CONFIDÊNCIAS E CONFISSÕES I
Sensivelmente desde
há um ano tenho recebido ocasionais críticas sobre os posts que escrevo sobre
política nacional. Embora sejam muito poucas as pessoas que o fizeram, não
merecem menos respeito e atenção e o facto de o terem feito mais do que uma vez
e de forma convicta, justifica um feedback público.
As críticas prendem-se
com facto de ser excessivamente crítico do actual governo e de ter entrado numa
escalada verbal, que me terá conduzido a níveis menos próprios para este blog.
O exemplo dado foi o adjectivo imbecil.
Foi-me dito que eu ignorava o catastrófico governo anterior. Houve quem
dissesse que os meus textos se tinham tornado mais ásperos e violentos e quem
chegasse ao ponto de dizer que eu até parecia ter virado comunista.
Começando pelo fim,
eu tenho horror ao Comunismo cuja experiência histórica de opressão,
totalitarismo, de Estado omnipresente e omnipotente, de holocaustos, chacinas e
repressão são sobejamente conhecidos de Havana a Beijing, passando por Moscovo,
Gdansk, Praga, Budapeste e muitos outros sítios. Eu emocionei-me quando na
manhã do dia 10 de Novembro de 1989 ouvi na BBC que o Muro de Berlim tinha
caído.
Relativamente ao governo, eu reconheço que tem havido em Tempos
Interessantes uma escalada crítica e verbal que foi, aliás, aqui anunciada em 6
de Abril de 2012 no post “Judas Coelho”: Poderão pensar que já são demais os epítetos que vou
colando a Passos Coelho. Infelizmente discordo. […] movido pela época
pascal e pela traição de Sexta-Feira Santa, resolvi optar por “Judas”.
Mais: não acredito que
este tenha sido o último. Tenho a certeza que Coelho continuará a fazer
judiarias aos Portugueses e por
muitas que faça, hei-de encontrar sempre adjectivos para lhe aplica. (Em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2012/04/judas-coelho.html
)
Porquê? Por vários
motivos:
1- Sendo o governo do
meu país, os seus erros, abusos e desmandos afectam a mim e aos meus de forma
muito mais intensa do que aquilo que fazem no Irão, Coreia do Norte, Síria ou
mesmo EUA e Reino Unido, para referir alguns dos clientes habituais deste blog.
2- Penso que aquilo que
pensava do anterior governo foi amplamente referido em Tempos Interessantes (ver, a título de exemplo “Wanted” em http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2010_10_01_archive.html publicado em 24/10/2010) e ainda agora menções negativas lhe são
feitas. Uma coisa é ter memória curta, que nestes assuntos não tenho. Outra bem
diferente, é esquecer que para se criticar a governação ou fazer oposição,
faz-se ao governo que está em funções e não a quem as cessou há dois anos.
3- O actual governo não
visa simplesmente superar a crise financeira. Fá-lo sacrificando as pessoas de
forma deliberada, espatifando a economia sem escrúpulos nem pesar e mostrando
uma olímpica indiferença perante o calvário que milhões de Portugueses vão
passando. E isto é o pior de tudo.
4- Desculpem. Ainda há
pior. Apesar do que referi no ponto anterior, o governo falha de forma ignóbil
os seus objectivos.
Em Tempos Interessantes,
eu procuro fazer uma análise honesta e racional dos acontecimentos que abordo,
das motivações e objectivos dos principais actores e até arrisco previsões e
avanço com a evolução que julgo ser a mais provável. A palavra-chave aqui é
honesta. Nunca prometi
isenção. Eu relato factos e opino sobre eles. Tenho um conjunto de ideias e
convicções bem definidos e elas estão abundantemente plasmadas ao longo de 374
posts publicados durante 7 anos. Quando gosto isso é patente, quando não gosto,
tal também é evidente.
Reconheço que nos
posts sobre política nacional, atravessei algumas linhas que não imaginaria há
3 anos atrás. Tenho pena que tal desagrade a alguns amigos e leitores e respeito os seus sentimentos e opiniões. Admito que por
motivos que vão para além do blog e da política me tenha tornado mais agreste.
No entanto, quem vive e labuta em Portugal e depende do rendimento do seu
trabalho ou da sua pensão, excluindo uma pequena minoria, sabe bem as judiarias, mentiras e assaltos a que temos sido sujeitos
nos últimos 2 anos. Se a isso somarmos a incompetência e acrescentarmos a
arrogância de quem nos está a fazer um frete, podem crer que aquilo que escrevo
fica aquém daquilo que amiúde me apetecia fazer.