O MITO DO GOVERNO
NEO-LIBERAL
NEO-LIBERAL
Espanta-me, pois, ver pessoas indignadas acusando o actual governo de ser
Neo-Liberal. Na verdade, este Governo é muito pouco liberal. Senão vejamos:
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A prioridade do Governo é reduzir o déficit orçamental.
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Para tal, o Governo optou por aumentar as receitas, exaurindo a economia.
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Dessa forma, aumentou o IRS 3 vezes; aumentou o IVA 2 vezes; vão aumentar
o IMI; forja toda a sorte de artifícios para retirar dinheiro às pessoas;
cortou o 13º mês de 2012; executou um corte brutal e, aparentemente permanente,
dos salários dos funcionários públicos.
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Corolário desta
política, a indicação que o combate ao déficit no ano corrente será feito com
um esforço de 78% do lado das receitas, com destaque para as tributárias.
Ora isto é tudo
menos Liberalismo. Em Portugal, como noutros países europeus, o Estado tenta salvar as suas
contas sangrando até ao limite os cidadãos e as empresas. Em resultado disso, a
economia contrai-se catastroficamente, as falências aumentam e o desemprego
dispara.
Não se assiste a
uma maior liberdade económica dos privados, nem se vê um Estado ao serviço dos
cidadãos e da sociedade. Inverteram-se os valores, e são os cidadãos que têm de
se sacrificar e servir um Estado incapaz de se regenerar e de encolher
significativamente.
A única área em que se assiste a uma liberalização (??) é no conferir
maior margem de manobra às empresas nos seus relacionamentos laborais, enquanto
que os trabalhadores por conta de outrem perdem direitos e remunerações e
ganham tempo de trabalho extra gratuito e maior vulnerabilidade. Esta política
remete para um tempo de efectivo maior Liberalismo: a Revolução Industrial no
século XIX. Ou, porventura com mais actualidade, para o modelo chinês do século
XXI, cujo sucesso assenta na exploração impiedosa de uma mão-de-obra abundante,
ignorante e, até ver, submissa.
Concluindo, a
política do Governo não é Liberal, nem Neo-Liberal, nem tampouco Para-Liberal.
É, isso sim, uma política autoritária, centralista e estatizante, que atropela
os direitos das pessoas em nome de um programa não sufragado e que sufoca a
economia privada em nome de uma visão estreita e redutora de salvação de um
Estado falido e das respectivas clientelas políticas, económicas e financeiras.
A Liberdade, essa jaz esquecida.