19 abril, 2014

Onde Estava Eu no 25 de Abril?


ONDE ESTAVA EU NO 25 DE ABRIL?

 

 

Estava em Guimarães.

 

Em 1974 era uma criança que frequentava a Escola Primária de Santa Luzia em Guimarães e não me lembro de muita coisa do 25 de Abril de 1974. Mas tenho algumas memórias. Lembro-me de/do/da:

 

* Não ter tido aulas!

 

* Entusiasmo dos meus Pais.

 

* Cepticismo da minha Avó Laura (e também dos meus Avós paternos) e das suas memórias traumáticas do caos e desordem da I República.

 

* Gigantescas manifestações do 1 de Maio de 1974, quase unânime grito colectivo de Liberdade.

 

* Sucessão de governos e ministros. Achava fascinante e intrigante a figura dos “Ministros sem Pasta”!

 

* Multidão de partidos que foram criados.

 

* Meu irmão a sair da escola a gritar MRPP, simplesmente porque a sigla do Partido continha as suas inicias: Ricardo Pedro. Ele gostava espacialmente de gritar a sigla alternativa MRPUMPUM.

 

* Embora fosse pequeno ter escolhido cedo um partido: como era (ainda sou) Monárquico, adoptei o PPM, até me aperceber que se preocupava mais com a ecologia, o urbanismo e o municipalismo do que com a Monarquia.

 

* Sérias reservas familiares em relação ao PCP e à miríade de partidos de extrema-esquerda. A minha família era de direita e a Guerra Fria estava no auge.

 

* Sentir que tudo estava a mudar e que seria para melhor.

 

Pronto, já sabem onde estava no 25 de Abril e aquilo que me lembro da altura. Não será muito, mas é aquilo que me marcou.

15 abril, 2014

Poland's Curse


POLAND’S CURSE


People cannot choose their family members. Countries cannot choose their neighbours. Poland is a living testimony of that stark reality.


Indeed, Poland has been the victim of her Geography and has been bullied by her neighbours.


Poland sits in the middle of an East-West invasion highway.

in STRATFOR em http://www.stratfor.com/


Geographically, Poland is highly vulnerable: she sits right on the great North European Plain that stretches all the way from Northern France to Moscow. It is a long stretch of land deprived of major physical obstacles, but for a few large rivers, like the Rhine, the Elba, or the Vistula. Consequently, it has been the venue of choice for invaders charging East from the West, or stampeding West, coming from the East.


So, Poland has been frequently invaded, whether for the purpose of conquering the country, or just en route to somewhere else.


On top of Geography, come the neighbours:


* To the West, Poland has faced the Germans in several formats: Prussia, II Reich, Weimar Germany, III Reich, two Germanies and, finally, Germany.


* To the South, up to 1918, Poland had to contend with the Austrians, who led the powerful Austro-Hungarian Empire.


* To the East lie the Russians: Czarist Russia, the Soviet Union and present-day Russia.


Summing these factors we end up with an interesting statistical information: between 1795 and 1989, Poland was really independent for 20 years, between 1919 and 1939. A bit more than 10% of the time in almost 200 years.


When I first visited Poland in 1990, the Poles were terrified with the prospective German reunification and Chancellor Helmut Kohl’s apparent hesitation about recognizing the Oder-Neisse line as the German-Polish border.


When I went back to Poland in 2004, the Poles were buoyant with their NATO and EU memberships, and their fear of both Germany and Russia had receded. The former was integrated in the same international clubs that Poland had just joined and the latter was still recovering from the post-Soviet trauma.


Today, in 2014, the Poles are deeply worried about the fate of Ukraine and the pressure Russia has been exerting on her periphery and the sense of fear has returned.


Russia has reacted aggressively to what she perceives as a renewed Eastern push by the major Western powers and their prime organisations, NATO and the EU.


Russia has reacted in 2008 invading Georgia who capitulated in a week. Russia has reacted to Yanukovych’s overthrow with a swift takeover of Crimea, accompanied by increasing pressure on Kiev, via pro-Russian groups in Eastern Ukraine, natural gas price increases, nearby military manoeuvres and not recognizing the new government in Kiev. Furthermore, Moscow has been pressing and cajoling Moldova, Georgia, Armenia and Azerbaijan to try to keep them in her sphere of influence or, at least, keeping the West at bay.


Historical victims of Russian (and German) expansionism like Poland, Lithuania, Latvia and Estonia have been pushing for an increased NATO and US military presence in Northeastern Europe and near the Ukrainian border in order to bolster confidence in these borderlands about the West’s commitment to the safety and protection of the nations that stretch from the Baltic Sea (like Poland) to the Black Sea (like Romania). Warsaw has gone as far as demanding the dispatch of 10.000 American troops to her territory.


History is fascinating, but for countries like Poland it is not at all cheerful. In 2014, none of the major Western powers has the ability and even less so the will, to engage on a major military buildup along the old Soviet borders. Although there are obvious differences, the unwillingness draws an inevitable flashback to Czechoslovakia and Poland in 1938/1939. And this is not good news for the likes of Poland and Romania.


Washington, London, Berlin and Paris do not believe that Moscow is about to embark on a massive land offensive across Eastern Europe and certainly not to the point of crossing the Dnieper river. Indeed they did not believe that Germany and the USSR would do what they actually did in between 1938 and 1941 either. Of course today’s Russia is not the 1930’s USSR or Germany, but looking from Warsaw’s perspective it must be, at least, uncomfortable.


Whatever Russia’s ultimate plans and intentions, it is crystal clear that the US and NATO are NOT about to establish major military garrisons neither in Poland, nor in Romania, nor in the Baltic States. The reasons for this are threefold: political, budgetary and military.


Politically, the Western powers do not want to be seen as being too provocative towards Moscow, or to risk a skirmish or an incident with potential serious consequences.


Budget-wise, NATO members are generally cash-strapped, many of them stuck in steep austerity and they do not have either the financial capital, nor the political capital to march East, or anywhere else for that matter.


Militarily, the West is weakened by years of neglect aggravated by some more years of savage austerity. If Poland were indeed threatened by Russia (which she isn’t), NATO would struggle to find the troops and equipment to go to the rescue.


In the end, this is what Russia has been accomplishing: proving that she can make surgical low-risk military moves (Georgia, Crimea), put political, economic and energy pressure on her neighbours and sow instability, doubt and fear on them, that no substantial reprisal will come her way.


Eventually, this strategy may pay-off in terms of political acquiescence of an increased Russia’s role and influence in Central and Eastern Europe. It may not happen, but so far Russia is rolling and the West is recoiling. Even if the plot ultimately fails, the seeds of fear and insecurity have been sown and they will not go away for a long time.






Prussia, Russia and Austria, greedily slicing the Polish cake till it was over.


For a country like Poland that was partitioned to oblivion thrice in just 23 years (1772, 1793 and 1795) between Russia, Prussia and Austria; when it took Poland a World War for her  to resuscitate; after 20 years of freedom, another World War threw it into mayhem and serfdom for another 50 years, these events are not bad news. They are more like a curse revisited time and time again.



07 abril, 2014

Era Uma Vez Uma Terra....


ERA UMA VEZ UMA TERRA….

Era uma vez uma terra que ficou livre do domínio estrangeiro, para descobrir que substituiu a grilheta distante pela opressão de um dos seus. Ele, o Chefe, construiu um forte exército com o apoio de um outro país distante. Juntou-se e zangou-se com outros chefes de outras terras, fez muitas guerras e perdeu quase todas. Contudo, ganhou todas as guerras que fez contra as pessoas da sua própria terra, destruindo cidades e os seus habitantes, se necessário fosse.


Era uma vez uma terra….

O Chefe matou muitos, mas um dia veio uma doença que o matou a ele. O Chefe não era rei e o seu filho não era príncipe, mas foi este que lhe sucedeu. Outros chefes houve, de terras longínquas, que se entusiasmaram: o Novo Chefe conhecia o mundo, estudara, era de outra geração, viria decerto afastar as trevas de décadas passadas.

Porém, quem ouvisse os oráculos sabia que não seria assim. Quando começaram os problemas, o Novo Chefe usou velhos métodos: foi buscar a máscara do pai e endureceu. Ameaçou, reprimiu, prendeu e, por fim, matou. E matou outra vez. E continua a matar.

Mas os tempos haviam mudado e o chefe também e a matança não travou os Descontentes que também desataram a matar e convenceram-se que iriam aniquilar o Novo Chefe. Não tardou que outros reinos ajudassem o Novo Chefe ou os Descontentes, consoante as suas simpatias e interesses. Atrás disso vieram outras gentes, crentes, soldados, mercenários, fanáticos, todos eles brandindo as suas lanças e espadas e todos juntos, mergulharam aquela terra num banho de sangue.

O Novo Chefe terá até lançado a praga da peste sobre os Descontentes. Então um Grande Chefe de uma terra muito distante, declarou que iria descarregar o fogo do céu sobre o Novo Chefe. No entanto, recuou quando um Grande Chefe rival lhe fez frente e ambos concordaram conversar em vez de fazer a guerra, embora continuassem a atear as chamas da guerra combatida por outros.

O Novo Chefe conseguiu reorganizar as suas hostes e fazer bom uso das ajudas que recebeu. Os Descontentes ficaram também descontentes com os apoios que (não) receberam e por fim ficaram descontentes uns com os outros. Tanto descontentamento resultou em sucessivas derrotas e tornou o desiderato de espetar a cabeça do Novo Chefe numa lança num cenário quase irreal.

Os anos passaram, o Novo Chefe vai ganhando, mas não vence; os Descontentes vão perdendo mas não são derrotados, os vizinhos temem que a matança alastre e as pessoas, essas morrem aos milhares e fogem aos milhões.

Era uma vez na Síria….

05 abril, 2014

O Circo Chegou, o Circo Partiu


O CIRCO CHEGOU,
O CIRCO PARTIU


BBC Breaking News!!!!

in BBC News at http://www.bbc.com/news/

 Os ciclos noticiosos internacionais são normalmente muito intensos e relativamente curtos. Fazendo um exercício empírico e simplificativo, podemos dizer que se processam assim:


1- Detecção do evento/crise, por vezes quando ele já decorre há algum tempo.


2- Notícias exploratórias, que vão suscitando o interesse a curiosidade do público.


3- Escalada. Corresponde à escalada da própria crise/conflito e ao despacho de “enviados especiais”. É o sinal claro que os media concluíram que a “coisa” é grave e que o seu impacto (e audiência) justifica a despesa. O circo chega à cidade.


4- Efeito multiplicador. Conforme os casos, a invasão dos media ocidentais pode motivar os actores locais a intensificarem as suas acções, cientes do impacto global que passaram a deter. É também a fase em que as potências estrangeiras aumentam a sua pressão e ingerência para obterem um desenlace da crise que lhes seja favorável.


5- Clímax. É a altura em que a crise atinge o apogeu, o drama está no máximo.


6- Conclusão. Do clímax deverá resultar uma conclusão. Os media fecham a história, fazem as malas e partem para o próximo hotspot, ou para casa. O circo parte da cidade.


7- Follow-up. A “conclusão” muitas vezes não encerra o conflito e este continua em versão low-profile, longe dos holofotes mediáticos. Pouca interessa. Não aparece na TV, logo, para a generalidade das pessoas acabou. Não existe.


8- Retorno. Há sempre a possibilidade de haver alguma evolução dramática do conflito que, aliada à eventual ausência de alternativas mais apetecíveis, podem fazer regressar o circo mediático à cidade. Imagino que muitos cidadãos descubram então, com perplexidade, que aquilo que julgavam resolvido e encerrado, afinal prosseguia ininterruptamente há meses, ou mesmo anos.


Vem tudo isto a propósito dos acontecimentos na Europa Oriental, mais concretamente na Ucrânia e na Crimeia, que ocuparam os noticiários desde o final de Novembro, com uma interrupção de algumas semanas na quadra natalícia, até ao fim do Inverno e que tiveram, entre outros, o condão de eliminarem a Síria do ciclo noticioso.


Surgem agora algumas notícias avulsas referindo o 3º aniversário do conflito sírio, o número de mortes, a multidão de refugiados, os desentendimentos entre os rebeldes. No luck. A “coisa” dura há muito tempo, o conflito não parece sair do sítio, apesar dos esforços dos media, não parece haver bons da fita. Um conflito distante, que se arrasta sem fim à vista e em que são quase todos feios, porcos e maus é, como direi,….boooring.


A realidade é que, embora os media marquem os ciclos noticiosos que não podem, regra geral, ser muito longos, a attention span do público é muito curta. As pessoas querem acção, drama e, se possível, um happy end. Mas acima de tudo, querem um end! Se não houver conclusão, as pessoas desligam.


Por isso, já pouca gente presta atenção ao ping-pong entre Moscovo e Washington no qual Kiev e a Crimeia são as bolas.


Por isso, ninguém liga à Síria.


Por isso, as pessoas já desistiram do MH370.


E por isso, já quase toda a gente há anos que muda de canal quando se fala do processo de paz Israelo-Palestiniano.


Em suma, a Guerra dos Cem Anos, no século XXI, seria um desastre mediático.



P.S. Não obstante, para a semana publicarei um post sobre a Síria. Se entretanto não rebentar uma guerra noutro sítio qualquer, é claro.




31 março, 2014

Definhamento Democrático

DEFINHAMENTO DEMOCRÁTICO


O chefe da burocracia da União Europeia, o inefável Durão Barroso, declarou na semana passada que seria bom que PSD, PS e CDS apoiassem o mesmo candidato à Presidência da República em 2016. Durão foi mais longe incluindo na sua lista de desejos (exigências?) um consenso entre os 3 partidos para as eleições legislativas de 2015.


Se se tratasse de um mero delírio de um homem em fim de ciclo, seria algo descartável que provavelmente nem mereceria referência em Tempos Interessantes.


Porém, não é assim.


Assistimos há anos na Europa a uma crescente vertigem pelo chamado consenso. Mais exactamente, pelo consenso alargado.


Em Portugal temos sido martelados pelo famigerado consenso ao longo do último ano por Cavaco, Coelho, Portas, pelos burocratas de Bruxelas e por personagens ligados à finança e a grandes empresas.


Mas há mais exemplos:


A Áustria foi governada por uma Grande Coligação dos seus dois maiores partidos (SPO – Partido Social-Democrata e OVP – Partido Popular) durante 34 anos entre 1945 e 2000. Após um interregno de 7 anos, a Grande Coligação governa a Áustria desde 2007, perfazendo 41 anos de poder desde a II Guerra Mundial.


A Alemanha também é governada por uma Grande Coligação entre os seus dois maiores partidos (CDU/CSU – União Social Cristã e SPD – Partido Social-Democrata). Nos primeiros 56 anos de existência da Alemanha Federal, houve apenas um governo da Grande Coligação (1966-1969). Projectando o actual governo até ao final do mandato (2017), teremos 8 anos de Grande Coligação num período de apenas 12 anos (2005/2017).


A Grécia é governada (?) por uma Grande Coligação entre a Nova Democracia (Centro Direita) e o PASOK (Socialista), apesar de ambos os partidos terem sofrido enormes perdas nas duas últimas eleições.


A Itália é (des)governada por uma Grande Coligação que une a Esquerda aglomerada numa coligação liderada pelo Partido Democrático, a Direita compactada noutra coligação liderada pelo Partido da Liberdade de Silvio Berlusconi e ainda uma coligação centrista mais pequena liderada pela Escolha Cívica.


Qual é a relevância de tudo isto?


É o esvaziamento das alternativas. A Democracia implica escolha e uma escolha com sentido requere a existência de reais alternativas. Os maiores partidos, normalmente dois, são os principais (ou únicos) candidatos a liderar governos. Se ambos, ou todos, defendem a mesma plataforma eleitoral, se combinam as políticas e as medidas, qual é a serventia das eleições?


O resultado é um pensamento único, uma só estratégia, um conjunto de políticas uniformes, em suma, um jogo viciado em que o eleitor é colocado perante uma escolha entre uma coisa e outra igual.




Os Porcos de “Animal Farm” (“Triunfo dos Porcos”). Também eles representavam o governo das elites, pelas elites, para as elites.



Esse é um dos factores desmobilizadores do eleitorado. Quanto maior é a abstenção e quanto mais aumentam os votos brancos e nulos, menor é a legitimidade democrática dos parlamentos e governos que emanam dessas eleições. Infelizmente, a experiência mostra-nos que os partidos só (fingem que) se preocupam com estes fenómenos na noite eleitoral. Depois disso, garantida a presença nos e o domínio dos órgãos legislativo e executivo, it is business as usual.


Outra componente desta estratégia é a eleição da política seguida como a única válida e a demonização das alternativas: ser contra as directrizes emanadas de Berlim, Bruxelas ou Frankfurt é anátema. Ser nacionalista, ser socialmente conservador, ser pio (se for cristão), ter reservas sobre a imigração, ter uma visão mais estatizante da economia, ser favorável a um Estado Social forte ou de cortes nos privilégios da banca constituem um elenco de alguns delitos de opinião que nos podem levar à fogueira da inquisição da elite europeia. A indignação (miserável, diga-se) com que foi acolhido o “Manifesto dos 74”, é um exemplo desta intolerância e de uma pulsão fortemente anti-democrática.


É óbvio que esta consensualização coerciva não é inocente, nem acidental. Ela visa a perpetuação dos mesmos protagonistas no poder (partidos e políticos) e também perpetuar as linhas estratégicas e as políticas que vêm sendo genericamente seguidas nas duas últimas décadas.


Desta forma, o sistema político vai deslizando da democracia para uma oligarquia em que os grupos dominantes (partidos, grandes interesses financeiros e económicos e a burocracia) efectivamente drenam a vitalidade democrática, retirando valor às eleições, fazendo letra morta dos programas eleitorais e restringindo ou eliminando os referendos.


É esta auto-nomeada vanguarda esclarecida quem hoje, cada vez mais, põe e dispõe dos destinos de muitos países da Europa, à revelia dos cidadãos e frequentemente contra eles.



P.S. Outra das consequências da standardização dos partidos é a procura de alternativas nas franjas do sistema político. Foi assim que foi interrompido o duopólio austríaco em 1999: o FPO (Partido Liberal Popular), conotado com a extrema-direita, obteve 27% dos votos e integrou o governo de Viena com o OVP. As elites dominantes na Europa ficaram chocadas, como ficaram ontem com os sucessos da Front Nationale em França, como se espantaram com o ressurgimento do PCP e como vão ficar revoltados com o previsível sucesso de vários destes partidos marginais ao sistema (non-mainstream) nas próximas eleições europeias.


Talvez quando alguns destes partidos ganharem mesmo, aprendam a lição. Contudo, então talvez seja demasiado tarde.






POSTS RELACIONADOS:


“PENSAMENTO ÚNICO”, 02/12/2012 em



“THE GREAT LEAP FORWARD” (PEQUIM 1958 – BRUXELAS 2012) em
http://tempos-interessantes.blogspot.pt/2012/06/great-leap-forward.html

30 março, 2014

19 Century? 20 Century? 21 Century?


19 CENTURY? 20 CENTURY?
21 CENTURY?

Since the breakout of the Ukrainian crisis, especially after Crimea moved forward and centre on the world stage, we have seen countless references to a dreaded time machine located in Moscow, shoving us back and forth to the 19 Century, the 20 Century and the 21 Century.


This trend started when the former and the present US Secretaries of State declared that Putin’s actions were like Hitler’s in the 1930’s (Hillary Clinton) and  “Putin was acting like 19 Century in the 21 Century” (John Kerry). The former was posturing for the upcoming 2016 presidential campaign; the latter was talking out of his own silliness.


Others soon followed: Durão Barroso, EU chief commissioner, coming back to Earth from outer space, declared he was shell-shocked by this unexpected return to the past. Barack Obama has been struggling with 19 Century and 20 Century analogies, berating Power Politics, the Cold War and assorted dressings and concepts, allegedly from the past.


So, where (when) are we after all?


Well, we are actually on the 21 Century, which is different from previous ones, but it has not transported us to a new dimension. In other words, it is NOT that different, at least not so far, given that we have been through a meager 15% of it.


It is true that since 1945 the world has not experienced the systemic wars that ravaged the first half of the 20 Century. It is also true that after 1991, the relations between the major powers became more benign as the USA asserted herself as the lonely superpower, as Russia declined, as China rose discreetly, as the European great powers integrated and as Japan stagnated.


This translated into more diplomacy and cooperation and less tolerance for wars. However, conflict, rivalry, clashing national interests, inter-peer pressure, threats and, yes, wars, never disappeared. They have always been here.


Power Politics never vanished. It just became more polite and discreet but, more often than not, effective and unpleasant for whoever is on the receiving end of pressure.


Furthermore, people have been oblivious to another fact: there is more world beyond Western Europe and North America. And many regions of that other world continue to be nasty places where guns often speak louder than words, where resorting to the threat to use or the actual use of weapons is a real option rather than an outlandish one.


It is not whimsical the steady (sometimes brisk) rise in military spending and weapons purchases in the Middle East, South Asia, the former Soviet space and East Asia. Rather, it reflects the harsh reality that war is perceived as a real life possibility.

 So, in fact, we live in one of just a few oasis of seemingly solid peace on Earth. However, even people who live in an oasis can see they are surrounded by desert and desert will inevitably interact with the oasis. Meaning that no one is permanently safe or insulated from war or conflict. I have been saying this for years, often meeting with skepticism or derision. However, few predicted that Yugoslavia would go down in flames, or that Russia and Georgia would engage in war. We could say the same about Al-Qaeda’s attacks in the USA, the United Kingdom and Spain, plus the Afghanistan War. Or, for that matter, the rising tension between China and Japan and in the South China Sea.


Those who believe that war is gone, that peace is a given, that power and interest are not the real engines of International Relations are either naïve, living in denial, or they just do not have a clue.


War did not show up in 2014 straight back from the 19 Century or the 20 Century. War was here all the time. It has never left us.


WAR IN THE 19 CENTURY

Japanese soldiers firing on Chinese troops in the First Sino-Japanese War in Korea (1894/1895).



WAR IN THE 20 CENTURY

French troops attacking a German position in Champagne in the I World War (1917)




WAR IN THE 21 CENTURY


US Army soldiers in a firefight near Al Doura, Baghdad in 2007 during the Iraq War.




War in the 19 Century.

War in the 20 Century.

War in the 21 Century.

Weapons & equipment aside, can you really  tell the difference?