05 dezembro, 2016

Arrivederci Signore Renzi



ARRIVEDERCI SIGNORE RENZI

 
Matteo Renzi olha para o relógio e descobre que o seu tempo acabou.
Pelo menos por agora…

in “CORRIERE DELLA SERA”, em http://www.corriere.it/index.shtml?refresh_ce


A tentativa de açambarcamento de poder por parte do Primeiro-Ministro (agora demissionário) de Itália, Matteo Renzi fracassou estrondosamente nas urnas. Os Italianos rejeitaram o oportunista e votaram por 59% contra 41% as propostas referendadas.

Depois de ter feito aprovar legislação eleitoral que garantia a maioria absoluta no parlamento ao partido que obtivesse 40% dos votos, Renzi tentou eviscerar o Senado: reduzindo drasticamente o número de senadores, retirando-lhe grande parte dos poderes e competências e substituindo o seu carácter electivo por um sistema de nomeação. Além disso, Renzi propunha-se retirar poderes e competências às regiões em favor do governo central.

 
O mapa da vitória arrasadora do “NO” em Itália.

in “CORRIERE DELLA SERA”, em http://www.corriere.it/index.shtml?refresh_ce

Resumindo, Renzi queria abarbatar poder esvaziando as instituições que se lhe poderiam opor: com maioria absoluta numa câmara baixa com poderes reforçados, com mais poder para o governo, com um senado faz-de-conta e com as regiões dotadas de poderes reduzidos, Renzi almejava ser uma espécie de caudilho romano.

Tudo em nome de reformas que assim poderia implementar a seu bel-prazer, é claro. Reformas essas que, independentemente do seu mérito ou da falta dele, reflectiam a linha liberalizante que tem sido imposta na Europa pelo Eixo Berlim-Bruxelas. Sendo o Partido Democrático que Renzi lidera o herdeiro do PCI e do PSI e, portanto, nominalmente um partido de esquerda, esta orientação do PD ajuda a compreender a derrocada generalizada dos partidos de centro-esquerda ou de esquerda moderada na Europa (vide Reino Unido, Alemanha, França, Grécia, Espanha).

No fim, os Italianos optaram por liquidar as reformas propostas (políticas), as reformas implícitas (económicas) e o próprio mensageiro/proponente.

Arrivederci Signore Renzi!

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