo, dinheiro e recursos militares. Vai levar tempo. E pode não
resultar.
4º A
Arábia Saudita irá continuar a apoiar os grupos que apadrinha na Síria e no
Iraque, promovendo os Sunitas e fazendo a vida negra ao Irão. Teremos uma
Arábia Saudita mais tranquila, mas também ocupada por algum tempo.
5º A
Turquia tentará gerir os Curdistões à
sua volta e dentro de si, prevenir avanços jihadistas e conter as potências
rivais. Também ela não terá mãos a medir por muito tempo.
CONCLUSÃO
Sem fazer
nada, os Estados Unidos podiam manter entretidas as 3 potências que hoje lutam
pela preponderância no Médio Oriente e que fazem do Iraque, da Síria e do
Líbano os seus campos de batalha., genericamente anulando-se umas às outras,
cientes de que não haverá quem venha resolver os contenciosos e não causando
problemas senão umas às outras.
Chamemos-lhe um DYNAMIC BALANCE OF POWER! Ou, alternativamente,
GEOPOLÍTICA PASSIVA.
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