ALEPO É DE ASSAD
Alepo: Antes e Depois….
in “PP PetaPixel” em http://petapixel.com/
Para tal, Damasco contou com 3 factores vitais: o
apoio dos seus aliados externos (Rússia, Irão e milícias libanesas,
iraquianas e afegãs), a forma implacável
e persistente como foram conduzidos o cerco e ataque a Alepo e a passividade
dos aliados dos rebeldes. Estes 3 factores comportam as suas lições:
1- DAR O CORPO AO MANIFESTO
Damasco contou
com um forte apoio dos seus aliados, mas não foi um apoio moral ou de aplauso;
Russos, Iranianos, Libaneses, Iraquianos e Afegãos, forneceram armas, treino e
equipamento, mas também intervieram a fundo no combate dando, literalmente o corpo ao manifesto, e esse apoio fez a
diferença no terreno, majorando as capacidades do desgastado Exército Árabe
Sírio.
2- DOA A QUEM DOER
O ataque a
Alepo foi muitas vezes brutal e cruel como tem sido, aliás, a Guerra da Síria,
provocando imenso sofrimento e destruição. Porém, não justificando, a verdade é
que não é fácil nem muitas vezes possível, fazer a guerra seguindo à risca o manual de instruções. Uma guerra urbana,
a conquista (ou a defesa) de uma grande cidade terá sempre custos e violência
acrescidos. A abordagem doa a quem doer
foi muitas vezes desumana, mas no contexto de brutalidade vigente, foi eficaz
para os fins da Síria e dos seus aliados.
3- DEFENDER A BOLA COM OS OLHOS
A expressão defender a bola com os olhos vem do
futebol e retracta a situação em que o guarda-redes, impotente para deter o
remate, se limita a acompanhar a bola com o olhar, rogando que não entre. Tal
foi a atitude-base dos aliados e apoiantes dos rebeldes. Não acho que fosse boa
ideia meterem-se no vespeiro de Alepo, mas fazer declarações grandiloquentes,
ameaças ocas, protestos, choros e indignações não ia, como não foi, ajudar os
rebeldes a parar a marcha de Sírios, Russos e Iranianos. E a bola entrou.
Na guerra,
hard power, objectivos bem definidos, boa planificação, estratégia, saber o percurso
e percorrê-lo com determinação e ter alguma flexibilidade perante os
imponderáveis, são condimentos fundamentais. A Síria, a Rússia e o Irão estavam
na posse desses elementos e usaram-nos de forma implacável. Costuma dizer-se
que the
devil is in the details, mas isso não foi um problema para esta coligação
que ignorou os detalhes e focou-se no
essencial: derrotar os rebeldes e retomar o controlo total de Alepo. Por isso
ganharam. Ninguém mais o fez e, também por isso, perderam.
1 comentário:
Lúcido e realista. Muito bom, Caro Professor. E Bom Natal.
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