ARRIVEDERCI SIGNORE RENZI
Matteo Renzi olha para o relógio e descobre que
o seu tempo acabou.
Pelo menos por agora…
A tentativa de açambarcamento de poder por parte do Primeiro-Ministro
(agora demissionário) de Itália, Matteo Renzi fracassou estrondosamente nas
urnas. Os Italianos rejeitaram o oportunista e votaram por 59% contra 41% as propostas
referendadas.
Depois de ter feito aprovar legislação eleitoral que
garantia a maioria absoluta no parlamento ao partido que obtivesse 40% dos
votos, Renzi tentou eviscerar o Senado: reduzindo drasticamente o número de
senadores, retirando-lhe grande parte dos poderes e competências e substituindo
o seu carácter electivo por um sistema de nomeação. Além disso, Renzi propunha-se
retirar poderes e competências às regiões em favor do governo central.
O mapa da vitória arrasadora do “NO” em Itália.
Resumindo, Renzi queria abarbatar poder esvaziando as
instituições que se lhe poderiam opor: com
maioria absoluta numa câmara baixa com poderes reforçados, com mais poder para
o governo, com um senado faz-de-conta e com as regiões dotadas de poderes
reduzidos, Renzi almejava ser uma espécie de caudilho romano.
Tudo em nome de reformas que assim poderia implementar a
seu bel-prazer, é claro. Reformas essas que, independentemente do seu mérito ou
da falta dele, reflectiam a linha liberalizante que tem sido imposta na Europa
pelo Eixo Berlim-Bruxelas. Sendo o Partido Democrático que Renzi lidera o
herdeiro do PCI e do PSI e, portanto, nominalmente um partido de esquerda, esta
orientação do PD ajuda a compreender a derrocada generalizada dos partidos de
centro-esquerda ou de esquerda moderada na Europa (vide Reino Unido, Alemanha,
França, Grécia, Espanha).
No fim, os Italianos optaram por liquidar as reformas propostas (políticas),
as reformas implícitas (económicas) e o próprio mensageiro/proponente.
Arrivederci Signore Renzi!
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